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26/08/2009 - 09:08

Crise econômica é destaque do debate de abertura do 2° Encontro Nacional de Siderurgia

O primeiro painel realizado no dia 25 de agosto (terça-feira), durante o 2° Encontro Nacional de Siderurgia, foi apresentado pelo consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Tandem Global Partners, Paulo Vieira da Cunha. Em seguida, foi realizado um debate com a presença de Antonio Palocci, deputado e ex-ministro da Fazenda, Delfim Neto, economista e ex-ministro da Fazenda e Jorge Gerdau, coordenador geral da Ação Empresarial. O debate foi mediado pelo jornalista Merval Pereira.

Paulo Vieira da Cunha fez um histórico da crise econômica que abateu o mundo todo em 2007 e ao longo de 2008. Na apresentação, o consultor se concentrou no cenário americano e mostrou como o governo dos Estados Unidos, em especial pela ação do FED, soube reagir a tempo e com as medidas necessárias para fazer com que os efeitos da crise não fossem tão drásticos. “A crise financeira acabou”, afirmou Cunha. “Embora os impactos ainda persistam”. Um deles é a taxa de desemprego nos EUA, que pode chegar a 10% da força de trabalho em 2010 sem perspectivas de recuperação rápida.

Em seguida, o consultor do FMI mostrou quais são os três possíveis cenários para a economia americana no pós-crise. O primeiro deles é o chamado “Perfil raiz quadrada”, caracterizado por uma redução do ritmo de crescimento do PIB, pelo aumento da poupança interna e pela perda do dinamismo do consumo. O segundo, apelidado de “Segundo estímulo”, pode acontecer caso o governo americano, insatisfeito com a lenta recuperação nos próximos meses, se precipite e faça uma nova política fiscal expansionista – o que aumentaria o endividamento, que já beira os 13% do PIB.

Por fim, o cenário 3, considerado por Cunha o “melhor” de todos, se caracteriza por um choque de política econômica que faria os níveis de investimento e de emprego crescerem. Nesse contexto, os Estados Unidos voltariam a ser um exportador líquido, atendendo a demanda dos “glutões do consumo”, Alemanha, China e Japão.

Paulo Vieira da Cunha colocou em discussão também o papel da China no pós-crise. Questionou a capacidade do país em substituir os EUA como o grande consumidor do mundo. Por fim, afirmou que o Brasil reagiu bem à crise com uma resposta rápida e bem colocada do Banco Central. E que o país deve despontar como um dos mais importantes entre os emergentes, ainda que com um crescimento que é metade do chinês e com velhos e conhecidos problemas como o investimento privado deprimido e o investimento público atrasado.

País maior, país melhor - Para o deputado Antonio Palocci, as questões sobre quem vai definir os rumos da economia mundial (China X EUA) não têm respostas ainda. “Uma coisa é certa: a recuperação será lenta e diferenciada entre países desenvolvidos e em desenvolvimento”. Sobre os emergentes, ele brincou dizendo que dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) restarão apenas o maior, China, e o melhor, Brasil. “O Brasil se mostrou capaz de lidar com a crise de forma inédita, sem aumentar juros nem impostos, como fez em outros momentos”, afirmou durante sua fala. “Além disso, somo melhores que China e Índia em termos de evolução institucional”. O ex-ministro da Fazenda citou alguns dos desafios para fazer com que o Brasil supere de vez a crise e cresça de forma sustentável, como a conquista de uma taxa de juros de padrão mundial e um gasto público que seja abaixo do PIB. “Não precisamos de um estado tão grande assim”.

Delfim Neto, economista e ex-ministro da Fazenda, disse que a ideia de que a China vai salvar o mundo é “fantástica”. Para ele, não haverá nada de novo na economia mundial: os Estados Unidos continuarão sendo a grande economia. “Os três grandes objetivos dos Estados Unidos são: ter autonomia alimentar, energética e militar. A energética eles perderam, mas já estão em busca dela outra vez”. Delfim acredita que tudo é oportunidade: seja a crise financeira, sejam as limitações naturais que começam a assombrar a população mundial. “Ninguém produz PIB sem produzir CO2. O desafio agora é como fazer um sem produzir tanto o outro”.

O ex-ministro elogiou a forma como o Brasil conseguiu atravessar a crise. Mas destacou duas medidas que precisam ser tomadas com urgência para crescer: reforçar drasticamente a demanda interna e condições isonômicas para a indústria nacional competir com igualdade. “Temos todas as oportunidades para crescer”.

Jorge Gerdau fechou o painel lembrando que, apesar de todo o otimismo, os desafios para o empresariado ainda são imensos. Sobretudo diante dessa indefinição de cenário econômico americano. “Os setores mais internacionalizados foram os que mais sofreram. Sendo o siderúrgico, um dos principais. Um dos maiores impactos sofridos pelo setor foi gerado pela crise na indústria automobilística, em especial a americana”.

Gerdau lembrou que a produção brasileira de aço chegou a 48,8 milhões de toneladas. E que a demanda interna é de 18,7 milhões de toneladas. A diferença mostra que Brasil tem grandes oportunidades para exportar mais – mas faltam melhores condições. “Daí a importância desse debate sobre a isonomia”, disse Gerdau. O empresário citou também todos os outros gargalos que ainda atravancam a produção e exportação dos manufaturados, como problemas de logística, legislação ambiental, questões trabalhistas e tributárias.

Ao final do painel, os participantes responderam as perguntas do público. Mais de 700 pessoas participam do 2° Encontro Nacional de Siderurgia.

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