Empresários do setor automotivo do Distrito Federal apóiam o uso obrigatório de airbags

Sincodiv/DF defende lei que torna obrigatório o uso do equipamento em todos os veículos fabricados no país. Porém, Ricardo Lima, presidente do Sindicato, alerta que medidas devem ser criadas para evitar o aumento no custo dos automóveis.

Brasília– O presidente Lula sancionou, em 19 de março deste ano, a inclusão de airbags como item obrigatório dos carros fabricados no Brasil. O projeto havia sido aprovado há um ano no Senado e, em fevereiro, na Câmara dos Deputados. Apesar disso, a nova lei será regulamentada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e começa a valer em cinco anos a partir da regulamentação. Pelo projeto, o equipamento deverá ser instalado nos dois bancos dianteiros (do condutor e do passageiro). A exigência não será aplicada aos veículos destinados à exportação.

A categoria dos concessionários de veículos defende a medida, mas admite que ela possa aumentar o custo dos carros. Para que isso não ocorra, os empresários que atuam no setor sugerem que o governo adote planos de isenções fiscais para minimizar o acréscimo de preço para o consumidor final. Atualmente, os airbags são importados e incidem sobre esse produto, além da taxa aduaneira, o Imposto sobre Propriedade Industrial (IPI). A bolsa de ar, por exemplo, é taxada em 18% de importação e 5% de IPI.

Segundo Ricardo Lima, presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do Distrito Federal (Sincodiv/DF ), a obrigatoriedade do airbag é benéfica, principalmente para a frota de veículos populares. “Se de um lado acarreta um custo adicional, do outro aumenta a segurança dos motoristas e motiva as empresas que produzem esses componentes a se instalarem no país”, afirma.

De acordo com pesquisa realizada pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi), com a possível adoção em larga escala dos airbags frontais em veículos de passeio no Brasil, se o equipamento fosse adotado em todos os automóveis e picapes, seriam poupadas 1,4% do total de 35 mil mortes anuais.

O consultor do Sincodiv/DF , Ericon Cintra, afirma que a instalação obrigatória do item irá causar um aumento da demanda pelo dispositivo, o que justificaria a nacionalização e o barateamento do produto. “Mas até lá, é preciso uma composição para que se chegue a um custo mais barato para o consumidor”, argumenta.

Cintra considera o airbag como item essencial para proteger o motorista na hora da colisão. “Justamente por isso, o uso obrigatório do equipamento beneficiaria a população. Porém, o que deve ser levado em conta é o custo que isso pode representar tanto para quem compra quanto para quem vende”, defende.

O equipamento será incorporado aos novos modelos de automóveis de forma progressiva. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) será o responsável por elaborar o cronograma de implantação gradativa. Após cinco anos após a definição das especificações técnicas por parte do Contran, a previsão é de que todos os carros zero quilômetro tenham instalados os itens de segurança.

Abismo social - A incidência de airbag nos carros populares é inferior a 5%. Entre os modelos médios, esse percentual aumenta para quase 40%, o que leva a seguinte argumentação: quanto mais caro o preço do veículo, mais itens de segurança ele tem, o que, de certa forma, cria um abismo social.

Com a aprovação de Projeto de Lei 1825/07, esse cenário muda, uma vez que grande parte da população terá o direito de usufruir desse importante equipamento de segurança. No continente europeu, a obrigatoriedade do uso do dispositivo já é realidade. Noventa e cinco por cento dos veículos são equipados com airbag. No Brasil, o índice de automóveis e comerciais leves não passa de 7%.

O presidente do Sincodiv/DF afirma que essa proposta veio em boa hora. “Chegamos a um nível de crescimento em que se torna fundamental o investimento em segurança. Vejo a proposta como algo positivo”, conclui Ricardo Lima.

Perfil do Sincodiv/DF O Sincodiv/DF é filiado à Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e conta com 47 associados. A entidade é responsável pela pesquisa mensal sobre os emplacamentos de veículos no DF. Entre as suas principais atribuições está a realização do Festival das Autorizadas do Distrito Federal (AutoFest), que ocorre duas vezes ao ano. O evento se configura hoje como o maior feirão de carros zero quilômetro do DF.