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Como a Economia Brasileira pode Caminhar para a Sustentabilidade?

Numa leitura panorâmica - retrospectiva e prospectiva - da economia brasileira qualquer um - de expert a leigo - percebe a presença de fatores intrigantes, pelo antagonismo ou polarização. O patrimônio natural do País é destaque, tanto pela dimensão como pela qualidade. São 8,5 milhões de km2 de área, com amplo solo fértil e sub-solo riquíssimo em minerais, clima e demais condições ecológicas invejáveis, muita água, florestas importantes etc...

O patrimônio humano, não só pelo contingente, mas pelas características de criatividade e facilidade de amistar é reconhecido no mundo. A origem européia em muitas regiões facilitou também o espírito empreendedor. Surgiram, então, muitas pequenas empresas, notadamente de caráter familiar. A atafona, o engenho de farinha, o alambique, o engenho de cana, a carpintaria, a marcenaria, a ferraria, a funilaria e outros empreendimentos deram início ao processo, facilitaram o consumo e aumentaram a renda familiar. Em meados do Século XX, com a Segunda Guerra Mundial, inicia-se o processo de industrialização mais amplo e intenso, gerando-se a expectativa de crescimento e desenvolvimento consistentes.

A realidade atual , no entanto, mostra algum descaminho ou perda de rota nos seguintes ítens: - Crescimento - Irrelevante. Média entre 2 e 3% no último decênio, com picos ocasionais. - Renda per capita - Apesar da supervalorização do Real, estamos com US$8.200 contraUS$38.600 dos americanos. - Nível de pobreza - Embora tenha ocorrido alguma melhora no grau de concentração. (Indice de Gini passando, de 2004 para 2005, de 0,547 para 0,544), ainda é grande a parcela da população situada abaixo da linha da pobreza. O rendimento médio mensal real de todos os trabalhadores caiu de R$950 em 1997 para R$770 em 2004, subindo para R$805 em 2005. - Dívida pública - Nesta o crescimento foi significativo Só a dívida interna do setor público federal passou de R$153 bilhões em 1994 para R$1,04 trilhão (51,5% do PIB)em 2006subimos para R$ atualmente, correspondendo a 51,5% do PIB. No corrente ano melhorou-se o perfil(composição), reduzindo a parcela indexada ao câmbio. Onera mas reduz a vulnerabilidade. - Globalização - Brasil: 57a. posição; Cingapura: 1a. - Liberalização econômica: Aumentou a partir de 1990. Hoje conta com índice de 3,08(81a.posição), contra 1,28(1a. posição) para Hong Kong. - Carga tributária - De 1988 até hoje subiu 90%(de 20% para 38%). Isto é, dos 12 meses que trabalhamos, 4,5 meses são para pagar tributos. - Nível de Investimento - O Brasil investe cerca de 21% do PIB, enquanto a China investe 45%, a Coréia mais de 30% e a Índia mais de 25%. - Produtividade - De 2003 para 2004 passou da 39a. para a 38a. posição, no conjunto dos 43 países, que representam 95% do PIB mundial. Tendo como referência(100) os EUA, excetuando-se os bancos, com 67%, os demais são baixíssimos: automotivo 29%; construção 28%; varejo 25%; agricultura 5%. A produtividade média do trabalhador brasileiro equivale a apenas 18% da produtividade americana e, na agropecuária, é de apenas 5%. Sendo a produtividade a expressão da capacidade de utilização dos recursos produtivos, é fácil avaliar quanto estamos perdendo. - Burocracia: Abrir uma empresa: 152 dias no Brasil e apenas 3 dias na Austrália. Fechar empresa: 4 anos e um ano, respectivamente. De 1988 a 2006 o Brasil editou 141.771 normas gerais(31,6 por dia útil: e 26.104 normas tributárias(5,82 por dia útil. É um verdadeiro emaranhado de leis e normas. - Corrupção - Na escala de 0(corrupção desenfreada) a 10(não corrupção), o Brasil tomou a nota 5,65 (23a.posição). A Suiça é o país mais transparente, com nota 7,81. Mas o pior é a corrupção não ser punida e o exemplo vir de cima. - Informalidade - É significativa. Embora indesejável e indefensável, às vezes é praticada pela pequena empresa como meio de sobrevivência. - Competitividade - Associados esses fatores, não é difícil entender por que temos tão baixa competitividade e porque tivemos dificuldade de conviver com a globalização, principalmente quando comparado com alguns países asiáticos, especialmente a China, amplamente desonerada, com baixa remuneração dos fatores e moeda desvalorizada.De 2005 para 2006, adequada a metodologia de cálculo, o Brasil caiu da 55a. para a 66a. posição, sendo a Suíça a 1a. colocada, superando os EUA, que passaram da 1a. para a 6a. posição. - Índice de felicidade(HPI-Happy Planet Index)): Com 48,6 pontos, o Brasil ocupa a 63a.posição, contra 68,2(1a. posição) Vanuatu(grupo de ilhas do Pacífico). Com 16,6 pontos, o Zimbabue foi o último do ranking. O índice é produto da expectativa de vida pelo nível de satisfação com a vida. - Índice de Bem-estar Social - Melhorou 5,9% em 2004 e 7,6% em 2005. A exemplo do mundo, melhoramos alguns fatores, especialmente exportação, inflação e risco país. Isto é bom. Mas insuficiente.

Diante da ausência de catástrofes ou fatos descontinuidade histórica e da favorabilidade do ciclo, confrontado o potencial do País com a realidade atual, e associados os fatores antes citados, somos naturalmente encaminhados ao questionamento:

Por que isto aconteceu? Seria determinismo? Poderia ter acontecido pior? Ou melhor ? Qual foi a participação das instituições ao longo da história? E das instituições a que pertenço? A sociedade é ativa, neutra ou passiva, conformada? E eu? A situação é irreversível ? O que é preciso fazer para mudar ?

Que bom seria se fosse fácil de resolver. Mas é necessário que além da corrida contra o tempo, o Brasil habitue-se a recorrer à estratégia, em que a inovação criativa de valor na gestão pública e empresarial é fundamental. Faz-se necessária a presença da geopolítica e da geo-estratégia, antes que se esgotem os recursos não renováveis sem beneficiar a sociedade. Não basta ser eficiente. O governo, as instituições, as empresas e as pessoas precisam ser eficazes e pró-ativos. Competir com países como a China, por exemplo, com baixíssima carga tributária, baixa taxa de juros, baixos encargos sociais, salários irrelevantes e moeda superdesvalorizada, é uma ameaça e um desafio aos agentes do desenvolvimento. Esses precisarão liderar no desequilíbrio, transformando as ameaças em oportunidades.Ir além das fronteiras ou limitações atuais. O primeiro passo é tomar consciência da realidade. Depois, predispor-se a agir. Feito isso, buscar as estratégias adequadas. Isto é, o que fazer. Aí, pensar no " como fazer"(táticas), reunir forças e converter essas intenções em prática efetiva(operacionalização).

Evidentemente essas ações irão direcionar-se a focos adequados, setorial e geograficamente. Por exemplo, o que o parque têxtil ou o parque coureiro-calçadista ou de brinquedos precisará fazer para sobrevier, evoluir e perpetuar-se? O desafio estimula a criatividade. É preciso transpor a fronteira. Apenas diferenciar-se não basta. É preciso criar valor significativo diferenciado. E isto não é um ponto de chegadam, e sim uma caminhada que começa com um passo: conscientizar-se de que é possível mais. Aí, então, predispor-se a querer mais. Isto ainda não basta: é preciso cair em campo, se possível com forças unidas e com o propósito básico de querer ampliar, com sustentabilidade, a felicidade da sociedade. Juntamente com as empresas, o governo e as demais instituições que têm um papel fundamental na realização desse sonho. É preciso antes de tudo acreditar no crescimento do país.

• Por: Humberto DalsassoEconomista, Consultor Empresarial de alta gestão, sócio da Consultheg-Consultoria Empresarial S/C Ltda. Fonte: Cofecon

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