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28/08/2009 - 09:42

Sobre rodovias e ferrovias


Tanto defensores da rodovia quanto da ferrovia devem se conscientizar a respeito da importância da distribuição de mercadorias, em um país das nossas dimensões.

Há tempos o País vem travando uma luta desnecessária, onde de um lado está a rodovia e do outro a ferrovia. Quem perde com isso são ambos os lados, e, em especial, a sociedade brasileira.

A ferrovia no Brasil teve início em 1854 e prosperou até o final da década de 40 do século XX, quando atingiu o seu ápice em tamanho, - 36 mil km. A partir daí, decresceu, tendo hoje apenas 29 mil km.

É possível conjeturar que sua decadência deveu-se à chegada da indústria automobilística, na década de 50 do século passado. Mas não pretendo responsabilizar a indústria automobilística pela decadência da ferrovia. Esta merece todos os elogios. Se tivesse que escolher apenas um modo de transporte entre todos, seria o rodoviário, sem qualquer dúvida, sobretudo, por ele ser o único veículo capaz de fazer transporte ponto a ponto, permitindo a distribuição de mercadorias e levando-as à população em quase todos os lugares.

Como consultor da Aduaneiras, pude antever o crescimento que aconteceria se fosse dada mais atenção à ferrovia e se ela fosse utilizada nas longas distâncias. Essa mudança na matriz de transporte, com transferência de cargas do modo rodoviário para o ferroviário, significaria, de imediato, uma redução nos custos de transporte, implicando em mercadorias a preços menores nas prateleiras do varejo e, consequentemente, mais consumo. Sendo assim, devemos lamentar que o Estado tenha relegado a ferrovia a essa situação, imaginando-a descartável.

Mas nem tudo está perdido, uma vez que o Estado foi obrigado a privatizar suas operações. Hoje, a ferrovia está renascendo, tendo passado de 18% para 26% da carga.

É necessário que tanto os defensores da rodovia quanto os da ferrovia se conscientizem da importância da distribuição de mercadorias, em um País como o Brasil.

Uma união entre as duas modalidades traria melhorias e crescimento para ambas. Se houver uma divisão coerente da carga, com cada um fazendo aquilo em que é melhor, ambos ganharão. Utilizar as competências adequadas de cada modo de transporte significa dividir a carga de modo que ambos e, consequentemente, a sociedade, possam tirar o melhor proveito.

Pela lógica, cabe à ferrovia transportar a carga para grandes distâncias, reduzindo, assim, o custo final, e à rodovia transportar a carga entre distâncias menores, num limite com um máximo de 400/500 quilômetros.

Sendo assim, é fácil prever que, se o transportador rodoviário realizar apenas transportes de curta distância, maior será sua receita relativa, cobrindo melhor seu custo. O ideal seria a perda de cerca de 25/30 pontos percentuais, ou metade de sua carga, ficando com apenas cerca de 30% do volume a ser transportado, a de ligação com outros modos de distribuição.

Com o transporte ferroviário realizando a transferência de carga em grandes distâncias, com preços mais baixos de fretes e mercadorias, haveria o aumento da atividade econômica, que seria alavancada.

Não é difícil perceber que os transportes rodoviário e ferroviário não são, em qualquer hipótese, antagônicos, mas complementares. Dessa forma, os dois juntos podem representar uma poderosíssima arma de logística, a serviço da economia nacional.

. Por: Samir Keedi, economista e professor da Aduaneiras em assuntos sobre Comércio Exterior.

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