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05/09/2009 - 08:55

Bullying: violência que produz efeitos além do plano físico

No mês de agosto do ano em curso, participei de um seminário realizado por alunos da 8ª série do ensino fundamental do SESI, no município de Cariacica/ES, cujo tema central era educação. Sob orientação e supervisão do professor Rodrigo (...), apresentaram em uma das abordagens, informações importantes sobre a violência praticada mundialmente denominada de Bullying.

Assim, oportuno abordar esse fenômeno social com maior profundidade. O bullying ou violência escolar é um termo criado na década de 80 na Noruega, sendo de origem inglesa. A palavra comporta o significado de “valentão”, e é usada para descrever atos de violência física e/ou psicológica, intencionais, repetidos e praticados por um ou mais indivíduos.

Nos paises europeus, em que predomina a língua inglesa, o bullying é frequentemente usado para descrever uma forma de assédio interpretado por uma pessoa que está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre outra pessoa ou em um grupo mais fraco. O cientista sueco - Dan Olweus trabalhou por muito tempo em Bergen, na Noruega, e definiu o bullying em três formas essenciais: o comportamento é agressivo e negativo; é executado repetidamente e ocorre nos relacionamentos onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

Essa violência, às vezes inicia-se de forma mascarada, apresenta-se com grande incidência nos ambientes escolares, através de atitudes agressivas de um ou mais estudantes (autores), sem qualquer motivo aparente, contra uma pessoa ou grupo de pessoas (vitimas) incapazes de se defender e sobre o qual exercem algum tipo de poder ou de intimidação.

Segundo Maria Irene Maluf, especialista em psicopedagogia e em educação especial: “A situação é alarmante: hoje, uma das mais constantes queixas que se encontra nas escolas, de todos os níveis sociais e econômicos é a dificuldade de se lidar com esse potencial instintivo que parece ter renascido com toda força no final do século XX. [...], envolve uma forma de afirmação de poder através de atitudes onde a agressividade intencional, repetitiva, ultrapassa a brincadeira entre iguais”.

Em 2007, no seminário realizado pelo Conselho Municipal de Educação de Cariacica/ES, versando sobre o tema Violência e Juventude. Nesse evento, a professora da UFES, Luiza Mitiko Yushiguro Camacho, apresentou resultado de uma pesquisa entre uma escola pública e outra privada, tendo como público alvo, alunos de 6ª a 8ª séries e pertenciam à classe média da sociedade capixaba. O objetivo era observar comportamentos comparativos acerca da violência praticada entre os jovens das duas instituições de ensino. Assim, de forma abreviada, apresentam-se algumas variantes da pesquisa:

Na escola particular, observou-se uma violência praticada por grupos de alunos, mas onde prepondera a violência verbal, ou seja, uma violência disfarçada. E ocorre no espaço interno da escola, constatando-se flagrante discriminação contra os feios, gordos, moradores de bairros pobres ou distantes da escola, contra alunos inteligentes e de melhor aparência física ou condição financeira. Na escola pública, a violência é praticada por grupos de alunos diferentes, que se destoam totalmente dos demais alunos (mais obesos, mais fortes, mais bagunceiros, maiores e mais velhos), contra menores, impotentes e mais fracos. Nesse ambiente, prepondera a agressão física. Ela ocorre de forma explícita, visível e em todo o espaço físico da escola, como também em seu entorno.

Nota-se que, do resultado apresentado pela pesquisa, embora a professora não tenha utilizado o termo bullying, os comportamentos apresentados pelos alunos, em ambas as instituições de ensino, configuram-se em atos que se amolda a essa forma de violência que cresce vertiginosamente entre a juventude estudantil.

Recentemente, foi noticiado pelo programa Profissão Repórter, da Rede Globo, o caso de um jovem de 16 anos, que durante anos vinha sofrendo com o assédio de alunos na escola em que estudava. Não suportando tamanha humilhação e angustia, decidiu por fim ao seu sofrimento - suicidou-se. Encerrando de forma trágica o percurso de uma vida.

Ressalta-se que, nossas crianças vêm aprendendo a ser agressivas cada vez mais precocemente. A psicopedagoga Maria Irene acrescenta que “Muitos estudos têm mostrado que é necessária uma interação complexa de fatores que elevam o risco do aparecimento de condutas violentas nas crianças e jovens, para que o bullying apareça: ter vivido cenas violentas ou sofrido violências, abuso sexual, físico, excessiva exposição à violência através de jogos, televisão, uso de drogas, fatores socioeconômicos prejudicados, família desestruturada, problemas psiquiátricos, entre outros”.

Conclui-se que, a violência já era praticada na era primitiva, se fez presente e atuante no passado, ocorre em todo lugar da sociedade moderna, possui autores e vítimas em todas as idades e, atinge, não somente os jovens em seu ambiente escolar, mas, também, nos clubes, local de estágio e trabalho. Enfim, afeta física e psicologicamente uma grande parcela de pessoas da sociedade.

. Por: Eduardo Veronese da Silva | Licenciatura em Educação Física – UFES. | Bacharel em Direito – FABAVI/ES. Mentor e Facilitador do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD.| Subtenente da PMES.| Contato: (27) 9863.9443 - E-mail: [email protected]

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