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Alçando vôo na Economia Brasileira

Em 23 de outubro de 2006, se comemora o centenário do vôo do primeiro aparelho mais pesado que o ar - o 14 - Bis, conduzido por seu inventor o brasileiro Alberto Santos Dumont. Foi realizado no Campo Bagatelle, em Paris (França), com a presença de milhares de espectadores, imprensa e até filmado. Já o vôo do aparelho projetado pelos irmãos Wright, ocorreu segundo informação dos próprios inventores no dia 17/12/1903, em Kitty Hawk, Ohio (EUA). Para que o aparelho dos Irmãos Wright pudesse voar o mesmo foi lançado sobre trilhos por uma catapulta, pois não possuía rodas, e precisava também de bons ventos. Já o 14 Bis por ter rodas, o fez por si próprio.

O texto que se segue não se trata de um relato daqueles acontecimentos, mas sobre a economia brasileira.

É mais do que sabido que o governo atual, nada mais fez do que apenas administrar o legado recebido do governo anterior. Na área social, o tão enaltecido programa Bolsa-Família, nada mais é que a soma de programas que existiam. Mede-se apenas o número de beneficiários incluídos, e não as quantidades dos que saem por terem adquirido sustento próprio. Não se pede nenhuma contrapartida do recebedor do benefício, como a manutenção dos filhos em escola, por exemplo.

Se estes quatro anos do atual governo foram uma cópia do anterior, também se encaminha para os mesmos erros. O país estava pronto para crescer. A crise cambial de janeiro de 1999 havia sido superada com louvor, os fundamentos da economia permitiam pensar que haveria crescimento, os empregos estavam sendo criados. Não no número necessário, eis que está aí o programa Bolsa-família para corroborar a afirmação.

Volta de novo a assombrar o país o espectro de 2001, a crise de energia. Em fevereiro deste ano o Conselho Brasileiro de Infra-Estrutura e Energia (CBIE) alertou para essa possibilidade, que o Brasil estaria sujeito a um novo racionamento de energia. Poderá vir em 2009, dependendo do crescimento da economia.

Por mais paradoxal que seja, graças aos baixos crescimentos, o racionamento foi adiado para daqui a três anos. Pois se crescesse em torno de 5%, o apagão viria bem antes. O primeiro sinal de alerta foi dado neste mês de outubro com a falta de gás natural, impedindo a entrada em funcionamento de seis usinas térmicas. A necessidade foi suprida pelas hidrelétricas, gerando energia acima do recomendável. Os reservatórios estão em média pela metade, pois ainda não choveu o suficiente para assegurar tranqüilidade.

A oferta de gás depende da importação da Bolívia, sabidamente um país politicamente instável. A auto suficiência nessa energia só acontecerá pela extração nas bacias do litoral brasileiro a partir de 2010, o que desmente o que foi até agora divulgado.

Seja por estarmos ainda dentro do período eleitoral, ou para não gerar pessimismo no mercado o assunto está sendo tratado a portas fechadas. Soma-se aos problemas na área de energia, que todo o sistema usado para o transporte não é confiável, tanto que a solução apresentada para estradas foi a operação tapa-buraco.

Entretanto, pensa o governo para 2007 induzir o consumo interno para fazer o país crescer. Não bastasse as facilidades criadas pelo financiamento via desconto em folha de pagamento, o chamado crédito consignado, pretende-se facilitar o crediário. Ou seja, acrescentar-se-ia o endividamento via crediário aos feitos nas instituições financeiras. Aumenta-se assim o número de endividados.

Alega-se para essa ação que o Comércio cresceu 6,27% em 12 meses fechados em agosto. Mas, existe uma diferença de 3% entre o crescimento das vendas do Comércio e o da Indústria. Como não foi a Indústria brasileira que supriu esse espaço, significa que foi preenchido por importações. É o Brasil garantindo empregos nas indústrias de outros países.

Achar que basta estimular o crediário para que se dê inicio ao desenvolvimento brasileiro é um argumento sem muita sustentação. Para uma demanda maior na indústria não há garantia no fornecimento de energia.

Continuo acreditando no crescimento da economia brasileira, mas não da forma como pretendem induzir. Querer catapultar a economia nos trilhos do crediário acreditando que tenha um vôo permanente, será criar um vôo de galinha. Acredito mais no exemplo do 14-Bis que alcançou os ares, por dispor de boa infra-estrutura, e um comando que sabia o que estava fazendo.

• Por : Décio Pizzato - Economista, articulista do Jornal do Comércio (Porto Alegre) desde 1995. Faz palestras sobre economia contemporânea para cursos de graduação e pós-graduação (RS). Atua como consultor de cenários de econômia contemporânea brasileira. Fonte: Cofecon

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