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15/09/2009 - 09:53

Os novos velhos

Esqueça o “vovozinho” de pijama, alquebrado, usando um velho terno surrado ou calçando um chinelinho carcomido, ouvindo marchinhas carnavalescas em alto volume, tossindo, pigarreando, maldizendo a modernidade, achando que no seu tempo é que era bom. Velhinhos assim ainda existem. Mas cada vez mais em menor número – e os que aí estão já passaram dos 80.

E como seria o novo homem que tem muita idade? A palavra “velho” deveria ser abolida, ao se referir a uma pessoa idosa. Em tempos de politicamente correto, a citação caberia até a busca por uma indenização a quem fosse assim denominado. Por quê não?!

Imaginemos ser possível designá-los como pessoas com um certo acúmulo de anos de experiência. Este novo ser, que já passou dos 60 anos, hoje segue tendências de moda, está conectado ao novo mundo através da internet, tem ainda muita saúde e capacidade produtiva. Também ainda está apto a viver prazerosamente, curtir novas relações, fazer sexo, ter um hobby, enfrentar desafios e poder viver com alegria esta nova etapa da vida, digamos, uma fase “descompromissada com o futuro no longo prazo”. Em outras palavras, seria uma fase na qual o objetivo se centraria no bem viver e curtir as alegrias momentâneas da vida.

Este homem era adolescente quando surgiram os Beatles. Achou Elvis Presley antigo. Curtiu as músicas de Woodstock. Também viu as mulheres se tornarem cada vez mais independentes e predadoras. Acompanhou um a um dos preconceitos serem derrubados, como raça, cor, preferências sexuais, comportamentos e posturas reacionárias serem esquecidas. Assistiu o homem chegar à Lua. Percebeu seus filhos e filhas crescerem e serem muito mais livres do que sua geração. Testemunhou o fim da ditadura. Votou em eleições livres e, quase sempre, se arrependeu pela escolha. Em sua grande maioria, este homem graduou-se, trabalhou muito, foi responsável, ético, honesto, econômico, amigo, companheiro, e acreditou que em algum momento da sua vida seria livre e que o futuro seria melhor.

Ledo engano! Este homem vê a cada dia sua aposentadoria minguar, as oportunidades profissionais se acabarem, e sua família se tornar mais dependente financeiramente do seu reduzido provento em razão das sucessivas crises econômicas, para desespero, inclusive, dos seus mais jovens.

No momento, este homem precisa viver uma nova grande batalha: exigir dignidade, cobrar a responsabilidade do governo para com a sua pessoa, resgatar ante as autoridades os termos da aposentadoria pactuada no passado – pois pagou mais e está recebendo muito menos. Enfim, tem de brigar muito, e muito, pelo seu direito de ser humano digno que já cumpriu com as suas obrigações. Notório se faz despertar nos dirigentes do País a preocupação com quem já fez a sua parte e que muito contribuiu para a construção da Nação.

. Por: Nicolau Amaral, empresário da área de Comunicação.

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