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24/09/2009 - 10:28

Indústria do aço avalia manifestação governamental

Tem-se observado com grande frequência, nos últimos dias, manifestações relativas a possíveis aumentos de preços de aço provenientes tanto de empresas consumidoras como de denominadas “fontes do mercado”.

Na seqüência dessas manifestações registram-se pronunciamentos de importantes autoridades governamentais como o Ministro da Fazenda e o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com ameaças de adoção de medidas governamentais destinadas a impedir possíveis ajustes nos preços internos do aço através da completa abertura do nosso mercado a concorrentes do exterior.

Não foi registrada, em nenhum momento, qualquer proposta de um diálogo estruturado e aberto entre o Governo e as partes interessadas buscando identificar alternativas que atendam às necessidades dos setores envolvidos sem prejuízo da retomada do nível de atividades da nossa economia, associada à maior geração de emprego e atividade econômica no país. Como se sabe, o mercado internacional de aço apresenta, no momento, elevado excedente de oferta e ampla difusão de práticas de comércio desleal que tem levado grande número de países a adotar medidas de defesa de seus mercados domésticos para a proteção de sua indústria, seguindo, assim, direção oposta àquela sugerida pelas autoridades brasileiras.

As empresas produtoras de aço situam-se entre as mais fortemente afetadas pela crise econômica e vêm desenvolvendo intensos esforços para superação de suas dificuldades através de medidas que possibilitem a retomada de suas atividades de forma inteiramente compatível com as demandas do mercado e seus compromissos econômicos e sociais.

Temos plena convicção de que as políticas e estratégias que vem sendo adotadas pelas empresas mostram-se inteiramente consistentes com as necessidades de suas cadeias produtivas, e do próprio país, não se justificando desse modo ameaças de medidas incompatíveis com o artificialismo e as incertezas que ora prevalecem no cenário siderúrgico mundial. Preocupam, também, referências inadequadas quanto ao ambiente de competição que prevalece neste setor.

Apurados os resultados dos primeiros sete meses deste ano, a siderurgia brasileira apresenta um quadro de gradual recuperação. Apesar disso, os resultados econômico-financeiros consolidados do primeiro semestre mostram, ainda, queda de 30,5% na receita líquida de vendas e serviços e de 53,8% nos resultados líquidos do período, em comparação com o ano anterior. Registre-se, a propósito, que a maioria das empresas siderúrgicas são sociedades de capital aberto, com dados publicados regularmente e resultados conhecidos, situação oposta a de alguns grandes setores consumidores de aço compostos quase integralmente por empresas de capital fechado, sem obrigação de divulgação de resultados.

A produção de aço bruto vem crescendo gradualmente, embora no acumulado de janeiro a agosto esteja ainda 34% inferior a igual período de 2008. Também as exportações vêm crescendo, tendo registrado, nos últimos três meses, volumes 82% superiores aos do primeiro trimestre do ano, possibilitando a nossa siderurgia a retomada de posição de destaque dentre os grandes setores geradores de saldo comercial para o país. As importações mantêm-se praticamente inalteradas, a despeito da queda de 34% no consumo interno, assumindo desse modo participação crescente no mercado doméstico.

O mercado interno encontra-se plenamente abastecido, em condições competitivas, tendo as empresas capacidade para acompanhar seu crescimento. Um dos principais problemas do setor continua sendo a melhor utilização da capacidade de produção de aço disponível que, neste ano, supera em cerca de 100% a demanda interna do país.

A siderurgia brasileira opera em mercado amplamente competitivo e tem plena consciência de suas responsabilidades no processo de desenvolvimento nacional. As políticas de preços adotadas presentemente pelas empresas mostram-se inteiramente adequadas às condições dos respectivos produtos/mercados e à necessária busca de resultados mínimos compatíveis com seu desenvolvimento, apesar de frequentes notícias na imprensa com declarações e comentários em contrário. Registra-se, como exemplo, o fato de não ter havido qualquer reajuste aplicado às empresas do setor automotivo.

Antes da crise, nossa siderurgia operava quase a plena capacidade e desenvolvia ambiciosos programas de investimento que deveriam elevar sua capacidade produtiva dos atuais 41 milhões para mais de 70 milhões de toneladas de aço bruto em 2015/2016. Isto possibilitaria a esta indústria atender integralmente ao crescimento da demanda interna e manter, ao mesmo tempo, forte posição exportadora.

A emergência da crise e seu elevado impacto neste setor exigiu das empresas fortes ajustes para adequar-se ao novo cenário, o que implicou no adiamento da maioria daqueles projetos. Ao que se sabe, no entanto, grande parte deles poderá ser retomada no próximos anos dependendo das condições de recuperação do mercado. Para isso, no entanto, é indispensável que as empresas disponham de condições favoráveis para a sustentação de uma posição econômico-financeira saudável diante dos elevados investimentos requeridos para aqueles projetos.

A exposição desta indústria a uma condição de competição predatória, como a que se observa presentemente no mercado internacional de aço, constitui medida totalmente contrária aos interesses do desenvolvimento do país. As posições que vêm sendo defendidas pelo Governo para a valorização da indústria nacional nos projetos relacionados à indústria do petróleo, em particular do pré-sal, deveriam ser igualmente consideradas quando se trata do desenvolvimento da produção de aço para valorização do nosso minério de ferro.

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