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24/09/2009 - 11:34

Calçados bons para os pés desde os primeiros passos

A aplicação de novas tecnologias na fabricação de calçados certamente tem beneficiado os pés tanto de crianças quanto de adultos. Antigamente, os sapatos eram de couro e a preferência recaía sobre os solados mais duros, porque eram mais resistentes e, portanto, duráveis. As pessoas muitas vezes escolhiam os modelos mais fortes em detrimento da saúde dos pés e do conforto. Depois da Segunda Guerra Mundial, quando houve a ampliação do uso da borracha e do polipropileno, os sapatos passaram por uma revolução permanente. Com os novos materiais, a indústria desenvolveu modelos mais adequados para cada tipo de pé e também para os diversos usos, como os diferentes esportes. A durabilidade continua em alta, só que existe a preferência pelo o que é confortável, por isso a escolha por calçados mais leves, flexíveis e sem costuras internas.

Nas últimas décadas, o mercado de calçados infantis contou com modelos fabricados dentro de diferentes conceitos. A febre do uso de calçados chamados ortopédicos deu lugar aos anatômicos e, recentemente, surgiram os fisiológicos, que ainda são novidade. Percebo que, de uns tempos para cá, os pais parecem estar mais preocupados com a saúde de seus filhos e, claro, com os pés. Antes de adquirir um sapato é importante saber um pouco mais, porque o tipo de calçado que usamos influencia tanto no funcionamento quanto no formato de nossos pés.

Dr. Fabio Ravaglia - Gostaria de falar sobre conceitos e tecnologias aplicados a cada tipo de calçado, mostrando diferenças básicas, em relação direta com a ortopedia, que é a minha especialidade. A intenção é ajudar os pais a decidirem o que é mais adequado para suas crianças. Aconselho que, se detectado qualquer problema nos pés da criança ou mesmo em caso de dúvida, consulte um ortopedista. Somente um médico pode dizer qual é a terapia para cada caso.

O calçado fisiológico tem o solado curvo e não plano. Com ele, a marcha é instável e não estável, por isso, os músculos são ativados e não atrofiados. Também tem efeito positivo na postura do corpo em geral. Os modelos fisiológicos costumam respeitar as normas e regras do funcionamento dos pés, uma estrutura complexa que sustenta o corpo e que é fundamental para a mobilidade do ser humano. O calçado fisiológico é aquele que não interfere no desenvolvimento natural dos pés, proporciona o contato com estímulos externos da natureza e provoca a sensação de andar descalço, além de oferecer proteção. Bastante conhecido na Europa, começa a ser fabricado no Brasil, principalmente em modelos para crianças. O calçado fisiológico é produzido com novos materiais como plásticos especiais, silicones e tecidos tecnológicos, que os fazem confortáveis e macios. Há modelos para crianças de mais de quatro anos, por exemplo, com sistema de absorção de impacto, transpiração e distribuição da pressão nos pontos de apoio do pé ou, ainda, com palmilha com tratamento antimicróbios.

O calçado anatômico é aquele que tem uma elevação na região do arco do pé. Esta elevação estática, que segue a própria anatomia do pé, tem o objetivo de melhorar a postura do pé. É um tipo de calçado, porém, que não leva em consideração os aspectos posturais globais do corpo e, também, não oferece estímulo à musculatura da perna.

O calçado ortopédico pode ser indicado em casos de deformações graves nos pés. Trata-se de um sapato rígido, feito sob medida de acordo com a receita e é o médico quem especifica as partes que devem ser reforçadas em couro ou metal para correção de anomalias e defeitos na anatomia. Portanto, não é indicado para qualquer pessoa porque pode causar a atrofia do pé e de parte dele, além de não melhorar os aspectos posturais. Tem também um efeito psicológico negativo acumulado no decorrer dos anos, que o profissional inclusive deve considerar na hora de receitá-lo. Ressalto que as botas ortopédicas não corrigem o pé plano, popularmente conhecido como pé chato; ao contrário, levam-no à atrofia.

Infância passo a passo - Na fase dos primeiros passos, é preciso ter muito cuidado na hora de escolher o calçado para o bebê. O importante é deixar os pés bem livres, de modo a permitir seu desenvolvimento natural. Este é um momento no qual o metabolismo do ser humano está extremamente ativo e voltado ao crescimento. Outro ponto a ser considerado é o solado antiderrapante para evitar escorregões, porque já basta ao bebê a sua falta de equilíbrio, própria deste período de desenvolvimento. Nesta fase, as meias antiderrapantes são indicadas, por serem suficientes para manter os pés protegidos, principalmente do frio. A estrutura dos pés dos bebês, normalmente sem arcos, é muito frágil; apenas pequenas partes do esqueleto do pé e do tornozelo possuem ossos, ou seja, a maior parte é formada por cartilagens e os ligamentos são elásticos. Essa delicadeza requer cuidado quanto ao uso de sapatos pouco flexíveis e macios.

O sapato começa a ganhar o status de fundamental na vida da criança no primeiro ano de vida, momento a partir do qual a troca deve ser realizada com frequência, antes de ultrapassar três meses. Nessa fase, o ideal é optar por sapatos de couro ou tecido macio, que deixem os pés ventilados e que mesmo amplos – para permitir os movimentos dos pés –, não saiam com facilidade. Os pais devem valorizar um solado que não derrape, pois até os dois anos os tendões são muito flexíveis e a musculatura não está firme. A partir dos dois anos, o arco do pé começa a aparecer. Nesta fase, as crianças começam a caminhar com mais intensidade e o calçado precisa também oferecer segurança e estabilidade.

Dos quatro aos sete anos, a opinião das crianças começa a contar. É nesse momento que os pais devem ser firmes e procurar combinar beleza e saúde na hora de escolher um modelo. Mais uma vez, priorize aqueles fabricados com materiais flexíveis e com espaço suficiente para acomodar os pés sem limitar os movimentos. A numeração deve ser adequada! Usar um sapato apertado ou largo demais prejudica o crescimento do pé, pode causar problemas de postura e comprometer a coluna. Sabemos que os pés das crianças crescem rápido e que muitos pais optam por comprar números maiores para aumentar a vida útil do calçado. Esse é o tipo de economia que deve ser evitada! O ideal é comprar, no máximo, dois pares de qualidade e de tamanho adequados. No caso das meninas – cujos pés crescem mais rápido do que o dos meninos –, muita atenção para os modelos com saltinhos, que são totalmente inadequados na fase de crescimento e para o estilo de vida infantil, já que as crianças correm e pulam o tempo todo. Não aconselho saltos altos para crianças, muito menos sandálias, porque o risco de sofrerem torções ou fraturas é muito grande.

A anatomia do pé reúne um conjunto de ossos, juntas, articulações, ligamentos, músculos e tendões, que permite uma enorme série de movimentos. O uso de calçado inadequado pode causar deformação. Originalmente, o pé humano se desenvolveu para andar descalço. Mas é claro que há séculos, por segurança e higiene, este hábito foi abandonado. Escolha o que for melhor para o desenvolvimento saudável dos pés. O bom calçado é aquele que proporciona a sensação mais próxima de estar descalço. Também recomendo que deixem as crianças um pouco descalças na grama ou na praia para exercitarem seus pezinhos. Para isso, observe se o chão está livre de objetos que possam oferecer algum perigo. A biomecânica dos pés foi criada para ser usada, por isso, os modernos sapatos com conceito fisiológico estão cada vez mais presentes no mercado Europeu, inclusive para adultos.

. Por: Dr. Fabio Ravaglia - O dr. Ravaglia é médico ortopedista graduado pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) com residência médica no Hospital do Servidor Público Estadual, especialização em coluna vertebral Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho (Santa Casa de Misericórdia de São Paulo) e mestre em cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Foi o primeiro brasileiro aceito pelo programa do Royal College of Surgeons of England, onde se especializou em ortopedia reumatológica (próteses e revisão de próteses articulares, artroscopia de várias articulações, tratamento de dor na coluna e traumatologia). Durante quatro anos atuou como cirurgião ortopédico em hospitais ligados à Universidade de Bristol, na Inglaterra, país reconhecido pelo pioneirismo no desenvolvimento de próteses e de técnicas de ortopedia reumatológica. Na Alemanha, dr. Ravaglia fez especialização nas mais avançadas técnicas para cirurgias de coluna minimamente invasivas, realizadas com um aparelho do tamanho de uma caneta e com anestesia local. A técnica é utilizada para cirurgias de hérnia de disco.

Em 1994, o ortopedista voltou ao Brasil e passou a atuar com um avançado tratamento cirúrgico para problemas das articulações — a artroscopia, técnica cirúrgica que minimiza as desvantagens da cirurgia e reduz as dores provocadas pela artrose, artrite, traumatologia e hérnia de disco. O médico é pioneiro em cirurgias de mínima invasão na coluna vertebral e foi o primeiro a realizar o processo de descompressão percutânea da coluna vertebral. Presidente do Instituto Ortopedia & Saúde, organização não-governamental que tem a missão de difundir informações sobre saúde e prevenção, o dr. Ravaglia é também membro do corpo clínico externo dos hospitais Albert Einstein, Oswaldo Cruz e Santa Catarina; diretor-presidente da Arthros Clínica Ortopédica e membro titular da Academia de Medicina de São Paulo (cadeira 118, patrono Ernesto de Souza Campos). Sites: [www.ortopediaesaude.org.br | www.osso.org.br]

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