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29/09/2009 - 11:59

Pesquisadora da Columbia University avalia custos e benefícios do hidrogênio na revolução para a energia limpa

A professora Ana Carolina Cabral-Murphy, pesquisadora da Columbia University (Nova York -EUA), realizou estudo que demonstra os custos e benefícios do uso do hidrogênio como alternativa de energia limpa. Várias empresas de grande porte em países industrializados estão preocupadas com seus impactos ambientais e suas emissões de carbono (“carbon footprint”). Segundo Ana Carolina Cabral- Murphy, tanto a Comissão Européia quanto os governos locais já estão desenvolvendo parcerias com a iniciativa privada por meio de abatimentos fiscais para ampliar os investimentos em projetos industriais de conversão e aproveitamento do hidrogênio.

A empresa Air Liquide apresentou, por exemplo, planos para construir 16 novas grandes unidades de produção de hidrogênio ao longo de seis anos em diversas partes do mundo. E mais recentemente a empresa abriu nova unidade de produção já em operação na Itália. A empresa investiu cerca de 45 milhões de euros em uma parceria com duas refinarias da ExxonMobil (Esso italiana) onde o hidrogênio será utilizado no hydroconversion vegetal para reduzir a quantidade de enxofre na gasolina e diesel.

Com uma capacidade de 30.000 Nm3/hr, a nova linha tem capacidade de produção equivalente a produzir mais de 220 milhões de m3 de hidrogênio puro por ano. Ana Carolina Cabral-Murphy observa que se levar em consideração como base comparativa o ano de 2006, o hidrogênio distribuído pela empresa para uso em processos de dessulfuração de combustível para produzir gasolina e diesel com menor teor de óxido de enxofre (SOx), mais do que dobrou e ajudou refinarias a reduzir drasticamente as emissões de enxofre. O excedente desta produção deverá ser destinado às empresas de pesquisas e desenvolvimento de geração à Hidrogênio.

Segundo a pesquisadora da Columbia University, em um outro exemplo, a empresa Fuel Cell - com base nos Estados Unidos - já está provendo geradores de H2 para pequenas indústrias, cadeias de restaurantes e empresas comerciais de diversos portes. Esses equipamentos já se encontram em funcionamento integral e também à venda para residências, condomínios e fazendas de médio porte. Os geradores de hidrogênio que usam a tecnologia de célula combustível são uma das vedetes desta nova Revolução de Energia Limpa. E com a criação de um sistema para a corretagem de cotas de carbono, nos Estados norte-americanos que adotaram políticas ambientais da Lei do Ar Limpo (Clean Air), esses investimentos iniciais irão se pagar. Tais incentivos para avanços tecnológicos também beneficiam o consumidor, uma vez que no Japão, já existem kits de célula combustível H2 que, em breve, poderão substituir as atuais baterias recarregáveis dos computadores, laptops, Ipods, DVD’s, filmadoras.

Para Ana Carolina Cabral-Murphy, o Brasil deveria se juntar às nações desenvolvidas e criar novos incentivos fiscais para a indústria. Tendo em vista a corrida contra o tempo para reverter os efeitos colaterais da poluição causada pela emissão de gases de efeito estufa e das mudanças climáticas que criam desastres ambientais. Segundo a professora, o Congresso Nacional precisa adotar uma série de incentivos fiscais, estruturados especificamente para o uso de fontes de energia limpa na indústria, no comércio e em pequenos negócios nas regiões mais isoladas do país. Essas políticas beneficiam tanto o empresariado quanto a população e são simples de serem implementadas.

No Japão e Alemanha, onde as políticas verdes (pro-business) já existem há décadas, a indústria e a população se beneficiaram exponencialmente das melhoria na qualidade do ar. Ambos países seguem parâmetros ainda mais rígidos do que os parâmetros de controle recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde). E os dados coletados pelo Ministério da Saúde desses paises comprovam a forte correlação entre a adoção de medidas para despoluição e as reduções na concentração de CO (Monóxido de Carbono) no sangue da população. No Brasil, mesmo com o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) e o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) usando um padrão diferente (que pode ser considerado menos rígido), houve aumento tanto da presença do Dióxido de Enxofre (SO2) quanto do Monóxido de Carbono (CO) no sangue dos habitantes das grandes cidades e regiões industriais brasileiras nos últimos 15 anos.

De acordo com a professora Ana Carolina Cabral-Murphy, a exposição ao Monóxido de Carbono pode causar dor de cabeça, fadiga, rinite alérgica, efeitos cardíacos diversos como uma diminuição da capacidade de se locomover e exercitar. Já a exposição ao Dióxido de Enxofre (SO2) causa tanto doenças respiratórias como o agravamento de doença cardiovascular já pré-existente. Sem legislações adequadas estaremos fadados a atrelar os nossos parques industriais e empresas ao ciclo de emissão de gases poluidores e a dependência em matérias-primas de alto teor poluidor que prejudica a saúde da população de forma invisível.

Ao longo da história nenhum país obteve desenvolvimento sustentável, financeiro ou independência energética investindo apenas na produção de matérias primárias e bens de baixo valor agregado. Pelo contrario, praticamente todos os países que descobriram recursos naturais, acabaram se viciando na receita proveniente da exportação dessas matérias-primas. Historicamente, essas economias perderam competitividade e se tornaram pouco diversificadas. Politicamente, esses paises caíram em profundas crises econômicas e passaram a ter uma estrutura de poder centralizada, com governos absolutistas, e na maioria dos casos, regredindo para sistemas ditatoriais.

Segundo a professora, para crescer de forma sustentável, precisamos formular incentivos fiscais para incentivar o desenvolvimento da indústria limpa, criar fundos de investimento estratégicos na saúde, nas áreas de educação e R&D (Research and Development – pesquisa e desenvolvimento) brasileira (“Made in Brazil”). Sem esses incentivos bem estruturados e novas legislações no nível local e nacional, tanto a indústria, o comércio, o empresariado quanto a maioria da população, estarão perdendo enorme oportunidade de estar em posição relevante na corrida do desenvolvimento, devido à falta de tecnologias cruciais para obtermos um crescimento sustentável, conclui Ana Carolina Cabral-Murphy, pesquisadora da Columbia University de Nova York (EUA).

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