Projeto do Sebrae apóia produção de barcos

No dia 10 de maio, nove embarcações produzidas pela Cooperativa Constróe Barcos e Móveis de São Sebastião do Uatumã (AM) serão entregues a colônia de pescadores.

Brasília - Cooperativismo e solidariedade geram pequenos negócios na construção naval no Estado do Amazonas. Carpinteiros navais fabricam embarcações e colônias de pescadores as compram. No dia 10 de maio, o resultado dessa fórmula será apresentado durante solenidade de entrega dos primeiros nove barcos.

A produção é de responsabilidade da Cooperativa Constróe Barcos e Móveis de São Sebastião do Uatumã, que conta com o apoio do projeto 'Desenvolvimento do Setor de Carpintaria Naval de São Sebastião do Uatumã', da unidade do Sebrae no Amazonas. O evento será realizado às 10h, em frente à Prefeitura Municipal de São Sebastião do Uatumã, localizada às margens do Rio Uatumã.

A aquisição das nove embarcações, por R$ 205 mil, pelo Grupo Solidário de Pescadores de Manacapuru foi possível graças a edital divulgado pelo do Banco da Amazônia (Basa), cuja vencedora foi a Cooperativa Constróe Barcos e Móveis. No futuro, outras colônias de pescadores, apoiadas pelo governo federal, também vão adquirir barcos para trabalhar.

No projeto de desenvolvimento da carpintaria naval, são parceiros do Sebrae/AM a prefeitura do município, a Agência de Florestas e Negócios Sustentáveis do Estado do Amazonas, a Capitania dos Portos, o Senai, a Agência de Fomento do Estado do Amazonas e Banco da Amazônia.

Barcos de madeira são os principais meios de transporte no interior do Estado do Amazonas. Eles são fundamentais para a população ribeirinha trabalhar, levar crianças à escola, fazer compras, procurar assistência médica e hospitalar e fazer negócios, entre outros usos. "As hidrovias são as nossas avenidas. Aqui quem tem um 'casquinho' de nove metros com motor de 12 cavalos, tem um fusca", diz Francisco Carlos Barreto, associado da Cooperativa Constróe Barcos e Móveis de São Sebastião do Uatumã e atual secretário municipal de Meio Ambiente.

"Aqui impera a construção naval e a movelaria", acrescenta. Francisco é um dos 36 associados da cooperativa, que reúne carpinteiros navais e moveleiros. O primeiro resultado do projeto 'Desenvolvimento do Setor de Carpintaria Naval de São Sebastião do Uatumã' foi a transformação da ex-associação em cooperativa, informou Francisco. Isso aconteceu há um ano, quando foi iniciado o projeto do Sebrae e parceiros da Instituição.

"A associação não tinha definição do caminho a seguir. Após as reuniões com o Sebrae, achamos melhor transformá-la em cooperativa, pois tínhamos mais chance para negociar com empresas e bancos", explica Francisco. Depois de fortalecida, a entidade deverá gerar a abertura de microempresas, segundo previsão do Sebrae/AM e parceiros.

A mudança da mentalidade dos fabricantes de embarcações e móveis também é apontada como outro bom resultado do projeto. "Hoje, sabemos o que é ser empreendedor da carpintaria naval e movelaria. Antigamente a gente construía para sobreviver, de acordo com o que aprendíamos com pais, amigos e irmãos", diz o associado. Noções de limpeza, empreendedorismo, gestão de negócios e inovações tecnológicas estão sendo ministradas aos associados da cooperativa pelo Sebrae e Senai.

"A vocação produtiva da cidade é a carpintaria naval e moveleira", informa Evanildo Malcher Pantoja, gestor do projeto pelo Sebrae/AM. Os municípios de Novo Airão e São Sebastião do Iatumã são os principais pólos produtores de barcos e embarcações do Amazonas. O setor é o maior gerador de riqueza e trabalho nas duas cidades, segundo Pantoja.

São Sebastião do Iatumã fica a 247 quilômetros em linha reta de Manaus, mas só é possível chegar lá por meio de avião ou barco. A viagem até Itacoatiara, a 270 quilômetros de Manaus, demora mais de três horas. Depois é preciso seguir mais três horas de lancha até São Sebastião do Iatumã. A cidade conta com população de 9,6 mil habitantes. Iatumã é um braço do Paraná de Itapiranga, afluente do Rio Amazonas.

Vencendo a distância - O primeiro lote de barcos de madeira, construído de acordo com a tradição herdada de antigos carpinteiros navais e com inovações levadas pelo projeto, foi adquirido pelo Grupo Solidário de Pescadores de Manacapuru. Essa é uma das colônias apoiadas pelo governo Federal na Amazônia.

Os municípios de Manacapuru e Novo Airão são vizinhos. Por esse motivo, o fato da Cooperativa Constróe Barcos e Móveis de São Sebastião do Uatumã ter vencido o edital do Basa é considerado uma grande vitória do projeto desenvolvido pelo Sebrae e parceiros. "Manacapuru fica a apenas a 100 quilômetros de Novo Airão, nossa principal concorrente", comemora Francisco. A distância entre São Sebastião do Uatumã e Manacapuru é de aproximadamente 700 quilômetros.

Pelo projeto 'Desenvolvimento do Setor de Carpintaria Naval de São Sebastião do Uatumã', o Sebrae/AM vai implantar um pólo no município. O terreno doado pela Prefeitura Municipal está em fase de terraplanagem. As redes de energia elétrica e água se encontram em andamento. Os planos de manejo florestal já começaram a ser realizados. Os associados da cooperativa participam deles.

Entre as metas do projeto do Sebrae e parceiros em São Sebastião do Uatumã figuram: aumento da produção em 15%; idem para o número de pessoas ocupadas; elevação do consumo de madeira legalizada em 40%. Esses resultados estão planejados para serem alcançados até dezembro de 2008, informa o gestor do projeto. Contato da Prefeitura Municipal de São Sebastião do Uatumã - (92) 3572-1109 | Por: Vanessa Brito / Sebrae Nacional.