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03/10/2009 - 10:09

China será segundo maior importador da agroindústria brasileira em 2030, aponta estudo da Ernst & Young e FGV Projetos

Números indicam que a produtividade agroindustrial brasileira deve continuar crescendo acima da média mundial nas próximas duas décadas; a importação global de matérias-primas agrícolas também deve crescer mais do que a de alimentos.

São Paulo- O estudo “Brasil Sustentável – Perspectivas do Brasil na agroindústria”, elaborado em conjunto pela Ernst & Young Brasil e FGV Projetos, indica que a China saltará de 7º para 2º maior mercado importador da agroindústria brasileira em 2030, movimentando US$ 2.145,7 milhões anualmente (a preços de 2007). A pesquisa aponta ainda que, ao longo desse período, as exportações da agroindústria brasileira devem crescer a uma taxa anual média de 1,3% ao ano até 2030, sendo 1% ao ano nos alimentos beneficiados e 2% ao ano no caso de matérias-primas, percentuais superiores às médias anuais desses setores, levando a um aumento de participação de mercado do Brasil no mercado global.

As exportações agroindustriais do País avançaram de forma vertiginosa no mercado mundial nos anos recentes. Em 1995, o Brasil ocupava a nona posição no ranking global, com 2,8% das exportações mundiais. Em dez anos, o share passou para 4,8% (crescimento médio anual de 10,2%, o maior do mundo), colocando o País na 4ª colocação no ranking dos maiores exportadores agrícolas, atrás de EUA, França e Holanda.

No horizonte analisado, as projeções para importações mundiais de alimentos e matérias-primas agrícolas apontam uma perda da participação relativa da maioria dos países ricos, com exceção dos EUA, acompanhada do avanço de países como a China, a Índia e o próprio Brasil. No que diz respeito à importação das matérias-primas agrícolas, por exemplo, os EUA devem manter sua participação atual de 23% em 2030. O Japão, por sua vez, deve reduzir sua parcela de 12,5% para 9,5%, movimento característico da maioria dos países ricos. Já a fatia chinesa crescerá de forma expressiva, passando de 12% para 17,4%.

As importações de alimentos deverão crescer mais nos países emergentes e populosos – notadamente China e Índia – que apresentarão um desempenho mais favorável em termos de renda per capita, incorporando grandes contingentes de novos consumidores ao mercado (ainda que, em termos absolutos, esse crescimento não vá tirar os países ricos das posições de destaque que ocupam hoje).

Segundo o estudo, as linhas gerais de movimento do mercado internacional de produtos agroindustriais apontam que, em regra, a importação de matérias-primas agrícolas – como couro, celulose e álcool – deverá crescer mais do que a de alimentos. Isso porque a demanda por esses produtos responde com maior intensidade ao aumento de renda, sobretudo nos países mais pobres. Nessas economias, há uma perspectiva de crescimento da renda familiar: a taxa de crescimento dos salários reais até 2030 será menos expressiva em países como o Japão (1,1%) e mais intensa em países como Brasil (2,5%), Coréia do Sul (2,8%) e China (6,2%).

Já a demanda por alimentos deve crescer menos que o consumo médio das famílias no período: o aumento de 2,8% no consumo médio será acompanhado de um crescimento de apenas 1% ao ano nas importações de alimentos. A razão disso é que o consumo de alimentos responde aos incrementos de renda de forma cada vez menos intensa na medida em que as famílias elevam seu padrão de vida. No Brasil, a despeito da elevação projetada do PIB (4,0% anuais) e do consumo de alimentos (2,9% anuais), as importações de alimentos crescerão a taxas menores (2,0% ao ano), resultado do bom desempenho da produção interna.

O estudo revela também a posição do Brasil em relação aos seus principais concorrentes nos últimos anos. O país foi o único que viu a produtividade da agroindústria crescer na casa dos 2,0% ao ano nas últimas três décadas. Para efeito de comparação, nos EUA esse índice foi de 0,8% na China, 1,8%. Outro ponto notável é a participação que a agroindústria tem no PIB brasileiro. Em 2005 o PIB do agronegócio chegou a U$ 438 bilhões, ou seja, 23% da renda nacional. Nos EUA, por exemplo, essa fatia é de 16,7%.

Brasil Sustentável - A pesquisa, realizada com base no histórico de indicadores econômicos dos últimos 57 anos de 100 países, é a quinta de uma série de publicações desenvolvidas em conjunto pela Ernst & Young e a FGV Projetos que analisam os horizontes da economia brasileira para as próximas duas décadas, com projeções exclusivas sobre setores estratégicos da economia. Na série, foram tratados: potencialidades do mercado habitacional, crescimento econômico e potencial de consumo, competitividade industrial, energia e, agora, agroindústria.

Nesta edição são identificados dois grandes movimentos do setor: o primeiro, do ponto de vista da demanda, com o surgimento de novos hábitos de consumo (nos países desenvolvidos) e aumento na demanda por alimentos (nas economias emergentes), aponta que o mercado de produtos da agroindústria não apenas está em expansão, mas também vem assumindo perfil qualitativo diferente. Já do ponto de vista da oferta, o estudo indica a evolução dos processos de aprimoramento tecnológico (biotecnologia, tecnologia da informação, métodos de gestão empresarial e da cadeia de suprimentos), que serão fundamentais para permitir à agroindústria responder de forma adequada ao crescimento e às alterações no perfil da demanda.

Para elaboração do estudo, foram levados em consideração fatores relevantes para o setor, como o esgotamento da fronteira agrícola em diversas regiões, as mudanças na dinâmica demográfica, o protecionismo de alguns países em relação a produtos estrangeiros, o crescimento das preocupações de natureza ambiental e busca de fontes alternativas de energia.

“Nossa intenção era produzir um material que pudesse orientar na construção de uma visão de longo prazo para os executivos da alta administração”, explica o diretor executivo e especialista em agronegócios da Ernst & Young, Renato Gennaro. ”Acreditamos que esse material será muito importante para orientar e validar o planejamento estratégico das empresas envolvidas com o mercado agroindustrial”.

De acordo com o coordenador do estudo, Fernando Garcia, da FGV Projetos, o material constitui um valioso instrumento para a reflexão acerca dos principais desafios que o país deverá enfrentar para crescer de forma sustentável, aproveitando o máximo de suas potencialidades. “Buscamos relacionar o potencial brasileiro em sua interação com o mercado global numa perspectiva 20 anos à frente, levando em consideração aspectos econômicos e fatores como a dinâmica demográfica, de qualidade de vida e de recursos humanos que nos possibilitasse traçar uma visão aprofundada do comportamento dos principais fatores condicionantes do cenário global”.

Mercado interno – Se nos países com melhor nível social a demanda por alimentos responde de forma mais moderada aos aumentos de renda, no Brasil ainda há estratos sociais que podem se beneficiar diretamente desse incremento. No horizonte analisado, estima-se que a renda média brasileira cresça 3,1% anualmente e o consumo global das famílias, 3,8% ao ano. Nesse mesmo cenário, a projeção é que o consumo de alimentos deve avançar 3,0% ao ano (2,5% para alimentos in natura e 3,1% para alimentos processados). Isso significa que, considerando o País e suas diversas faixas de renda, para cada 10% de acréscimo no PIB o consumo de alimentos deve se elevar em 7,5%.

As faixas de renda familiar mais baixas (até R$ 1 mil e entre R$ 1 mil e R$ 2 mil) devem entrar aos poucos nos estratos médios de consumo total no País. As taxas expressivas de crescimento do consumo nas faixas intermediárias deverão impulsionar um padrão de consumo de alimentos mais concentrado em produtos protéicos, em detrimento de carboidratos e gorduras.

Podem-se destacar o crescimento per capita esperado de itens como presunto, queijos e carne bovina de primeira. Considerando-se o crescimento vegetativo da população, o aumento da demanda representaria 3,7% para presunto, 3,3% para queijos e 3,1% para carne bovina. O aumento na demanda por leite pasteurizado deve crescer 2,8%, considerando o incremento da população. Já o consumo per capita de alimentos ricos em carboidratos (como farinha de trigo, massas, arroz e açúcar) deve ter desempenho discreto.

Perfil: A Ernst & Young é líder global em serviços de auditoria, impostos, transações corporativas e assessoria. Em todo o mundo, somos 130 mil pessoas unidas pelos mesmos valores e compromisso com a qualidade. Nós fazemos a diferença ajudando nossos colaboradores, clientes e as comunidades onde atuamos a atingirem todo seu potencial. | site www.ey.com.br.

Perfil: A FGV Projetos é a unidade de extensão de ensino e pesquisa da Fundação Getulio Vargas responsável pela aplicação do conhecimento acadêmico, gerado e acumulado em suas Escolas e Institutos. Com escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo, a unidade desenvolve projetos que contribuem para a eficiência das práticas gerenciais e econômicas de instituições públicas e privadas, no Brasil e no exterior.

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