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06/10/2009 - 11:38

Pedro Juan Gutiérrez fala sobre o ofício do escritor durante a Bienal

Uma máquina de ideias, que promove a dúvida e o assombro dentro de nós. Esse é o papel do livro, nas palavras de Pedro Juan Gutiérrez. O escritor cubano participou no sábado (03/10) da segunda noite da VII Bienal Internacional do Livro, em um auditório Carlos Pena Filho lotado, no Centro de Convenções em Olinda (PE).

Famoso pela linguagem marcada pela crueza e sinceridade, Gutiérrez é respeitado em todo o mundo por sua Triologia Suja de Havana. O escritor comandou a palestra “O Ofício de escritor e um açoite”. Bem humorado, chegou a brincar que teve até que enfrentar o medo de avião para participar do evento. “Passei vinte horas voando para chegar em Pernambuco”, disse.

Em uma visão ao mesmo tempo desafiadora e pragmática do fazer literário, Gutiérrez defendeu que ser escritor é ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição. Enxergar a realidade dramática em que se encontra e expandir as fronteiras do silêncio na sociedade. Mas isso a um custo pessoal que pode levar à embriaguez, loucura e até suicídio. “A vida de um escritor é caótica, confusa, vertiginosa, porque suas explicações também o são”, defende. Mas, a dele á foi mais.

Jornalista de formação e profissão - trabalhou por 26 anos em Cuba - Pedro Juan Gutiérrez defende que o escritor deve retratar a realidade através da literatura, não importa ela qual seja.“A realidade pode ser vulgar, feia, incômoda e inquietante, mas tenho que aceitá-la porque é realidade. O que me interessa é o espírito da época”, afirma.

Para o ele, é necessário que o escritor toque nas feridas de sua sociedade, sem medo. São as brechas que permitem que hajam mudanças e questionamentos entre os leitores. Dentro dessa proposta, Gutiérrez atesta qual seria o principal dever trazido pelo fazer literário. “Todo aquele que queira ser escritor deve ter claro que sua missão essencial é romper sempre um pouco com a fronteira do silêncio”, atesta.

Após a palestra, houve um espaço para perguntas e discussões, onde Pedro Juan pôde falar mais sobre sua formação como escritor e as origens de obras como a já citada Triologia e o mais recente O Rei de Havana. “Meus livros são focados não em Cuba, mas em um bairro específico chamado Centro Havana. Um processo parecido com o de Paulo Lins no livro Cidade de Deus”, compara.

O processo pelo qual passou para escrever seus famosos contos também não foi fácil, conforme Gutiérrez lembra. “Tive uma vida muito intensa, desordenada e louca por três anos e quando terminei, já tinha os 60 contos prontos que dariam origem à Triologia, escritos de uma vez só”, lembra. O escritor deixa o Recife nesta quarta-feira (07/10), retornando a Cuba.

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