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28/04/2007 - 09:00

Porque estamos comendo poeira

Estudo do FMI (Fundo Monetário Internacional), intitulado "Perspectivas da Economia Mundial — Abril/2007”, apresenta interessantes conclusões e instigantes alertas. Sua análise é pertinente para que os setores produtivos tenham um cenário realista da conjuntura, das perspectivas de curto e médio prazo e, sobretudo, no sentido de que se mantenham atentos e mobilizados na discussão dos problemas brasileiros.

O documento observa que o crescimento econômico global em 2007 e 2008 deverá ser de 4,9% em cada exercício, ficando apenas meio ponto percentual abaixo de 2006. É interessante observar o comentário relativo a essa tendência: “Apesar do episódio de volatilidade que viveram há pouco os mercados financeiros, a economia mundial parece estar bem encaminhada na direção de uma expansão sólida e contínua em 2007 e 2008. A desaceleração dos Estados Unidos é mais forte do que o previsto, mas seus efeitos e desdobramentos têm sido limitados. O crescimento parece estar bem firme em nível mundial e os riscos de inflação mostram-se pequenos”.

Tais prognósticos seriam ainda melhores caso o Brasil não estivesse caminhando em descompasso com a realidade internacional. Apesar das condições externas favoráveis e de todo o discurso em torno do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a realidade indica que nossa economia não deverá ter expansão sequer de 4% este ano, ficando, portanto, mais de um ponto percentual abaixo da média planetária.

A leitura atenta do relatório do FMI explica, em grande parte, o porquê de estarmos comendo poeira. O documento enfatiza as lições de casa realizadas pelos países emergentes e em desenvolvimento, atribui a elas parcela importante do sucesso na meta do crescimento e recomenda a sua consolidação. Os principais itens são o equilíbrio dos balanços do setor público, ou seja, responsabilidade fiscal; revisões estruturais, em especial na área tributária; e reforma trabalhista, à qual o documento atribui, muito além da questão meramente alusiva aos custos, a missão de “melhorar a deficiente produtividade da América Latina”.

O relatório destaca, ainda, que se prognostica para as nações emergentes um crescimento sólido ininterrupto, ainda que a um ritmo mais lento do que em 2006. “Estas economias seguirão respaldadas por condições financeiras mundiais favoráveis e, em que pesem as quedas recentes, por preços ainda elevados dos produtos básicos e commodities”. O Brasil, que já não vinha crescendo no mesmo ritmo do mundo e dos emergentes, parece ser a exceção à regra neste grupo, embora, dentre todos os países em desenvolvimento, seja inegavelmente o de maior potencial. O relatório não observa isto de modo direto, mas sua leitura é conclusiva se confrontada com a realidade nacional.

A análise feita pelo FMI, certamente imparcial e baseada em números, dados concretos e na realidade de cada nação, confirma a tese dos setores produtivos e das mentes mais lúcidas deste País, de que estamos cometendo graves equívocos na condução da economia, tanto na manutenção de juros altos e câmbio elevado, quanto na omissão relativa às reformas estruturais. Integrante da cadeia produtiva da comunicação, a Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) tem-se posicionado firmemente na defesa de mudanças nesse processo. Muito coerente, pois é importante disseminar a consciência e a legítima reivindicação no sentido de que o foco da política econômica seja redirecionado para o crescimento sustentado.

.Por: Mário César de Camargo, empresário gráfico, administrador de empresas e bacharel em Direito, é presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf)

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