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07/10/2009 - 10:53

Açúcar e tomate encarecem a Cesta Básica de setembro

Das 17 capitais onde o DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – realiza a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, 10 apresentaram, em setembro, alta em seus valores e sete tiveram queda. Os maiores aumentos ocorreram em Florianópolis (3,57%), Porto Alegre (3,01%) e Rio de Janeiro (2,76%). Por outro lado, as retrações mais expressivas foram apuradas em Goiânia (-7,82%), Natal (- 6,22%) e Recife (- 4,23%).

A aquisição do conjunto de itens básicos, em Porto Alegre, custou R$ 245,86, o maior valor dentre as localidades pesquisadas. Em São Paulo, o preço da cesta correspondeu a R$ 229,89 e, em Vitória, ficou em R$ 226,02. As cidades mais baratas foram Aracaju (R$ 164,50), Fortaleza (R$ 172,47) e João Pessoa (R$ 173,98).

Com base no maior valor apurado para a cesta e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o salário mínimo necessário. Em setembro, o valor do mínimo foi calculado em R$ 2.065,47, o que representa 4,44 vezes o mínimo em vigor, de R$ 465,00. Em agosto, o piso mínimo era estimado em R$ 2.005,07 (4,31 vezes o menor salário pago), enquanto em setembro do ano passado correspondia a R$ 1.971,55, ou seja, 4,75 vezes o piso então vigente (R$ 415,00).

Variações acumuladas - Entre janeiro e setembro deste ano, apenas duas capitais – Belém (1,57%) e Salvador (1,36%) – apresentaram aumento nos preços no período. Nas outras 15 localidades, o custo da cesta registrou variação acumulada negativa, com destaque para Aracaju (-14,89%), Natal (-14,45%), Goiânia (-13,44%), João Pessoa (-13,25%) e Fortaleza (-12,59%).

Nos últimos 12 meses – de outubro de 2008 a setembro último – das 16 capitais, para as quais existem dados para o período, metade delas registrou queda e a outra metade alta no preço dos itens essenciais. As retrações mais significativas ocorreram em Goiânia (-8,57%) e Aracaju (- 6,56%). As cidades com maiores aumentos em um ano foram: Salvador (12,30%) e Vitória (10,21%).

Cesta x salário mínimo - Para adquirir a cesta básica, o trabalhador que ganha salário mínimo precisou cumprir, em setembro, na média das 17 capitais pesquisadas, uma jornada de 96 horas e 23 minutos, ligeiramente menor que a exigida em agosto (96 horas e 37 minutos). Em setembro de 2008, a mesma compra comprometia uma jornada bem maior, que chegava a 106 horas e 37 minutos.

Também pode ser notado pequeno recuo no percentual do salário mínimo líquido – após a dedução da parcela referente à Previdência Social – comprometido em setembro (47,62%), em relação a agosto (47,73%). Na comparação com setembro de 2008, a redução é bem maior, pois naquele mês o comprometimento chegava a 52,67% do rendimento líquido.

Comportamento dos preços -A maioria dos produtos da Cesta Básica apresentou preços médios distintos entre as 17 cidades pesquisadas. As maiores diferenças percentuais entre os preços praticados nas capitais foram verificadas nos hortifrutis tais como tomate (213,5%) com preços médios desde R$ 1,33 até R$ 4,17, banana (143,6%) e batata (89,6%). Bens como o açúcar (66,7%) e pão (62,4%) também foram comercializados com valores bem distintos. Diferenças inferiores a 50% foram observados para óleos (36,4%), carne (40,3%) e manteiga (47,4%).

O estudo das variações dos preços médios entre os meses de agosto e setembro revelou diferenças muito heterogêneas. Alta significativa foi verificada nos preços dos seguintes produtos: açúcar (7,3%), batata (7,1%) e tomate (6,1%). Outros itens registraram quedas médias em seus valores, como ocorreu com leite (- 6,1%), feijão (-6,1%) e arroz (-1,8%).

A alta do açúcar, em setembro, tem origem no comércio exterior e repercutiu em praticamente todas as cidades. Taxas superiores a 20% foram observadas em Vitória (22,7%) e Belo Horizonte (20,3%); entre 10% e 16% no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo e Curitiba. Houve recuo nos preços do açúcar em Salvador (-9,7%), Goiânia (-2,4%) e Brasília (- 0,5%). O comportamento dos preços da batata, nestes dois meses analisados, revelou maiores altas no Rio de Janeiro (24,7%), Porto Alegre (23,2%) e Florianópolis (14,5%). Quedas foram detectadas em Goiânia (-16,1%) e Brasília (- 8,4%). Este produto não compõe as Cestas do Norte e Nordeste do país.

As taxas de variação do preço do tomate apresentaram diferenças marcantes, com altas acima de 20% em localidades como Florianópolis, Vitória e Brasília. Um segundo grupo de cidades registrou alta entre 11% e 19%: Belo Horizonte, Curitiba, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Acentuadas deflações foram observadas em Natal (-32,8%), Recife (- 23,2%), Florianópolis (-16,1%), Aracaju (-13,1%), Goiânia (- 9,3%) e João Pessoa (- 8,2%).

A queda no feijão foi generalizada, sendo as maiores registradas em Recife (-12,8%), Salvador (-10,8%) e Rio de Janeiro (- 9,9%). Comportamento semelhante foi observado no leite, com baixas maiores que 10% em Vitória (-13,5%), Goiânia (-12,6%), Belo Horizonte (-11,5%), Porto Alegre (-10,9%), Curitiba (-10,6%) e Rio de Janeiro (-10,5%).

O arroz, de um modo geral, pouco variou com quedas mais acentuadas em Aracaju (-7,6%), Natal (-5,0%) e Belém (- 4,4%). Forte estabilidade foi observada em Salvador e Porto Alegre, com variação zero e em Fortaleza e Curitiba com alta em torno de 0,5%. Reflexo das instabilidades internacionais na Cesta Básica. Em 2008 e no início de 2009, os valores das commodities internacionais sofreram altas e quedas acentuadas, vindo a afetar os preços do mercado interno brasileiro.

Para analisar estes efeitos na Cesta Básica, as variações de seus valores, foram acumuladas no período de janeiro de 2008 até setembro de 2009. A visualização, destes efeitos nas séries das taxas acumuladas das Cestas Básicas em 16 capitais foi representada em cinco gráficos, segundo a sua proximidade geográfica. Na região Sul - que compreende Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba - as séries apresentaram tendências semelhantes. Nos meses de junho e julho de 2008, com as fortes altas nos preços internacionais, as taxas acumuladas da Cesta Básica nestas capitais apresentaram as maiores variações em julho, quando chegou a 30,5% em Curitiba, 25,0% em Florianópolis e 21,8% em Porto Alegre. Nos quatro meses seguintes, com a crise internacional, estas taxas caem para as três cidades analisadas, vindo a subir em dezembro de 2008 e janeiro deste ano, para se estabilizar em um patamar menor nos demais meses de 2009, fechando as séries com taxas de 17,5%, em Florianópolis, 15,5%, em Porto Alegre e 14,4%, em Curitiba.

No Sudeste - que contempla São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Belo Horizonte - as séries das taxas acumuladas também refletem os aumentos dos preços internacionais com as maiores variações acumuladas em julho de 2008: Rio de Janeiro (23,4%), Vitória (21,5%), Belo Horizonte (20,6%) e São Paulo (17,5%).

Nos meses que se seguiram, São Paulo e Belo Horizonte apresentaram comportamento semelhante, com diminuição no ritmo de reajuste de suas taxas acumuladas, que se situaram em patamar da ordem de 12%. Em março deste ano, os preços caem, voltando a subir neste último semestre, fechando as séries com taxas de 7,1%, em São Paulo e 5,2%, em Belo Horizonte. As séries das Cestas do Rio de Janeiro e Vitória, embora apresentem tendência semelhante às das demais cidades, apresenta patamares de reajuste bem superiores. No final das séries, a alta das taxas atinge, em setembro, 19,5% em Vitória e 12,9%, no Rio de Janeiro.

As séries das cestas das regiões Norte e Centro-Oeste revelam comportamento de taxas equivalentes entre Belém e Goiânia, porém, a de Brasília, embora semelhante às das demais cidades, em relação à tendência, tem patamar inflacionário bem superior. Nos meses de junho e julho de 2008, quando os preços são afetados pelas altas das commodities, a taxa acumulada de Brasília atinge 22,5%, enquanto as de Belém e Goiânia situam-se em torno de 11%.

No período de agosto a novembro do ano passado, todas as cestas analisadas apresentam queda em suas taxas. No fim do ano de 2008 e início de 2009, as séries apontam tendência de alta, vindo a cair e se estabilizar de fevereiro a setembro deste ano, fechando o período com 12,9% em Brasília e 6,4%, em Belém. Em Goiânia, nos últimos três meses foi verificada queda acentuada, que chegou a 4,3%.

Na região Nordeste, dois grupos de capitais foram analisados. O primeiro reúne as cidades de Aracaju, João Pessoa e Salvador, cujas séries das cestas apresentam alta até julho de 2008, devido provavelmente à influência externa, atingindo os picos de 25,7%, em João Pessoa, 23,3%, em Salvador e 14,9% em Aracaju.

Nos meses seguintes, todas as séries indicam queda, e apenas no final de 2008 e início de 2009 as taxas sobem. A partir de março os valores ficam relativamente estáveis, fechando as séries com as seguintes taxas de 25,2%, em Salvador, 12,2%, em João Pessoa e Aracajú (-3,9%).

No segundo grupo de capitais do Nordeste, que engloba Fortaleza, Natal e Recife, as séries apresentaram não só a mesma tendência ao longo destes 21 meses, mas também o nível, de suas taxas, foi muito semelhante. Os picos de aumentos se deram em junho e julho de 2008 e foram os seguintes: 29,2%, em Recife; 26,0%, em Natal e 26,0%, em Fortaleza. Nos dois meses seguintes, agosto e setembro todas elas caem acentuadamente voltando a subir a partir de outubro até dezembro. Em 2009 as séries sofrem alguma instabilidade fechando o período com as taxas de 14,8%, em Recife; 8,9%, em Fortaleza e 8,4%, em Natal.

Este estudo revela a influência do comércio internacional nos preços internos, comportamento observado em quase todas as capitais que calculam a Cesta Básica de alimentos, que registraram altas devido aos aumentos dos preços das commodities no 1º semestre de 2008, e quedas em seus valores após a crise internacional no início de setembro de 2008. Constata-se, também, que o nível da variação das cestas, apesar da crise, voltou a patamares superiores aos do início de 2008, com exceção de Aracaju e Goiânia, onde a taxa acumulada ficou negativa no período.

São Paulo - A capital paulista voltou a ter o segundo maior valor, entre as 17 capitais pesquisadas, para o conjunto de produtos que compõem a Cesta Básica, com seu custo chegando a R$ 229,89. Este valor representou um aumento de 1,86%, em relação a agosto. A variação acumulada entre janeiro e setembro deste ano foi negativa (- 4,01%), o mesmo tendo se verificado na anual (- 2,04%).

Sete dos 13 produtos que compõem a Cesta Básica pesquisada pelo DIEESE em São Paulo, tiveram alta em setembro, sendo as maiores no tomate (15,3%), açúcar refinado (13,6%) e batata (6,8%). Outros seis itens tiveram queda, sendo as mais expressivas: leite integral (- 6,1%) e feijão carioquinha (- 5,8%). Em 12 meses, o preço da Cesta Básica caiu 2,04%, e oito itens tiveram queda em seus preços, parte deles bem expressiva: feijão (-55,56%), óleo de soja (-22,22%), farinha de trigo (- 18,86%), café (-13,73%), banana nanica (-11,16%), arroz agulhinha tipo 1 (- 6,80%), pão (- 3,65%) e manteiga (- 3,45%). Alta em 12 meses foi apurada em tomate (48,56%), açúcar (42,74%), batata (27,50%) e leite (21,84%).

O trabalhador paulistano remunerado pelo salário mínimo precisou cumprir, em setembro, uma jornada de 108 horas e 46 minutos para adquirir o conjunto de produtos alimentícios essenciais. Em agosto, a mesma compra requisitava uma jornada de 106 horas e 47 minutos. Em comparação com setembro do ano passado, o tempo de trabalho necessário é, agora, cerca de 16 horas menor, pois naquela época chegava a 124 horas e 25 minutos.

O mesmo comportamento é verificado na comparação do custo da cesta com o salário mínimo líquido – após o desconto da Previdência Social. Em setembro, 53,74% do rendimento líquido estava comprometido com a realização da mesma compra que em agosto exigia 52,76% do mínimo líquido e em setembro de 2008 chegava a representar 61,47% do vencimento. | Dieese

• Acesse aqui o resultado da pesquisa na íntegra

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