Pesquisa aponta melhora na qualidade embrionária dentro do processo de fertilização In Vitro

Um dos grandes focos na área da medicina reprodutiva, atualmente, é tentar entender melhor o mecanismo de implantação embrionária no útero, a partir das técnicas de Fertilização In Vitro (FIV). Com o conhecimento completo do processo de implantação, as taxas de gravidez tendem a aumentar ainda mais.

Um aspecto relevante que deve ser considerado ao se realizar a Fertilização In Vitro é a qualidade embrionária. “A presença de fragmentos celulares no embrião significa uma divisão celular irregular, com comprometimento da chance de implantação. Por isso, a tendência é de se transferir embriões sem fragmentos, buscando manter as chances de gravidez aumentadas”, explica o diretor para o Brasil da Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida e professor da UFMG, Selmo Geber. Algumas situações podem levar a formação destes fragmentos, como o congelamento de embriões e idade materna elevada. Outras vezes, este fato acontece sem causa conhecida. Geber complementa dizendo que a presença desses fragmentos é prejudicial ao desenvolvimento: "Isso porque pode interferir com o contato intercelular e dificultar o desenvolvimento embrionário, consequentemente reduzindo a chance de implantação”, diz.

Uma nova alternativa utilizada pela Clínica Origen para se aumentar as chances de gravidez, é remover os fragmentos antes da transferência dos mesmos para o útero. Realiza-se um orifício na zona pelúcida utilizando-se o laser especifico para esse tipo de procedimento. Em seguida, utiliza-se uma micropipeta para se retirar os fragmentos. O processo deve ser feito sob visão microscópica e com um micromanipulador. É importante ressaltar a necessidade de vasta experiência em micromanipulação e do uso dos equipamentos adequados, para que o processo não seja demorado a fim de não comprometer o desenvolvimento embrionário.

Assim, os embriões passam a ter um melhor contato intercelular, melhorando a chance de ter um desenvolvimento adequado, alem de diminuir o risco de degeneração. Em resumo, ocorre uma melhora da qualidade do embrião, aumentando as chances de gravidez.

Os dados das pesquisas realizadas na Origen (publicada no Jornal Brasileiro de Reprodução Assistida) apontam que 53% das mulheres que se submeteram à FIV, e realizaram a retirada dos fragmentos, conseguiram engravidar. Ao mesmo tempo, apenas 28% das mulheres que se submeteram a FIV sem a retirada dos fragmentos, engravidaram.

Currículo Selmo Geber - Nascido em 1965, graduou-se em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG em 1989. Realizou pós-graduação e doutorado em Fertilização in vitro e Embriologia no Royal Postgraduate Medical School, Universidade de Londres (Inglaterra). Atualmente, é também professor do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFMG e, em janeiro de 2003, foi eleito presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).

Geber têm dois livros próprios publicados e mais de 50 capítulos em livros diversos. Além de 30 artigos em revistas especializadas internacionais e mais de 100 em nacionais.