Encontro da Fresp discute políticas públicas de transporte e economia

Para Silvio Tamelini, presidente da FRESP, o 10º Encontro das Empresas de Fretamento e Turismo, demonstrou a importância do setor para o Brasil, já que contou com a participação de 400 empresários e 20 expositores de todo o País.

Empresários do setor do transporte por fretamento, de vários estados brasileiros, estiveram reunidos no 10º Encontro das Empresas de Fretamento e Turismo, discutindo assuntos como economia, mobilidade sustentável, políticas públicas para o setor, turismo rodoviário, transporte clandestino, empreendedorismo, entre outros.

Durante os três dias do evento, os participantes puderam acompanhar, além de palestras, uma exposição de 20 fornecedores, que trouxeram produtos e serviços destinados às transportadoras: foram exibidos ônibus, chassis, peças e equipamentos, seguros para as frotas das empresas e outros serviços. Até mesmo o caricaturista Ivo Favero fez sucesso com ilustrações ao vivo das pessoas que prestigiaram o Encontro.

Silvio Tamelini, presidente da FRESP - Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo, em seu discurso de abertura, ressaltou que a realização do evento constitue-se como um marco para o setor, que movimenta cerca de R$ 3,5 bilhões ao ano e que emprega mais de 20 mil pessoas somente no Estado de São Paulo. “Comemorar uma década de organização deste evento, representa o desenvolvimento do mercado de transporte por fretamento e para turismo de nosso País. E ainda assegura a existência de organizações e de empresários preocupados com a qualidade de nossos serviços”.

“Todos os anos buscamos trazer aos empresários as inovações, bem como difundir novas diretrizes e estratégias para a gestão de suas empresas. Na décima versão, apresentamos as tendências econômicas do Brasil e do mundo, a sustentabilidade e o combate à clandestinidade no setor, dentre outros. Contamos com a participação de 20 empresas patrocinadoras, que colocaram à disposição dos empresários seus serviços e produtos”, complementa Tamelini.

A palestra “Panorama Econômico e sua Influência no Setor de Transporte", ministrada pelo economista Raul Velloso trouxe uma recapitulação da crise americana, seus reflexos para o mercado nacional e o posicionamento da economia brasileira e o setor de infraestrutura de transporte. Velloso revela que o setor de serviços sofreu menos com a crise e liderou a sustentação de empregos. Segundo ele, o Brasil terá dois grandes desafios a seguir: o aumento nos investimentos e a manutenção do controle da inflação.

Em “Navegar é Preciso, em Prosa, Verso e Riso”, o ator e empresário Tony Corrêa, contou um pouco da época dos descobrimentos; os desbravadores das novas terras com os dias atuais, em meio a declamações e relatos dos poemas de escritores consagrados, como Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Manuel Bandeira e Luís Vaz de Camões. Ao traçar esse paralelo, o ator mostrou aos empresários que para alcançar os objetivos é preciso empreender, ir em frente e buscar novos horizontes. “Não podemos mudar o vento, mas sim as direções das velas”, conclamou.

O tema mobilidade esteve presente na apresentação de Lincoln Paiva. O palestrante tratou sobre o crescimento da economia nos centros urbanos e sua influência em uma demanda por transporte. Para ele, o grande problema é que no Brasil a mobilidade é centrada nos veículos e resulta em congestionamentos. Dessa forma há a necessidade de uma diminuição do uso dos carros, “pois no trânsito tudo gera impacto, mas temos que saber quais os meios de transporte que menos contribuem com isso”, pontuou Paiva.

“Os órgãos reguladores do Estado precisam estar atentos à mobilidade das pessoas para mudar o atual quadro de congestionamentos, com a diminuição do uso dos carros”. O especialista pontuou que o transporte deve estar baseado na economia, na sociedade e nas questões ambientais.

O evento contou com a participação do presidente da ANTP - Associação Nacional de Transportes Públicos do Ailton Brasiliense que falou sobre o fretamento e as políticas de transporte. A apresentação de Brasiliense pautou-se no crescimento populacional da cidade de São Paulo e no aumento da frota de carro, os problemas recorrentes no transporte público e na restrição da circulação dos ônibus por fretamento. “Deve-se investir em transporte público, repensar a questão da carteira de habilitação, buscar alternativas para o carro individual. Saídas são as vans, que podem trabalhar empresarialmente ou não. E os fretados, que podem ser vans. Qual o problema de pegar um grupo pequeno de funcionários e cada um descer ponto a ponto? O estresse fica por conta da condição de crescimento da frota, da economia e também da falta de políticas públicas que tentem contornar esses dois aspectos”, falou.

Sobre o desenvolvimento do turismo rodoviário e as possibilidades para as empresas de fretamento, Luiz Alberto Gomes Grande da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres e Ricardo Martini Moesch, do Ministério do Turismo, abordaram sobre a Lei 11771/08, que regula as atividades turísticas no Brasil em todas as suas instâncias, movimenta as economias regionais.

A obrigatoriedade do cadastro das empresas de transporte por fretamento para a prestação de serviços turísticos, também foi tratada na apresentação. Para Moesch, há a necessidade do registro das empresas de fretamento que desejam operar nos programas da Lei do Turismo, como o “Viaje Mais Melhor Idade”, que visa fomentar as viagens entre o público da terceira idade. “Transportadoras turísticas devem estar cadastradas, isso inibe a atuação das empresas clandestinas”, afirmou.

Um tema bastante concorrido foi o combate ao transporte clandestino. Os empresários puderam trocar experiências sobre o que acontece em outras regiões do País. Emerson Imbronísio, do Sinfretiba (PR) e Luiz Roberto Steinmetz, do SinfretuRS (RS), contaram que o clandestino caracteriza-se por ser um elemento mutante e que sempre que as empresas regulares conseguem combater sua forma de atuação, ele se transforma como um camaleão para burlar a lei. Atualmente, se travestem de locadoras de veículos para não ter que recolher impostos (ISS) e (ICMS) e assim poder oferecer serviços mais baratos que as empresas devidamente constituídas. A solução, segundo os sindicalistas é restringir a área de atuação do clandestino, por meio da conscientização dos poderes públicos, para uma maior fiscalização, e das empresas contratantes, para que não empreguem esses serviços.

Uma aula de motivação encerrou o evento, quando o professor Heinz, consultor empresarial na área de Planejamento Estratégico e Qualidade Total, trouxe as 12 atitudes para o empreendedor bem sucedido: Meta, Planejamento, Persistência, Comprometimento, Relacionamento, Mudança, Aprender Sempre, Iniciativa, Orgulho, Integridade e Amor pelo que faz. Para ele, é preciso ter foco na solução e não no problema. “Existem três premissas básicas, que não devem ser esquecidas”, garantiu. “O produto que mais vende é o que mais se oferece; profissionais mais estimulados rendem mais e aquele que tem objetivo é mais propenso ao sucesso”.

FRESP (www.fresp.org.br) - Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo.

Entidade sindical de grau superior, a FRESP foi criada em 1994, com o objetivo de agrupar, representar, coordenar, proteger e estimular o aprimoramento das atividades de transporte de passageiros por fretamento.

A FRESP congrega 7 sindicatos regionais, que por sua vez têm 380 empresas associadas. São eles: SETFRET - Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento de Sorocaba e Região; SINFRECAR - Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento de Campinas e Região; SINFREPASS - Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento de Ribeirão Preto; SINFRESAN - Sindicato das Empresas de Passageiros por Fretamento de Santos; SINFRET - Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo; SINFREVALE - Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento da Região do Vale do Paraíba e TRANSFRETUR - Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros e Turismo de São Paulo.

No Estado de São Paulo existem 10 mil veículos de fretamento e no Brasil 4.900 empresas de fretamento são cadastradas junto à ANTT para viagens interestaduais e internacionais. O setor movimenta cerca de R$ 3,2 bilhões anuais.