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14/10/2009 - 13:27

A Elite Paulista e o Olhar aos Pobres

Nos anos 1980, foram muitas as tentativas que surgiram por parte da Igreja de fazer com que a elite, não só a paulista, mas as demais, enxergasse os mais humildes de forma fraterna. Da ala religiosa católica mais esquerdista havia uma tentativa de promover campanhas de cunho social, como a “Campanha da Fraternidade”. No entanto, o que foi apregoado em cartazes e sermões parece ter surtido pouco efeito naquela época, em que o neoliberalismo estava mais vivo em nosso País.

Não há como negar que no Brasil, na era Lula, o modo de ver os problemas sociais despertou o interesse, de forma insidiosa, da elite paulista, talvez a mais refratária do País. É interessante notar que a preocupação com o social, com o bem-estar dos mais pobres, tornou-se menos relacionada ao universo estigmatizado de um pensamento esquerdista e passou a ter relação conceitual com os mais ricos, como uma iniciativa fraterna, solidária, quase aos moldes religiosos de justiça social dos anos 1980 ou das iniciativas do Terceiro Setor.

O que Marta Suplicy fez de inovador na época agora já não mais nos surpreende tanto, ao vermos várias personalidades, que jamais poderíamos imaginar, convertidas ao socialismo, engajando-se, exultantes, quer no Partido dos Trabalhadores, quer no Partido Socialista Brasileiro, na tarefa de fazer do Brasil um País mais justo. Talvez exista hoje na elite paulista a consciência de que o consumo dos pobres é algo democrático, que gera empregos e diminui a violência, e de que seja a receita para direcionarmos o Brasil no fortalecimento do mercado interno, gerando um ciclo virtuoso de negócios e empreendimentos.

Acostumarmo-nos com um shopping da periferia lotado, com a mescla racial participando das compras, gastando, adquirindo uma nova geladeira, um novo fogão, gera, na realidade, uma satisfação que desconhecíamos. Essa nova era virtuosa impõe-nos uma nova postura sobre o potencial de consumo brasileiro, uma nova condição política partidária e um olhar novo e fraterno aos pobres, que a cada dia ficam mais parecidos conosco no inevitável desejo de consumir e de um dia tornar-se a elite de amanhã, num Brasil, enfim, bem mais humano.

. Por: Fernando Rizzolo, Advogado, Pós Graduado em Direito Processual, Professor do Curso de Pós- Graduação em Direito da Universidade Paulista (UNIP), Coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, e membro efetivo da Comissão de Direito Humanos da OAB/SP, Articulista Colaborador da Agência Estado, e Editor do Blog do Rizzolo [www.blogdorizzolo.com.br]

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