Carvão vegetal

Tecnologia brasileira combate efeito estufa

A Bricarbras, indústria de Jaguariaíva, no interior do Paraná, desenvolveu uma tecnologia inédita para produção de carvão vegetal que traz grandes benefícios ao meio ambiente e ajuda a combater o trabalho infantil e escravo - situação infelizmente ainda bastante comum no Brasil.

O sistema ecologicamente adequado de produção de carvão vegetal recebeu recentemente o reconhecimento de uma das principais premiações nacionais na área de meio ambiente. O projeto da Bricarbras - empresa do Grupo Hübner, do Paraná -- foi o principal vencedor da categoria tecnologia do Prêmio Ambiental Von Martius, entregue pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. O projeto foi escolhido entre 168 concorrentes.

Desenvolvido para produzir carvão vegetal a partir de biomassa e madeira de reflorestamento, o processo industrial adota fornos metálicos, que substituem com significativas vantagens os modelos tradicionais em alvenaria. O sistema reduz a poluição e o desmatamento e ainda gera oportunidades dignas de emprego e renda aos pequenos produtores.

"Uma das vantagens do nosso processo de carbonização é a redução do tempo para cerca de oito horas, enquanto o processo tradicional demora de dez a quinze dias", diz o engenheiro Alexandre Santos Pimenta, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Bricarbras.

Outra vantagem é o aproveitamento da matéria-prima: para produzir 1 m3 de carvão o sistema necessita de 1,5 m3 de madeira, enquanto o processo artesanal requer 2 m3 de lenha. Isso significa que uma única célula -- de produção mensal de 600 m3 -- substitui 30 fornos de alvenaria.

Clientes - O sistema começou a ser comercializado recentemente pela Bricarbras e já atraiu um grande cliente: a norte-americana CBCC, do Grupo Dow Corning, que produz ferro-silício e silício grau solar e químico em Minas Gerais. A empresa adquiriu o primeiro conjunto de fornos, com capacidade para produzir 4 mil m3 de carvão mensais, por R$ 3 milhões.

"Mas já estamos prontos para colocar no mercado células mais compactas, com capacidade de produção mensal de 500 m3, por R$ 400 mil", diz o empresário Nelson Hübner, diretor-presidente do grupo industrial paranaense. O empresário investiu R$ 10 milhões na construção da Bricarbras. Tecnologia

Além de aproveitar melhor a matéria-prima -- seu rendimento é cerca de 50% superior ao modelo habitualmente utilizado --, a principal inovação do sistema é o reaproveitamento dos gases gerados, que são canalizados para o interior de um queimador que realimenta o processo de carbonização.

Operando com temperaturas entre 1.000 a 1.100ºC, ele queima integralmente os poluentes alcatrões e partículas pirolenhosas, emitindo apenas vapor d'água e gás carbônico. Gases limpos que são, em parte, direcionados para a estufa de secagem de lenha, reduzindo o consumo de energia. Para otimizar este processo, outro diferencial adotado pela empresa é um sistema de microondas, que acelera a secagem.

Grupo Hübner - O Grupo Hübner é composto por 7 unidades industriais no Brasil, atuando nas áreas de reflorestamento, briquetagem, siderurgia, fundição, usinagem e implementos rodoviários, com grande sinergia entre elas, o que garante agilidade e capacidade tecnológica no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias.