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17/10/2009 - 10:40

Direitas em movimento: A Campanha das Mulheres pela Democracia e a Ditadura no Brasil


Sinopse - Quem deu o golpe de 1964? Quem apoiou a ditadura no Brasil? Apenas os militares? É inegável a responsabilidade das Forças Armadas pela ditadura que assolou o país. Mas os militares estiveram sós? A autora deste livro, Janaina Martins Cordeiro, não se satisfaz com bodes expiatórios e faz um convite de maior complexidade: investigar as bases sociais e históricas da ditadura civil-militar no Brasil, um exercício indispensável para compreender a história que passou, para que possamos cultivar, no futuro, a hipótese de uma outra história.

Ganhador do Prêmio Pronex/UFF Culturas Políticas 2008: Orelha - Ditadura militar: estas duas palavras ganharam o estatuto de verdade reconhecida. Confluíram, neste sentido, sem dúvida, evidências indiscutíveis: o protagonismo, o poder e os privilégios dos militares — os cinco ditadores-presidentes, todos generais e o fato de que oficiais das três armas praticaram a tortura como política de Estado. Mas tramas outras também contribuíram: as construídas por instituições, lideranças, partidos, empresas querendo livrar-se da acusação de colaboracionismo com a ditadura. E ainda o acionamento de uma tradição eficiente e ancestral — a do bode expiatório que, como se sabe, concentra ódios em determinadas pessoas ou instituições, permitindo às sociedades o consolador e conveniente exercício da autoabsolvição.

Assim, os militares, os milicos, os gorilas, tranformaram-se nos bodes da sociedade brasileira. A ditadura? Foi coisa deles. A repressão? Deles a responsabilidade. A tortura? Apenas eles a condenar. É inegável a responsabilidade das Forças Armadas pela ditadura que assolou o país. Mas a impertinente pergunta volta a incomodar: estiveram sós? René Dreifuss, em pioneiro trabalho, nos anos 1980, mostrou as complexas alianças que se forjaram em torno do golpe, reunindo empresários, lideranças políticas, eclesiásticas e empresariais.

O trabalho de Janaina Martins sobre a Campanha da Mulher pela Democracia (Camde) trilha a mesma senda, mas abre novas perspectivas. Das cúpulas golpistas, pesquisadas por Dreifuss, a lente da pesquisadora se desloca para a sociedade, surpreendendo consistentes movimentos sociais de direita.

Organizações esquecidas e lideranças silenciadas numa “certa” história, agora recuperam vida e exercitam suas memórias, ora orgulhosas, ora atormentadas ou em dúvida. União Cívica Feminina, Liga da Mulher Democrática, Cruzada Democrática Feminina, Ação Democrática Feminina, Campanha da Mulher pela Democracia. Em São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, em toda a parte, expressando profundas convicções, autoorganizando-se, senhoras ganhariam as ruas em nome de Deus, da Pátria, da Família e da Liberdade.

Em vez da tese do bode expiatório, simplista e consoladora, Janaina Martins nos convida, com palavras bem escritas, sutis, delicadas e persuasivas, a seguir um outro caminho, complexo, difícil e doloroso: investigar as bases sociais e históricas da ditadura civil-militar no Brasil, exercício indispensável para compreender a história que passou para que possamos cultivar, no futuro, a hipótese de uma outra história.

Autora: Janaina Martins Cordeiro é mestra em história pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Direitas em movimento: a Campanha da Mulher pela Democracia e a ditadura no Brasil é fruto das pesquisas desenvolvidas durante seu mestrado. Atualmente é doutoranda em história também pela UFF e pesquisadora vinculada ao Núcleo de Estudos Contemporâneos desta universidade.

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