UMA nova visão de gestão

Atualmente, os prestadores de serviços trabalham sob um sistema de funcionamento em que o cliente escolhe a empresa que quer contratar, afinal, tem o direito de procurar uma opção que atenda as suas demandas. É assim desde sempre: clientes escolhem aqueles com quem querem trabalhar, esses, ficam dependentes da evolução ou da regressão daqueles que atendem. Não falta justiça e igualdade de possibilidades nessa relação? Onde fica a opção da empresa contratada, que também tem necessidade de crescer e, em alguns momentos, fica limitada ao nível de uma gestão menos organizada? A solução seria uma relação bilateral, com a escolha possível para ambos os lados.

Muitas vezes, também, o empresário mostra uma postura egoísta, pois conta com o contador enquanto está se estruturando, mas após alcançar um nível estável, busca uma assessoria maior, que, muitas vezes possui a mesma estrutura da assessoria contábil anterior. Essa mudança também ocorre já que muitas vezes o gestor não observa o crescimento de sua contabilidade, não entende que muitas das necessidades que ele tem serão atendidas pela mesma assessoria, sem a necessidade da mudança.

A partir disso, podemos pensar em uma nova forma de gestão, quase que auto-defensiva, em que o contabilista seleciona as contas que sua empresa deve atender. Essa escolha não ocorre da mesma maneira que aquela feita pela companhia que nos procura, ela é mais orgânica e vem sendo feita por muitos prestadores de serviço que crescem no mercado empresarial brasileiro. Tomando o conceito darwinista emprestado, podemos dizer que ocorre uma seleção natural, na qual os clientes menos preocupados com a assessoria contábil começam a ser substituídos por aqueles mais bem estruturados internamente, dotados de um potencial de crescimento maior e da atenção necessária ao serviço prestado pelo contador. Existem vários fatores que influenciam essa seleção, como a qualidade do serviço da companhia, o porte e a competência de sua gestão financeira.

Essa seleção se justifica por uma necessidade de crescimento e, usando termos da biologia novamente, um pedido por evolução, nesse caso, positiva. Vejo que em vários estabelecimentos, aumenta-se a qualidade do trabalho fornecido, enquanto os clientes continuam no mesmo patamar, muitas vezes com um porte inferior. A questão não é apenas o tamanho, pequenas empresas não são, necessariamente, clientes ruins, mas, eventualmente, encontramos exemplos de defasagem em competência e profissionalismo. Nessa nova forma de gestão, os atendidos que não acompanham o crescimento da assessora não conseguem impedir um desenvolvimento ainda maior, pois são eliminados no meio do caminho. Além disso, com o desenvolvimento da prestadora de serviços, aumentam as possibilidades de conquista de outros parceiros, mais dispostos a adaptar sua empresa aos procedimentos propostos pela assessoria contábil, em busca de uma nova forma de relacionamento com o contador.

Aqui, existe uma relação causal: com a evolução do escritório que presta o atendimento, saem as empresas mal administradas e chegam as novas, melhores, maiores e mais competentes. Sei que essa é uma visão que ultrapassa alguns conceitos estabilizados do mundo empresarial, mas, pensando no meu setor de atuação, de assessoramento, acredito ser essa a melhor forma de gerir empreendimentos que possuem potencial para crescer, a fim de que consigam alcançar suas metas. Não venho pregar por uma revolução, mas apenas mostrar que prestadores de serviços dependem de outras companhias para sobreviver e também têm o direito de evoluir no mercado, assim como querem que seus clientes cresçam. Impossibilitar esse desenvolvimento empresarial, algemando a prestadora a um mau cliente, é impedir o surgimento de uma grande companhia do futuro.

. Por: Dora Ramos atua no mercado contábil-administrativo há mais de vinte anos. É fundadora e diretora responsável pela Fharos| www.fharos.com.br.