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21/10/2009 - 05:38

Nobel das Nações para o Brasil

Nenhum brasileiro jamais ganhou o Prêmio Nobel. Mas, se houvesse uma categoria que premiasse países, o Brasil teria sido forte candidato a essa especial deferência em 2009.

Digo isso porque os ganhadores do Prêmio Nobel 2009 são expoentes de um novo jeito de ver o mundo. O caso mais emblemático é o de Barack Obama. Por que entregar o Nobel da Paz a um presidente que assumiu o poder há apenas nove meses, e que ainda não conseguiu cumprir uma de suas principais promessas de campanha – o fechamento da prisão de Guantánamo? “Porque Obama trouxe uma esperança de paz”, sintetizou Vitor Nogueira, porta-voz da seção portuguesa da Anistia Internacional no dia em que a novidade foi anunciada.

Obama é o símbolo de uma América renovada, que sofreu e ainda sofre as dores dos ataques terroristas, das guerras que se prolongam além da conta do outro lado do mundo e de uma crise financeira sem precedentes, que foi capaz de colocar em xeque o american way of life! Quando o dramático estouro da bolha financeira expôs a fragilidade do gigante e obrigou a população mais consumista do mundo a repensar seus hábitos e suas prioridades, o democrata soube resgatar a autoestima de seu povo com duas palavras: We Can!

E foi no contexto de um mundo ainda entorpecido pelo tremor do grande império que o Parlamento Norueguês agraciou Obama com o Nobel da Paz. E a opção pelo presidente norte-americano não foi a única surpresa deste ano: a outorga do Nobel de Economia à cientista política Elinor Ostrom também foi inesperado.

Quinta mulher a receber um Nobel em 2009 e primeira da História a ganhá-lo nesta categoria, a norte-americana Ostrom é um expoente do tema “sustentabilidade”. Segundo o júri, o mérito de seu trabalho consiste em “focar especialmente os aspectos comuns às pessoas em geral, e a forma como os recursos naturais são gerenciados”. Em resumo: produção e consumo conscientes estão em alta.

Em sua área de pesquisa, Elinor Ostrom procura entender como os indivíduos, por meio de decisões cotidianas, podem contribuir para a solução de problemas de dimensões planetárias, como o aquecimento global. No entendimento do comitê que a escolheu, "Ostrom desafiou a sabedoria convencional de que a propriedade comum é mal gerenciada e deveria ser regulada por autoridades centrais ou privatizada". Analisando florestas, pastagens e lagos, a pesquisadora – que se autodenomina “economista política” – concluiu que os usuários de determinados recursos tendem a desenvolver mecanismos sofisticados para tomar decisões e cumprir regras que podem ser classificadas como “sustentáveis”, mesmo que não se vejam forçados a agir desta maneira. Ela também conseguiu caracterizar as regras que propiciam resultados positivos e ressaltou a perspectiva de um futuro no qual as pessoas se mostrarão especialmente atentas ao bem comum.

Ostrom divide o prêmio com Oliver Williamson, seu parceiro nos trabalhos sobre governança econômica, e igualmente engajado na análise das decisões tomadas fora dos mercados. Williamson, que trabalha na Universidade da Califórnia, em Berkeley, pesquisa o porquê de certas decisões econômicas ficarem a cargo dos mercados e outras dentro das corporações.

Também merece destaque a entrega do Nobel de Literatura à escritora alemã Herta Müller, autora do romance "Atemschaukel", que narra o drama da deportação de um romeno de origem alemã para um campo de trabalho na União Soviética de 1945. Müller aborda a vida em um campo de trabalho e evidencia o desrespeito aos direitos humanos em amplas partes da Europa. O livro valeu à autora mais um prêmio: o prestigiado Franz Werfel, de direitos humanos.

Que outra nação, além do Brasil, personifica tão bem os valores que diferentes comitês do Nobel valorizaram mais fortemente em 2009? Nesta década, provamos que é possível sair da condição de subdesenvolvimento e que a conciliação entre crescimento econômico e redistribuição de renda é viável e positiva para todos. Nossas instituições políticas e financeiras amadureceram e se provaram sólidas. Conseguimos caminhar a passos rápidos e praticamente sem tropeços.

Esperança, paz, sustentabilidade, respeito ao ser humano... O comitê do Nobel deu o seu recado: mais importante do que o dia de hoje, é o amanhã que estamos construindo. E todos nós temos um papel a desempenhar nesse processo!

. Por: Eduardo Pocetti, CEO da BDO, quinta maior empresa de auditoria no Brasil e no mundo.

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