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27/10/2009 - 11:23

Aprendemos com a crise, diz William Handorf

Diretor do Federal Home Loan Bank of Atlanta e ex-diretor do Federal Reserve de Richmod na gestão de Alan Greenspan, o economista esteve no Brasil a convite da Fecomercio e da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

São Paulo, 26 de outubro de 2009 - “Nós aprendemos com a crise e agora temos mecanismos mais eficazes para calcular riscos. Infelizmente, pagamos um preço muito alto por isso.” Foi a essa conclusão que William Handorf, diretor do Federal Home Loan Bank of Atlanta, chegou sobre a crise econômica que derrubou o mercado americano no final do ano passado, levou à falência gigantes – como a seguradora AIG e o banco de investimentos Lehman Brothers –, e contaminou o mundo inteiro.

Durante o café da manhã com jornalistas, economistas e representantes dos setores de comércio e indústria na Fecomercio, na última quinta-feira (22), Handorf explicou – de forma bem humorada – o surgimento da crise, suas consequências e a situação dos Estados Unidos (EUA). “A responsabilidade pela situação atual é toda dos EUA”, diz o também professor da George Washington University. O evento foi aberto por Paulo Rabello de Castro, presidente do Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio.

Especialista em financiamento imobiliário, Handorf afirma que a crise financeira foi motivada, em grande parte, por uma atitude criminosa dos profissionais de banco responsáveis por conceder crédito. “Os empréstimos não tinham regulação alguma”, critica o ex-diretor do Federal Reserve de Richmod na gestão de Alan Greenspan.

Um exemplo da falta de regulação fica evidente nos processos de concessão de crédito dos bancos. Handorf conta que, quando alguém procurava um empréstimo para comprar uma casa de US$ 1 milhão e não tinha renda suficiente, o responsável pela liberação do dinheiro fraudava o processo acrescentando falsos ganhos à renda do interessado. “‘Você tem marido? Então vamos colocar que ele ganha US$ 100 mil. Você tem cachorros? Ah, então mais US$ 20 mil por treinamento de animais. Toca piano? Ótimo, você ganha US$ 10 mil dando aulas.’ E assim concediam o empréstimo e cumpriam suas cotas”, conta.

O preço das casas compradas desse modo começou a subir e, animados com a valorização, os consumidores americanos, que já não podiam pagar suas dívidas, passaram a gastar mais. Para arcar com as novas despesas, os imóveis eram refinanciados, criando títulos podres que não poderiam ser pagos. Isso gerou um ciclo que sempre aumentava o risco dos empréstimos, até os bancos pararem de receber e começarem a quebrar.

A partir daí alguns Estados entraram em crise pela especulação, outros por problemas com as indústrias, até que o desemprego chegou a 23%. Muitas pessoas perderam suas casas. “Uma das coisas mais tristes da crise é isso: ver pessoas dormindo na rua ou em igrejas”, lamenta Handorf. Outro problema da crise é que muitas pessoas foram atingidas, mas poucas estão se recuperando.

Os americanos só estão gastando com aquilo que realmente precisam, o que desacelera a economia e torna mais lenta a recuperação. O governo de Barack Obama já projeta um déficit de mais de US$ 1 trilhão para este ano (2009), equivalente a 8,5% do Produto Interno Bruto americano. “Mas eu estou certo de que o Brasil pode comprar parte de nossas dívidas, agora que vocês estão com uma grande reserva de dólares”, brinca. Contudo, Handorf mostra-se otimista quanto a 2010. “Acredito que o ano que vem será de recuperação, como foi 2002-03. Infelizmente, sem criação de empregos”, arremata.

William Handorf esteve no Brasil a convite da Fecomercio e da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

Perfil da Fecomercio - A Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa 152 sindicatos patronais, que abrangem cerca de 600 mil empresas. O setor comercial brasileiro corresponde a 11% do PIB e gera em torno de cinco milhões de empregos.

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