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28/10/2009 - 12:08

Pelo fim dos rodeios

Atualmente, o município de Guarulhos, na Grande São Paulo, é palco de um importante debate. Está em análise nas comissões da Câmara Municipal um Projeto de Lei cujo intuito é permitir novamente a realização de rodeios na cidade. Esse novo texto busca alterar a lei municipal 6033/04, de minha autoria, e que, ao proibir os maus tratos e a utilização de animais em circos, rodeios, vaquejadas e cavalhadas, significou um imenso avanço para Guarulhos, no que se refere ao tipo de sociedade que queremos ser. Tenho confiança de que a Câmara agirá com sabedoria e não permitirá esse retrocesso. E tenho esperança de que o exemplo de Guarulhos sirva de inspiração a outras cidades do país.

Nos dias de hoje, não é mais aceitável que nós, seres humanos, utilizemos o sofrimento de outros animais como forma de divertimento. É preciso uma mudança de paradigma, condizente com todos os avanços que a civilização humana vem apresentando nas últimas décadas.

Esse desenvolvimento da sociedade pode ser percebido no consenso que existe em relação aos maus tratos aos animais. Nem o mais ardoroso defensor dos rodeios apoia práticas cruéis contra os touros. Então, se a voz uníssona da sociedade já percebeu que não existe humanidade em maltratar outro ser vivo para uma pretensa diversão - e que justamente o que diferencia o ser humano é a capacidade de compaixão -, já está na hora de avançar, de mudar os paradigmas e a mentalidade da sociedade. Saem formas de diversões arcaicas, baseadas no sofrimento e na humilhação aos animais, que são plenamente identificadas com os primórdios da civilização, e entram novas formas de divertimento mais saudáveis e que não necessitem de sangue de outros seres vivos para o entretenimento.

Atualmente, Guarulhos tem uma das mais avançadas leis de proteção aos animais. No entanto, é preciso que o sucesso de Guarulhos seja replicado em mais cidades. Cabe aos cidadãos mostrar às autoridades que houve uma mudança de paradigma na sociedade. E perceber essa transformação é um dever dos legisladores.

A luta pelo fim desses espetáculos cruéis mostra a sociedade que somos e que queremos ser. Trata-se de um processo natural de evolução. Antes do século XX, a mentalidade dominante era de que os animais, como bois, cachorros e gatos, deveriam servir ao homem. Isso mudou. Os direitos dos animais são mais do que uma causa - em muitos locais são uma realidade. Portanto, não se trata de uma discussão de cunho financeiro ou de negócios. O importante não é se os rodeios vão ou não aumentar a arrecadação de determinado município. E sim que essa prática não tem mais lugar no mundo de hoje.

Esse mesmo processo aconteceu em diversas outras frentes, mostrando que o ser humano faz parte de um ecossistema mais amplo e sensível - e não de que a natureza existe para ser explorada pelo homem. A sociedade mudou seus conceitos. A ideia de ecologia e a busca pela preservação do meio ambiente já ganharam o coração de crianças e adolescentes - e também de idosos. Na sociedade moderna, não há mais espaço para diversão humana baseada no sofrimento de outros seres vivos.

E dizer não aos rodeios e demais formas de espetáculos cruéis é uma forte afirmação da nossa própria humanidade. É mostrar que mudamos os paradigmas que regem a nossa sociedade e apontar a direção para a civilização que queremos ser.

. Por: José Luiz Guimarães (PT), vereador em Guarulhos e líder do Governo na Câmara

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