Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

31/10/2009 - 13:40

Metrô é a solução

As viagens paulistanas merecem cada vez mais este nome. Viagem, ato que exige tempo e que influi no seu propósito. Viagem urbana, como rápido deslocamento, fica cada vez mais distante do imaginário do cidadão, na mega-cidade paulista. Motoristas viram páginas de jornal ou tagarelam em seus celulares, na criatividade indevida para não perder tempo.

Não adianta apenas incorporar novas vias urbanas. Exauriu o rodoviarismo nas metrópoles. Às novas vias expressas bastam poucos dias para que não mais mereçam este nome, a demanda reprimida funciona como metástase urbana. Paulistanos em suas ilhas de desespero, confortáveis carros parados, devem pensar que a salvação não existe. Não se evita demissão por atraso nem divórcio por falta de tempo de convívio.

Contudo, há luz no fim do túnel e é de trem mesmo. Trem urbano com rodas de aço, que não deixa qualquer dúvida de que se trata daquele que gerou a palavra metrô, galicismo de métropolitain. Comboios de tração elétrica em via exclusiva e traçado geralmente em desnível com a rua completam sua identidade. E é este que deve compor as artérias do transporte urbano, onde flui multicolorido sangue, seres humanos que se esforçam para entrar ou permanecer nos trens, que aceitam o aperto nos horários de pico, porque é solução única para seus anseios de transporte.

Ônibus, automóveis ou quaisquer outros veículos devem alimentar este trem, trazendo ou levando passageiros, por ruas que formam densa rede capilar de um corpo chamado metrópole. Ciclismo e pedestrianismo, para as curtas viagens, onde a motocicleta não deve fazer parte das alternativas, alto risco com emoção e liberdade aparente. Portanto, o transporte metropolitano deve ser estudado de forma orgânica, onde se atribui conceito de órgão vital a alguns elementos e terapias adequadas para seus problemas, segundo remédios de amplo espectro. Errados, matam. Panacéias, recursos preciosos desperdiçam.

Fura-fila na avenida do Estado ou monotrilho na avenida Juscelino Kubitschek compõem projetos e estudos que, respectivamente, tiraram, no passado, o foco do elixir correto, o Metrô. Noticiado nestes dias, o estudo de monotrilho a interligar o Morumbi ao Aeroporto de Congonhas exige reflexão à luz dos acertos e erros anteriores. Pode se transformar em mais um projeto a relegar o Metrô. Monotrilhos são belos em parques temáticos ou aeroportos, mas não competem com Metrô. O suave tráfego sobre pneus acarreta maior custo operacional. Em Paris, berço do Metrô de pneus, as novas linhas voltaram para trilhos de aço.

Metrô é caro, mas sua capacidade atravessa décadas de atendimento. A construção é lenta, por que é caro? Falso apanágio. Na Cidade do México, o Metrô atingiu 200 km, extensão que se subentende como ideal para estimular deixar o carro em casa, quando foram construídos 60 km em 10 anos. Em São Paulo, extensão equivalente demorou 30 anos. Para evitar o alto custo construtivo do Metrô subterrâneo, bastam linhas elevadas, como em Santana ou no overground londrino, que complementa o underground, em bairros afastados. Este Metrô tem apelido de respeito, The Tube, adornando canecas e se estendendo ao espaço cibernético, YouTube. Metrô, a solução.

. Por: Creso de Franco Peixoto, engenheiro civil, mestre em Transportes e professor do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana).

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira