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05/11/2009 - 10:23

Maioria das capitais registra alta na cesta básica, aponta Dieese

A maior parte das capitais onde o Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – realiza a Pesquisa Nacional da Cesta Básica registrou aumento no preço do conjunto de produtos alimentícios essenciais, em outubro. Doze localidades apresentaram variações situadas entre 0,06%, apurada em São Paulo e 2,37%, verificada em Belo Horizonte. Em Goiânia, o aumento foi muito superior ao das demais cidades, chegando a 9,20%, enquanto em Vitória (-0,64%), Manaus (-1,01%), Recife (-1,10%) e Fortaleza (-1,26%) ocorreram quedas nos valores dos gêneros de primeira necessidade.

O valor mais elevado para a cesta básica foi verificado em Porto Alegre (R$ 248,29). Em São Paulo, os produtos essenciais custaram R$ 230,03 e em Florianópolis, R$ 226,37. As capitais mais baratas foram Aracaju (R$ 168,15), Fortaleza (R$ 170,29) e João Pessoa (R$ 175,19).

Com base no maior custo apurado para a cesta e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o salário mínimo necessário. Em outubro, o valor do menor salário pago no país deveria ser equivalente a 4,49 vezes o mínimo em vigor, de R$ 465,00, ou seja, R$ 2.085,89. Em setembro, seu valor era estimado em R$ 2.065,47 (4,44 vezes o mínimo vigente) e em outubro do ano passado correspondia a R$ 1.971,55, ou seja 4,75 vezes o piso de então (R$ 415,00).

Variações acumuladas: Somente duas capitais apresentaram aumento nos preços dos gêneros alimentícios, entre janeiro e outubro deste ano: Belém (1,88%) e Salvador (2,37%). Nas outras 152 localidades, o custo da cesta registrou variação acumulada negativa, com destaque para Natal (-14,03%), Fortaleza (-13,70%), Aracaju (-13,00 e João Pessoa (-12,65%).

Nos últimos 12 meses – de novembro de 2008 a outubro último – 10 das 17 capitais pesquisadas registraram variações acumuladas negativas, com destaque para Natal (-7,71%), Fortaleza (-7,13%) e Aracaju (-6,62%).

As maiores elevações foram registradas em Salvador (8,23%), Vitória (5,16%) e Recife (4,16%) (Tabela 1).

Tabela: Pesquisa Nacional da Cesta Básica Custo e variação da cesta básica em 17capitais Brasil – outubro de 2009:

Cesta x salário mínimo: Em outubro, a aquisição de uma cesta básica demandou do trabalhador que ganha salário mínimo o cumprimento de uma jornada, na média das 17 capitais pesquisadas, de 97 horas e 27 minutos, ligeiramente maior que em setembro, quando a compra do mesmo conjunto de alimentos exigia a realização de 96 horas e 23 minutos. Em outubro de 2008, a mesma cesta necessitava de uma jornada de 109 horas e 34 minutos.

A proporção do salário mínimo líquido – após a dedução da parcela referente à Previdência Social – comprometido com a compra dos bens de primeira necessidade correspondia a 48,15% do rendimento líquido do trabalhador, em outubro, contra 47,62% do mês anterior, e 54,14% de outubro do ano passado Comportamento dos preços.

Os aumentos verificados no custo da cesta básica, em outubro, em 13 das 17 capitais pesquisadas foram determinados pelo comportamento de um grupo de produtos que teve alta generalizada. Carne bovina e óleo de soja subiram em todas as localidades enquanto açúcar e tomate tiveram aumento em 14.

A alta no preço da carne – produto com maior peso na cesta – teve, como destaque, os aumentos apurados para Goiânia (10,78%), Rio de Janeiro (3,33%), Salvador (3,19%), Brasília (2,95%) e Belo Horizonte (2,89%). As menores elevações ocorreram em Fortaleza (0,95%), Vitória (0,59%), São Paulo (0,49%) e Porto Alegre (0,37%). No período anual, porém, a carne está mais barata em 13 capitais, com as principais retrações registradas em Florianópolis (-11,57%), Natal (-10,45%), Porto Alegre (-8,68%) e Curitiba (-6,52%). As quatro capitais onde houve alta foram: João Pessoa (10,92%), Recife (6,55%), Salvador (3,19%) e Fortaleza (1,72%). Os principais motivos do aumento mensal são a demanda internacional mais aquecida e a queda na produção argentina devido à redução do rebanho.

O clima atípico com excesso de chuva no período de estiagem contribuiu para o crescimento das pastagens, o que deve permitir a engorda do gado e portanto, maior oferta da carne com barateamento ou, pelo menos, estabilidade no preço caso a demanda mundial não cresça demasiadamente.

O óleo de soja, também com aumento generalizado, teve as elevações mais significativas registradas em Goiânia (14,87%), Recife e Belém (ambas com 7,06%), e Brasília (6,58%), enquanto as menores taxas ocorreram em Salvador (1,22%), Aracaju (1,21%) e Curitiba (0,76%). Em 12 meses, porém, a situação é inversa. Houve redução em 16 capitais, com variações entre -4,88%, em Belém, a -16,85%, em São Paulo. A única elevação ocorreu em Aracaju (1,21%). O óleo de soja é um dos componentes do biodiesel, o que resulta em menor oferta do produto refinado para o consumo das famílias. Nos últimos meses, seu preço vinha caindo sistematicamente.

Catorze capitais apresentaram aumento no preço do açúcar, em especial, Salvador (28,41%), Goiânia (20,33%), Brasília (15,71%) e Porto Alegre (12,05%). Em Fortaleza houve estabilidade e as reduções ocorreram em Recife (-0,59%) e João Pessoa (-0,60%).

Nos últimos 12 meses, o preço do produto cresceu fortemente em todas as 17 capitais, registrando taxas entre 15,83%, em Belo Horizonte e 100,00%, em Goiânia. O aumento do preço do açúcar no mercado internacional provocou sua elevação no país.

O tomate – item sempre sujeito a oscilações – apresentou, em outubro, as mais expressivas elevações em Goiânia (32,88%), Porto Alegre (23,49%), Rio de Janeiro (17,06%) e Belo Horizonte (16,27%). Em Fortaleza (-1,20%), Manaus (-1,44%) e Recife (-9,40%), os preços recuaram. No período anual, aumentos expressivos foram apurados no período anual em 15 capitais. As maiores taxas ocorreram em Salvador (107,03%), Vitória (88,97%), Rio de Janeiro (78,79%), Belo Horizonte (71,35%) e Brasília (67,52%) e as menores altas foram anotadas em Aracaju (0,68%) e Manaus (8,73%). Já em Fortaleza (-5,17%) e Natal (-7,38%) o produto ficou mais barato. Fatores climáticos, em especial as intensas chuvas dos últimos cinco meses em boa parte do país têm contribuído para a elevação dos preços.

Dentre os produtos para os quais houve redução em outubro, o principal destaque é o leite, cujo preço caiu em 14 capitais. As retrações mais significativas foram verificadas em Porto Alegre (-8,18%), São Paulo (-7,45%), Belém (-6,77%), Salvador (-6,67%) e Vitória (-6,27%). Em Manaus (0,41%), Aracaju (1,25%) e Goiânia (4,79%), o produto ficou mais caro. Em comparação com outubro de 2008, taxas elevadas foram apuradas para 15 cidades, em especial Vitória (31,94%), João Pessoa (28,83%), Recife (28,22%) e Natal (27,43%). Neste período, Brasília (-4,18%) e Belo Horizonte (-2,52%) apresentaram redução. O leite teve forte alta no primeiro trimestre deste ano. Nos últimos meses, como não houve nítido período de entressafra, a oferta é suficiente para o abastecimento, como indicam as reduções predominantes em outubro.

O preço do feijão caiu em dez localidades, com destaque para Recife (-6,35%), Salvador (-5,03%) e Aracaju (-4,58%). Em Belo Horizonte, houve estabilidade enquanto em seis regiões foram anotadas elevações, principalmente no Rio de Janeiro (3,39%) e Goiânia (3,26%). Em 12 meses, o barateamento foi generalizado, com recuo nas 17 capitais, que variou de -36,51%, em Brasília a -58,63%, em São Paulo. A expressiva safra do início deste ano aumentou a oferta do produto, e reduzindo os preços tanto do feijão de cores quanto do preto.

A farinha de trigo ficou mais barata, em outubro, em oito das nove localidades do Centro-Sul do país onde seu preço é pesquisado. Florianópolis (-3,66%), Porto Alegre (-3,38%) e São Paulo (-3,17%) tiveram as maiores quedas e a única alta ocorreu em Goiânia (4,60%). Em 12 meses, o recuo foi observado em todas as nove cidades, com as maiores taxas observadas em Goiânia (-22,66%), Curitiba (-20,16%0 e Brasília (-18,88%) e as menores anotadas em Vitória (-10,19%) e Porto Alegre (-12,28%).A farinha de trigo está sempre sujeita aos preços do mercado mundial, pois o Brasil não é autossuficente na produção do trigo, importando cerca de 60% do produto consumido, para suprir a demanda.

Para o arroz, o destaque foi o período anual, pois 16 capitais tiveram queda, as mais expressivas verificadas em Aracaju (-23,79%), Belém (-20,84%) e Vitória (-19,12%). A retração originou-se na boa safra deste ano. Apenas em Porto Alegre foi registrada alta, de 2,20%. No mês de outubro, sete capitais registraram queda no preço do produto, sete alta e três mantiveram-se estáveis.

São Paulo: Mais uma vez, a capital paulista registrou o segundo maior valor, entre as 17 capitais pesquisadas, para o conjunto de produtos que compõem a Cesta Básica, com seu custo chegando a R$ 230,03. Em relação a setembro, o Dieese apurou uma pequena elevação de 0,06%. As variações acumuladas entre janeiro e outubro deste ano e na comparação com outubro do ano passado são ambas negativas, a primeira de -3,95% e a segunda de -3,41%.

Nenhum dos 13 produtos que compõem a Cesta Básica pesquisada pelo Dieese em São Paulo apresentou, em outubro, variação extremamente elevada, mas nove itens registraram alta, com o maior aumento apurado para o açúcar refinado (9,58%). Subiram também o óleo de soja (3,57%); a batata (2,94%); a banana nanica (2,38%); o arroz agulhinha tipo 1 (1,56%); o tomate (1,29%); a carne bovina de primeira (0,49%), o pão francês e o café em pó, ambos com variação de 0,16%. Os preços de quatro produtos caíram: leite in natura integral (-7,45%); farinha de trigo (-3,17%); feijão carioquinha (-3,08%) e manteiga (-2,33%).

A retração nos preços da cesta, em comparação com outubro de 2008, resultou da queda verificada nos preços de nove itens: feijão (-58,63%), óleo de soja (-16,85%); farinha de trigo (-15,90%); café (-13,94%), banana (-10,57%), manteiga (-6,60%), arroz (-6,25%), pão (-3,03%) e carne (-2,75%). Açúcar (51,24%), tomate (51,21%), batata (33,76%) e leite (12,77%) foram os produtos com alta no período.

A pequena variação do custo da cesta paulistana nos dois últimos meses fez com que a jornada de trabalho necessária para a aquisição da cesta tivesse alteração muito pequena no período, correspondendo a 108 horas e 50 minutos, em outubro e 108 horas e 46 minutos em setembro. Em outubro do ano passado, a jornada era calculada em 126 horas e 15 minutos.

Também quando se considera a relação entre o salário mínimo líquido – após o desconto da Previdência Social - e o custo da cesta, a mesma situação pode ser observada, pois em outubro o trabalhador que ganha salário mínimo comprometia 53,77% de seu rendimento para comprar a mesma cesta que, em setembro, requisitava 53,74%. Em outubro de 2008, o comprometimento era de 62,38%.| www.dieese.org.br

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