Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

11/11/2009 - 10:24

O vestido rosa-shocking e os valores desfeitos

Foi a mistura de fatores, como a proximidade aos bares, o mau exemplo da televisão ou dos filmes violentos, o desejo interior de arruaça social ou o desrespeito à figura da mulher em relação à sua individualidade, que fez um grupo de jovens hostilizar a estudante de turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo), num ato de vandalismo sem precedentes?

A verdade é que esse fato nos leva a uma reflexão sobre os reais motivos da conduta assustadora e sem sentido dos estudantes da Uniban, que fez a estudante de turismo sair escoltada por PMs da universidade para se proteger de cerca de 700 alunos “descontrolados”. A questão em si não está no vestido, na roupa, até porque, se assim fosse, vandalismos existiram nas praias, nos clubes, nas piscinas.

O que podemos inferir do caso em questão é que por trás daquele ato de selvageria existe um componente de agressividade gratuito, que tem, em essência, a certeza da impunidade, fazendo com que grupos de desordeiros passem a conclamar os demais estudantes a fazer parte de uma grande manifestação de revolta, cujo objetivo é a intimidação vazia, rebelde, que nos remete aos tipos de conduta de arruaça social política.

O vestido rosa-shocking, os estudantes, o tumulto, a participação da PM demonstram que os valores éticos de respeito à individualidade feminina se misturam aos conceitos prejulgados por grupos, que, de modo violento, tentam impor sua visão distorcida, preconceituosa e agressiva como forma de ditar regras que sempre foram balizadas pelo bom-senso e respeito ao próximo.

O conceito de que a democracia permite a livre manifestação de ideias de forma pública não se entende por estender tais ideias à restrição da liberdade da mulher, ao seu modo de se vestir ou agir, sob pena de estarmos nos voltando a um fundamentalismo moralista, extirpando das mulheres a liberdade de vivenciar um Estado Democrático de Direito.

O vestido de Geyse nos serve de alerta para repensarmos o papel da mulher no inconsciente juvenil, a conduta permissiva das universidades, que não dispõem do mínimo de segurança interna, da banalização da imagem feminina na mídia e, acima de tudo, dos efeitos dos bares próximos, que, com suas mesas regadas de cerveja, inundam o cérebro dos jovens, que, por mais das vezes, estão permeados de alto teor alcoólico e de pouco teor humanista.

. Por: Fernando Rizzolo, Advogado, Pós Graduado em Direito Processual, Professor do Curso de Pós- Graduação em Direito da Universidade Paulista (UNIP), Coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, e membro efetivo da Comissão de Direito Humanos da OAB/SP, Articulista Colaborador da Agência Estado, e Editor do Blog do Rizzolo – www.blogdorizzolo.com.br, e autor do livro " Plano Detalhe" publicado pela Editora Giz.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira