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12/11/2009 - 09:54

Benedito Abbud propõe soluções para revitalizar calçadas de São Paulo

Entre as propostas estão o plantio de árvores, uso de mobiliário convidativo, acessibilidade, comunicação visual, fiação subterrânea e uso de piso drenante no lugar de piscinões para amenizar as enchentes da cidade.

Importante por sua extensão e pela qualidade de vida nas cidades, as calçadas são consideradas o principal elemento por onde as pessoas caminham, além de abrigarem a maior parte da vegetação urbana. Só em São Paulo as calçadas ocupam 60 mil km lineares, o que corresponde a uma volta e meia ao redor da Terra. Mas, para o arquiteto paisagista Benedito Abbud, a cidade ainda carece de passeios públicos agradáveis para os pedestres, o que inclui melhores aspectos estéticos e o uso de materiais ecológicos. Essa ideia e as soluções para o problema foram apresentadas pelo profissional durante sua palestra no 2º Seminário Paulistano de Calçadas, realizado em 6 de novembro na Câmara Municipal de São Paulo.

“A função principal da calçada é, juntamente com o sistema viário, ser uma espécie de esteira rolante, onde descortinamos o espetáculo urbano. Este show se apresenta por meio do percurso, proporcionando-nos sensações e surpresas agradáveis ou desagradáveis, dependendo da qualidade da paisagem”, ressalta Abbud. Ele explica que existem dois tipos de paisagens: aquela com maior incidência antrópica (feita pelo homem) e com maior incidência da natureza. A primeira delas pode ainda ser harmônica (quando as edificações são organizadas com alturas parecidas) ou desarmônica (quando há uma serie de elementos desorganizados causando uma sensação confusa e poluição visual). “A natureza, entretanto, ajuda a corrigir a desarmonia da paisagem, porque entra como se fosse ator principal e deixa a paisagem de fundo, chamando a atenção para si”, completa.

Visando resgatar o hábito de andar com conforto, praticidade e segurança, Abbud propõe a revitalização desses passeios públicos por meio do conceito de Calçada Viva, que surge com base na integração dos seguintes tipos de calçadas: ecológicas, verdes, acessíveis, saudáveis, culturais, mobiliadas e técnicas.

Calçadas ecológicas - Talvez seja o mais importante desses conceitos, uma vez que ser ecologicamente correto não significa simplesmente cuidar da área verde do local. Outras ações são necessárias, tais como o plantio de espécies frutíferas para atração de pássaros e o uso de um piso drenante, que ajuda a drenar as águas pluviais e alimenta o lençol freático. Com a adoção desse piso, o problema recorrente das enchentes de São Paulo será amplamente reduzido.

Hoje, a única medida para contenção das enchentes são os piscinões, cuja função é receber as águas da chuva que iriam naturalmente para o rio. Assim, quando a chuva passa, as águas do piscinão são bombeadas ao rio que já deve ter escoado a sobrecarga das águas. Esse processo, porém, traz problemas como o carreamento do lixo que fica no fundo do piscinão através das enxurradas e, após o bombeamento, precisa ser retirado, sobrando um “lodo” que atrai insetos e roedores, além de possíveis maus-cheiros.

Com o tempo, o piso drenante também apresenta colmatação (entupimento dos vazios internos) através do tempo. O período para que isso ocorra varia de 10 a 15 anos, tempo considerado suficiente para levar as águas da chuva diretamente para o lençol freático, ao invés de permitir que as mesmas se dirijam para a boca de lobo, alimentando as enchentes.

Calçadas verdes - Plantar árvores de forma organizada permite que suas copas minimizem a massa construída descontínua da cidade e propiciem sombreamento. Já os arbustos plantados no alargamento das calçadas nas esquinas (conceito de traffic calming) e as trepadeiras cobrindo muros geram maior sensação de verde. O conjunto melhora a qualidade ambiental, retendo o calor durante o dia e amortecendo a temperatura durante a noite.

Calçadas acessíveis -Pessoas com deficiência ou com dificuldade de locomoção, tais como idosos e gestantes, precisam ter acessos seguros às calçadas. O piso tátil de alerta e direcional, bem como a rampa de acesso são equipamentos que estão entre as soluções propostas. Esse tratamento especial permite entrada, permanência e saída com segurança e autonomia.

Calçadas saudáveis -Com essas calçadas, a ideia é incentivar seu uso como uma opção para a prática de esportes e cuidado com o corpo. Entre as soluções possíveis podemos destacar pista de caminhada com marcação de distância e aparelhos para ginástica e alongamento.

Calçadas culturais - Propõe-se a instalação de suportes especialmente desenvolvidos para abrigar exposições itinerantes com reproduções de obras de arte, fixar as reproduções em tapumes de obra ou imprimir sobre telas de proteção de edifícios em construção. Pretende-se, assim, levar a arte para as ruas, democratizando o acesso e interagindo com as pessoas.

Calçadas mobiliadas - Bancos, ponto de ônibus, totem telefônico, bicicletário e postes com design diferenciado, aliado a uma iluminação estratégica que ressalte os pontos focais do caminho e proporcione segurança à noite estão entre as propostas de mobiliário urbano que convidam a população ao convívio e passeio nas calçadas.

Calçadas técnicas - A intenção é criar uma galeria no subsolo permitindo que as fiações da rede elétrica, telefônica, de TV, fibras óticas, rede de água e esgoto sejam todas embutidas, diminuindo a poluição visual da cidade. Com isso, facilita também a manutenção das redes sem quebrar ou remendar o piso, pois as peças drenantes podem ser retiradas uma a uma e recolocadas com facilidade, sem necessidade de mão de obra especializada.

Sobre Benedito Abbud- Com 39 anos de profissão, Benedito Abbud é formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, na qual foi professor na disciplina de paisagismo de 1980 a 1985. Ministrou aulas, também, na Faculdade de Arquitetura da PUC – Campinas de 1977 a 1981. É pós-graduado e mestre pela FAU-USP. Em 1981 fundou sua própria empresa, que hoje conta com aproximadamente 5200 projetos paisagísticos desenvolvidos em todo Brasil e em outros países como Argentina, Uruguai e Angola. Abbud foi presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap) durante os biênios de 1987-1988 e 1999-2000. Benedito Abbud assina projetos paisagísticos de condomínios verticais e horizontais, residências unifamiliares, empreendimentos corporativos e comerciais, hotéis e flats (urbanos e resorts), loteamentos (residenciais e industriais), habitações compactas, shoppings centers, parques e áreas especiais.

. [ Benedito Abbud Arquitetura Paisagística, Escritório: Rua Dr. Eduardo de Souza Aranha, 106 – SP | Fone/fax: (11) 3845-6977 – www.beneditoabbud.com.br ].

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