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13/11/2009 - 13:13

Passado abre o presente para o futuro

Pesquisadores norte-americanos fizeram uma interessante experiência ao longo de vários anos envolvendo crianças muito pequenas, muitas ainda em fase pré-escolar. Elas eram deixadas a sós numa sala com doces bastante apreciados, sob a promessa explícita de que se não os comessem imediatamente, ganhariam vários outros após o retorno do adulto.

Aparentemente, aquelas capazes de conter-se, ou seja, de não aproveitar instantaneamente o prazer disponível, aguardando o retorno para ganhar mais de suas guloseimas, foram as mesmas que, acompanhadas no transcorrer do tempo, melhor desempenho cultural e cognitivo apresentavam.

Interessante observar que tais infantes não haviam ainda sido educados no sentido mais estrito do termo; ou seja, não haviam ainda frequentado uma escola, ou mal tinham iniciado os estudos, tendo, portanto, respondido aos estímulos com suas características inatas ainda não domesticadas pelo convívio social.

Desta pesquisa, genericamente, seria possível determinar três tipos básicos de temperamento infantil: voltado ao futuro, ao presente e ao passado. Nesta perspectiva temporal, com a observação ao longo dos anos, puderam catalogar algumas de suas características principais, tentando estabelecer estatisticamente suas chances de sucesso ou insucesso na atual sociedade.

Embora ainda não finalizada, a pesquisa mostra que algumas tendências parecem constituir o acervo básico e imutável do futuro caráter, embora fatores culturais influenciem o comportamento, principalmente no círculo familiar mais próximo, mas também durante o processo educativo formal realizado nas escolas, moldando constitutivos inatos e compondo aquilo que mais tarde denominamos personalidade. Durante o correr da vida, aprendemos que a satisfação imediata de todos os desejos, já o dizia Freud, gera apenas mais desejos, e estes, insatisfações.

Instituições de ensino, de qualquer nível, trabalham neste contexto. Muito do que pais e professores nos ensinam é exatamente a cultivar esta habilidade de esperar, de apostar numa realização futura em detrimento do agora. Afinal, hoje seria muito melhor unicamente conversar com amigos, divertir-se, do que reservar certo tempo para estudo e aprendizagem.

Professores percebem em suas salas de aula que pessoas voltadas para o passado estão normalmente em busca de justificativas para os acontecimentos presentes em eventos anteriores, deixando muitas vezes de agir de forma pró-ativa, já que tudo parece pré-definido. Embora o passado traga também emoções positivas, como reconhecimento ou orgulho de realizações, as pequenas gratificações do presente tendem a ser ignoradas. Pessoas voltadas para o futuro consideram o passado um dos itens a serem levados em conta, mas não o fator fundamental. Estão normalmente mais envolvidas com a esperança e um profundo otimismo. Como já disse Sartre: "Não importa o que fizeram de mim. O que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim".

Não se trata de apenas devanear com o futuro, mas sim de estar atento a que este se faz aqui, neste momento, mesclado a toda característica que trouxemos de escolhas anteriores, que toda a fruição de hoje terá consequência adiante, e isso não é ruim. Pelo contrário, a isso se denomina livre arbítrio.

O verdadeiramente bom da escola é que nela aprende-se o passado, o já estabelecido, o construído. Através desta memória, apreendemos o presente, preparando o futuro.

. Por: Wanda Camargo, presidente da Comissão de Processo Seletivo da UniBrasil (Faculdades Integradas do Brasil), de Curitiba

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