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14/11/2009 - 14:38

Especialistas discutem entraves da indústria naval e offshore

Impostos altos, falta de mão de obra e preço do aço são alguns dos obstáculos apontados pelos palestrantes no último dia da Niterói Fenashore 2009.

No último dia da Niterói Fenashore 2009 apontou caminhos para a sustentabilidade da indústria naval e offshore. Há um consenso entre os especialistas que participaram no painel "Sustentabilidade do Setor: Desafios e Proposições" que os altos impostos que incidem sobre o setor, a ausência de novas tecnologias, a falta de mão de obra, o preço dos insumos, principalmente, do aço, e a falta de diálogo são os principais obstáculos para a indústria nacional conquistar competitividade no mercado internacional.

O desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos de navipeças local e competitiva e a criação e modernização de estaleiros para reparação naval também foram apontados como dois aspectos que devem ser explorados pela indústria naval e offshore para ampliar e fortalecer o crescimento no longo prazo.

O último painel do evento reuniu todos os moderadores dos debates ocorridos durante a feira. Baseados em todas as palestras feitas na Niterói Fenashore, eles apresentaram soluções e os principais desafios da indústria nos próximos anos. O gerente executivo do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), da Transpetro, Arnaldo Arcadier, afirmou que a retomada do setor passa pelo fortalecimento da indústria de navipeças. Segundo ele, é preciso torná-la competitiva, mas este é um processo que depende muito da demanda. "O que vai gerar sustentabilidade é a indústria de navipeças, que migrou para o setor offshore ou desapareceu. É uma indústria superempregadora. Assim como estaleiros receberam investimentos e oportunidades, a indústria de navipeças precisa ser retomada para garantir a sustentabilidade do setor", reforçou o executivo.

Outra indústria que precisa receber reforço, garante o especialista, é a de reparação naval. Este é um setor que necessita de investimentos e ampliação para tornar o mercado brasileiro mais preparado para as futuras demandas. Passam pelo Brasil 4.600 navios por anos, o que garante uma ampla demanda para este setor. O executivo também reforçou que há espaço para a criação de novos estaleiros no país. Com o aumento da demanda gerada pelo pré-sal, a entrada de dois novos estaleiros no mercado nacional, um de médio porte e outro de grande porte, garantem a sustentabilidade e a retomada da indústria. "É importante lembrar que os estaleiros alavancam o setor. É fundamental dar raízes para se fixar a indústria e depois dar asas para que ela possa crescer", analisou o executivo.

O preço do aço também foi citado como um entrave ao desenvolvimento do setor naval e offshore. Apesar de o Brasil ter uma indústria siderúrgica forte, o preço deste insumo ainda é muito alto, o que torna os custos dos projetos brasileiros mais altos e menos competitivos. "A Transpetro acredita que há espaço para a redução do preço do aço. Sem isso, vamos sempre ter custos menos atrativos no mercado. Com preços pouco competitivos, a indústria nacional cresce menos. O Promef, por exemplo, vai demandar mais de 700 mil toneladas de aço e tivemos que importar uma boa parte. Se aqui fosse mais em conta, o custo total dos projetos seria mais baixo", observou Arcadier.

Os especialistas também destacaram que é preciso investir em novas tecnologias e em pesquisas e desenvolvimento. É consenso que o setor precisa de uma agenda tecnológica que deve dar ênfase, inicialmente, no domínio de tecnologia de base, que é indispensável para se obter competitividade. O acesso às verbas de pesquisa também deve ser mais democratizado e as universidades locais têm que ser envolver mais neste processo. Para o chefe da Área de Transporte Aquaviário do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ, Floriano Carlos Jr., o Brasil possui uma ampla infraestrutura tecnológica que não tem sido orientada e mobilizada para atuar mais efetivamente na indústria naval. "Precisamos melhorar a eficácia dos programas de Ciência e Tecnologia, de Pesquisa e Desenvolvimento e Inovação. Além disso, o país sofre com gargalos logísticos e problemas na integração da cadeia de produção do setor naval e offshore. As expectativas para o setor são as melhores possíveis, mas queremos que isso se transforme num processo pereno, estável e sustentável", destacou o especialista.

O coordenador do Centro de Excelência em EPC da Petrobras, Laerte Galhardo, afirmou que há uma grande defasagem tecnológica na indústria naval brasileira em relação a outros países, como a Coréia e o Japão. "Enquanto o Brasil foca no processo de Oxicorte, por exemplo, no exterior já estão sendo usados outros processos, como o corte a laser e corte a plasma. O problema é que indústria brasileira precisa de mais demandas para investir em equipamentos mais caros e sofisticados", explicou o especialista.

Já o superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Caio Pimenta, acredita que não são as empresas brasileiras que não são competitivas, mas fatores inerentes ao Brasil que impedem que as empresas nacionais tenham competitividade. Os altos impostos que incidem sobre o setor é um deles. Segundo ele, a indústria teria mais espaço para crescimento se não fosse tão sufocada pelos tributos.

Pimenta destacou ainda que o setor está sendo muito beneficiado por demandas - segundo ele, são ao todo 498 barcos que estão sendo encomendados pela indústria -, há possibilidades de novos mercados, como o pré-sal e navipeças, mas afirmou que falta diálogo entre a indústria. "Não dá para pensar em sustentabilidade senão houver troca de experiências, se a indústria não discutir os próprios problemas e não buscar soluções junta. Temos a competência, os recursos, as condições e a necessidade. Mas a gente tem que ser melhor", finalizou Pimenta.

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