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20/11/2009 - 11:48

Objetividade da liderança nas empresas: perspectivas à humanidade do ser liderado

As pré-concepções estão sempre presentes em nossas manifestações escritas ou faladas, embora haja opiniões contrárias e respeitamos isso. Embora respeitando esse aspecto das opiniões contrárias, não é de se crer que haja uma "receita" ou uma "forma" para se "fabricar" um líder, como muitos costumam afirmar. Somos da idéia de que tudo faz parte de um processo, que é coisa individualizada e pode ser extremamente diferenciado de ser humano para ser humano, sem ignorar que alguns aspectos relacionados à extroversão podem ter relação biológica e ou psicológica, que subsídios jurídicos, administrativos, interpessoais e até “espirituais”, podem somar, e muito, como ferramentas no exercício da liderança, mas não bastam.

A aspiração deste artigo não se fixará apenas em demonstrar que a questão da liderança ultrapassa ao que se paga pelo trabalho da liderança. Embora haja uma série de reflexões que fazem paralelos entre a figura do líder, do chefe e do treinador, a pretensão neste momento é fugir do que já há nos livros sobre liderança. Abrindo a perspectiva da filosofia da Liderança como reflexo do cuidado de um indivíduo para com os seus “comparsas” e as aspirações do grupo, do particular e da permanência. Não vamos apresentar uma forma de fabricação de líder, mas, às pretensões objetivas da liderança em função do fim e dos envolvidos no processo.

Breve Análise do Conceito de Líder e Liderança - A visão popular de um líder é a de um indivíduo forte, alto, voz firme, quase sempre de boa aparência, inteligência destacada no grupo e de coragem expressa. Essas são características que popularmente se acredita apontar uma pessoa pronta para liderar. Mas, será que estas características definem um líder?

Dentro da conceituação de líder pode-se encontrar: o líder de um grupo em competição, ou seja, aquele que mais se destaca no que requer a competição, o famoso "01" ou primeiro lugar. Encontramos ainda o líder em vendas, se tratando de produtos comerciais, aquele que alcança metas superiores às demais partes envolvidas. Há também líder como aquele indivíduo que tem como exercício, práticas inerentes ao trato com ser humano, com finalidade especifica de conduzir, dirigir, guiar, presidir ou governar para uma ação ou um ideal, um indivíduo representativo de uma sociedade ou grupo.

Encontramos um conceito de líder que é chama a atenção e expõe: “representante de uma corrente de opinião”, o que nos leva a raciocinar sobre a filosofia da liderança. Não se deve pensar que esse conceito é uma liderança específica e que os demais não estejam envolvidos em uma corrente de idéias, juízos ou mesmo nas ações que meandreiam o ato de liderar. É em função de uma forma de enxergar o mundo e o futuro das coisas que caracterizam a liderança. Independente do tipo de ação de liderança, sendo ela administrativa, política ou religiosa, carrega consigo um juízo ou visão de mundo que relaciona o mundo que o cerca aos seus objetivos; relação essa que se efetiva no planejamento das ações de liderança, usando-o como referência, para auxílio ou transtorno.

O exercício de liderança possui conceito próprio, apesar de conter a implicância das ações do líder a partir do conceito. Liderança é propriamente a função do líder, conceito mais comum e simplista. No entanto, há um conceito que coloca a liderança como forma de dominação baseada no prestígio pessoal e aceitação pelos liderados. Essa proposta justifica a análise anterior que trata da aceitação da proposta do líder pelos liderados, caso isto não aconteça, a função não se enquadra no conceito.

Na visão central destes conceitos há uma relevância, “não há líder sem liderado” e “não há liderança sem objetividade”. Qualquer situação que alguém possa delimitar como liderança e fuja destes princípios não se configura como liderança. Aquele ou aquela que se diz líder e seus liderados não o segue, não é líder; ou mesmo quem diz ser líder e não sabe para onde levar seus liderados, não é líder. Em suma, quem preside sem projetos e não segue objetivos, não é líder. Líder não é título é condição. Havendo um rei, presidente, gerente ou chefe; que seus seguidores preferem e consideram mais o que um de seus colegas apresenta, contrariando o que o suposto líder propôs ou estabeleceu; pode ter certeza, este rei, presidente, gerente ou chefe está com a sua liderança comprometida, devendo rever seus objetivos ou esclarecê-los.

A Liderança em relação à pessoa - A abordagem sobre a pessoa em relação à liderança move-nos em direção às reflexões que envolvem o ser humano como construtor da sua história, como indivíduo e participante da existência dos outros. A humanidade de alguém é única e geral simultaneamente; geral no sentido de que as características que tornam humano seja o viver em sociedade, a capacidade de pensar e de se adequar às realidade de seu habitat; única no pensar sobre as construções de que ele é resultado, ocorrências que se lhe dão em tempo e espaço diferenciados dos demais, com condicionantes diversas em seu sitz im leben.

Neste aspecto é interessante pensar na perspectiva de Kierkegaard, pensando o humano enquanto ser que transcende a si mesmo “[...] é uma relação que se relaciona consigo mesmo. É aquilo na relação, que faz com que a relação se relacione consigo mesma” (KIERKEGAARD apud RABUSKE, 1999). É neste complexo que o homem alcança sua autenticidade e exclusividade enquanto ser individualizado.

O ato de liderança rege-se dentro das possibilidades de que ao liderar um grupo também se lideram indivíduos, pessoas que pensam e agem solenes, ásperas, solidárias, corporativas, individualistas e ou todas ao mesmo tempo. Mas nada disso impede o “manejo” e a incorporação destes ao grupo de liderados. Ignorar a condição humana diante da liderança é ignorar o próprio grupo; é negar a própria função, ou seja, é na condição de humano-social que se desdobra o liderar. Não se lidera grupos sem liderar indivíduos e nunca se deve desprezar a individualidade de cada ser humano que se pensa em liderar.

A liderança em relação à permanência - Quem promove liderança promove-a em direção à determinação, seja ela temporal ou local. As propostas que dão origem ao fundamento da liderança temporal relacionam-se com constelações de ocorrências entre as pessoas ocupantes do espaço onde se dá a liderança (o espaço em que se dá a liderança é tema para outro momento, “já em desenvolvimento”). Sendo assim, a idéia de permanência a que se investe sobre determinado ato de liderar impõe, ao proponente, a dilatação da avaliação ao nível da particularização. Essa expansão da avaliação consiste em que a sua unidade, dependendo da dimensão das amostras, poderá dizer muito pouco sobre o dado particular.

O dado particular que se perde é de fundamental valia para a objetivação. O descuido, neste caso, é o que poderá sustentar o fracasso do geral. As considerações que se fazem sobre o particular implicam, em certo momento, sensivelmente sobre o geral e a unidade; porém, dado às condições diversas, o particular poderá investir com truculência sobre o geral e a unidade, a ponto de não poder ser administrada a crise antes de se consolidar o fracasso da liderança.

A permanência, como fim (no sentido de finalidade) da liderança, é veiculada pela observação do dado geral a partir do particular; ou seja, no ciclo das relações que envolvem a liderança, ocorrendo efetivamente em cada pessoa participante do processo. A permanência assemelha-se às migrações bem sucedidas num ciclo infinito. A incursão sobre o particular, nos casos de departamentos, figura-se como o particular de um grupo entre os grupos. É possível que a ilustração a seguir poderá contribuir para melhor compreensão...

“Há aves que fazem viagens migratórias. Em uma dessas viagens uma voltava enquanto outras iam. Perplexas e sem saber o porquê. As que voavam em destino contrário perguntaram-na se havia se perdido do bando. A resposta foi inusitada: não tenho bando. Sério? Disseram. Meu bando se desfez na ultima migração, houve um desentendimento entre o líder o os que ficavam na retaguarda. A retaguarda ficava presa aos problemas do passado; o líder, como ia à frente, só olhava para a frente como se fosse importante apenas o que ainda viria, não olhava para trás para saber o que prendia os da retaguarda aos problemas do passado. Eu, como estava no meio, tentei escolher um lado. Os de trás me rejeitaram porque eu acreditava que precisávamos olhar para o futuro a fim de nos prevenir contra as intempéries. Os da frente me expulsaram logo que falei em preservar certas conclusões do passado a fim de servir como palco para novas decisões. A única coisa que me restou foi criar meu próprio caminho. Agora migro independente, de vez enquanto encontro um deles. O líder, certo dia, passou por mim e me disse que agora era líder de si mesmo. Um dia anterior a este encontrei um dos da retaguarda, dos que voavam na traseira, perguntei porque estava sozinho e ele me disse que fizeram um acordo entre eles para andarem de forma paralela, juntinhos, assim ninguém se adiantava nem se atrasava e quem fizesse tal coisa seria banido do grupo. Me cansei, disse ele. O dia que resolvi me adiantar foi exatamente numa tempestade. Antes que eles me castigassem com a exclusão, um relâmpago os atingiu a todos de uma só vez, pois voavam paralelos, numa completa unidade” (BELO, 2008).

Ignorar a particularidade é agir sem responsabilidade com a permanência, porque o particular é também elemento do processo, mais que isso, é parte que constitui o geral e sem ele o geral não seria possível. O particular é o ser humano, individual e único, presente, ausente, presente ao mesmo que ausente e ausente ao mesmo tempo em que presente. É a capacidade de gestão dos diversos e adversos que torna tão extraordinária a função de liderar.

Ultimas Considerações - Quem preside sem projetos e não segue objetivos, não é líder. Líder não é título é condição. Liderar pessoas é colocá-las em direção a um objetivo proposto e esclarecido. Não se lidera grupos sem liderar indivíduos e nunca se deve desprezar a individualidade de cada ser humano que se pensa em liderar. É necessário e imprescindível conhecer não só cada pessoa a ser liderada, mas, também conhecer minuciosamente os objetivos a serem alcançados. Caso haja negligência da liderança de qualquer um destes aspectos relacionados aos objetivos, à diversidade e à permanência, seus liderados serão como folhas secas levadas pelo vento. Um bom líder estabelece objetivo e os torna claro, conhece seus liderados individualmente e consegui enxergá-lo na unidade. Não haverá liderança na ausência de objetivos. Não há um grupo forte se seu líder não estabelece metas para serem atingidas permanentemente. Metas não alcançadas são princípios pedagógicos para as novas. Na falta de objetividade da liderança as atividades nada mais são que um ciclo vicioso. É mórbido o viver de um grupo sem alvos estabelecidos. O ser humano é elemento a que se destina a liderança e o que desenvolve a liderança, na sua unidade e multiplicidade.

. Por: Eliezer Belo - Cientista da Religião, Especialista em Psicopedagogia e Docência para o Ensino Superior - Bandeirantes, Cariacica-ES.

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