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24/11/2009 - 11:28

O coração já mata menos, vitória da cardiologia brasileira

A grande preocupação dos cardiologistas brasileiros é, há tempos, o impressionante número de mortes por doenças cardiovasculares, 300 mil por ano, o que torna o coração o principal responsável pelos óbitos no País. A preocupação cresceu com o aumento dos fatores de risco, a população mais obesa, o crescimento do número de hipertensos, a melhor condição econômica que aumenta o consumo de alimentos - e nem sempre dos mais saudáveis -, com a urbanização crescente, que se reflete no estresse, os infartos precoces, que vitimam também os jovens e pela poluição ambiental, que agride sem apresentar sintomas.

Os números do Ministério da Saúde comprovam pela primeira vez, que a longa e árdua luta desenvolvida pelos mais de 12 mil médicos filiados à Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC – e pelas autoridades governamentais, começa a apresentar resultados e marcantes.

O índice de redução de óbitos indica que por ano 61.500 mortes são evitadas. São outros tantos trabalhadores, mulheres também, agora arrimo de família, que deixam de morrer devido às campanhas que a SBC tem realizado, com grande apoio da imprensa.

Chega a ser cansativo o número de vezes que reunimos médicos nas Capitais e grandes cidades do País para medir a pressão e contar como a “doença silenciosa”, a hipertensão, representa um risco de morte; de como invadimos “Shopping” para medir o colesterol e distribuir folhetos e até mesmo, fita métrica na mão, fizemos com que médicos e enfermeiros medissem a cintura abdominal das pessoas, alertando que mais de 92 centímetros já se torna fator de risco para infarto.

A SBC faz campanhas há muitos anos e mais ainda. Com apoio dos produtores de frutas chegamos a “confiscar” maços de cigarro nas ruas e trocá-los por maçãs, no “Dia Nacional contra o Tabaco” e, recentemente, promovemos um fórum com a indústria automobilística, as universidades, as Prefeituras e o Ministério, para alertar que a defesa do Meio Ambiente vai além da preservação das florestas e que, em cada dia de poluição numa cidade como São Paulo, crescem as ocorrências cardíacas.

A Cardiologia brasileira, uma das mais desenvolvidas, se sentia frustrada ao perceber que, enquanto no Primeiro Mundo caía a mortalidade cardíaca, o esforço brasileiro não levava ao mesmo resultado. Foi por isso que a SBC se aliou ao Ministério da Saúde, passou a discutir em Brasília as linhas mestras de uma política nacional de Saúde.

Foi esse trabalho, de pesquisa, inclusive, que mostrou a existência de 50% dos brasileiros hipertensos, que nem sequer sabiam que eram doentes e foi a SBC quem instou para que os hipertensivos fossem disponibilizados em todos os postos de saúde, onde os médicos foram orientados sobre a importância de medir a pressão arterial de todo paciente que se apresenta.

Ainda agora, Ministério e sociedade médica trabalham juntos para controlar a Doença de Chagas, para bloquear a transmissão da moléstia, identificar os chagásicos existentes e garantir o diagnóstico precoce, que pode significar a sobrevida de até 20 anos para os já infectados. Também Bolívia, Argentina, Colômbia e até a Espanha, que através dos imigrantes hispano-americanos importou a doença, passaram a se beneficiar da experiência e da pesquisa brasileiras.

Também com o Ministério e as sociedades de Pediatria e Reumatologia, foram criadas diretrizes para diagnostico e tratamento da doença reumática, doença da pobreza, que vitima os pacientes por toda uma vida e que, às vezes, necessitam de até três cirurgias cardíacas. Projeto conjunto é também o da Saúde do Homem, que une Ministério, sociedade de Cardiologia, Urologia e Psiquiatria, na prevenção de doenças como câncer de próstata, disfunção cognitiva e acidentes cérebro-vasculares. Nem tudo foi feito, porém, para o futuro, queremos projeto semelhante para a Saúde da Mulher, que cada vez mais apresenta risco cardiovascular.

A notícia da primeira redução nacional da mortalidade cardíaca confirma que tudo é possível quando se alia vontade política da autoridade governamental, apoio da imprensa, que sempre divulgou nossas campanhas e o empenho de toda uma categoria profissional voltada para a preservação da Saúde e da vida, uma categoria que, com muito orgulho, tenho a honra de ter liderado nos dois últimos anos, como presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

. Por: Antonio Carlos Palandri Chagas, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia

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