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25/11/2009 - 10:23

A força poética de Nelson Felix volta às Cavalariças do Parque Lage com obra monumental

A exposição, que encerra uma série de ações do artista permeadas pela ideia de círculo, se completa na H.A.P. Galeria, com esculturas e desenhos.

Verticais, suntuosas. Sessenta vigas de ferro e um anel de mármore de nove toneladas, com 2,3m de diâmetro, dialogam silenciosamente com o espaço das Cavalariças do Parque Lage, como os versos de um poema que se destacam na inspiração do poeta. A obra, de Nelson Felix, dá o tom da mostra “Cavalariças” que o artista irá exibir no local a partir do dia 27 de novembro, um trabalho que se completa com mais seis esculturas de grande formato em mármore de Carrara, bronze e ouro, e 10 desenhos em ouro sobre papel, na H.A.P Galeria, no Jardim Botânico, que ganhou mais uma sala (50m2) para abrigar a exposição. A curadoria é de Ronaldo Brito.

Com esse trabalho, Nelson Felix retorna às Cavalariças (onde afirma ter a liberdade de tempo e de espaço) encerrando um circuito de criações permeadas pela ideia de círculo, tanto formalmente quanto poeticamente. Várias de suas obras desdobram-se de uma atitude inicial, e estabelecem diálogos entre si, com um único processo, em amálgama.

Nesta exposição, o artista dá seqüência a trabalhos iniciados em 1988, como Grafite (MASP), onde uma das peças foi alinhada pelo “eixo do sol”, ficando “torta” no espaço; a Série Árabe (2001) – exibida nas Cavalariças do Parque Lage, que se referia a uma outra torção no espaço, onde as esculturas, deslocadas em 23 graus, o ignoravam, não mais cabiam nele, furando paredes ou torcendo a si mesmas, e Camiri, no Museu Vale (2006), quando as esculturas foram deslocadas 23 graus na arquitetura do prédio e Nelson se deslocou 23 graus no Globo, encontrando um lugar específico na Bolívia, chamado Camiri, de onde fez uma foto olhando para o local da exposição.

Nelson afirma que esse deslocamento, que leva a obra para fora, para além das limitações físicas do espaço, é a grande força de seus trabalhos. – A obra não é só a escultura que ocupa o espaço. É mais! É como alguém que você vê pela primeira vez e sabe que não é só aquilo, sabe que carrega sentimentos, afetos, características próprias e particulares – diz o artista.

Após Camiri, Nelson Felix realizou quatro trabalhos em sítios onde rebateu as coordenadas do Museu Vale - República Dominicana e Anguilla (mar do Caribe), ilha de Dong-sha (mar da China), Karratha (costa australiana) e nas proximidades do vulcão Hekla, na Islândia - formando assim um desenho no globo. A proporção deste desenho, o ângulo e a rotação da posição das vigas, os novos locais das esculturas de mármore no mundo e presença do círculo, tanto nas formas inteiriças das esculturas ou na volta no globo, impregnam e compõem as decisões do novo espaço expositivo das Cavalariças, onde ele usa o mesmo procedimento e material da mostra Camiri, em uma outra configuração poética.

– Tudo é a escultura pronta, finalmente, tudo conta no seu processo de realização – diz Ronaldo Brito. Que vai além: – A experiência de “Cavalariças” é autônoma, imanente, prescinde da narrativa das manobras poéticas que a antecedem. E, no entanto, elas foram inadiáveis, imprescindíveis: agentes positivos da forma da escultura. A meu ver, em dois sentidos importantes. Primeiro, dotaram a escultura de um passado sensível a ser incorporado. Num outro sentido, as manobras poéticas que a pré-formam, abrem a escultura ao futuro. Uma obra que se constrói por meio de elementos móveis, atópicos, detém a liberdade de combiná-los e recombiná-los indefinidamente. Ou seja, permanecem latentes, na expectativa da próxima escultura – sentencia Brito.

H.A.P.: As esculturas na H.A.P. Galeria, que complementam a mostra, foram esculpidas em um só bloco de mármore de Carrara, sem a presença de qualquer emenda. Nelson utiliza o mármore inteiro, e dele retira o que não quer.

Além das esculturas, a exposição contará com 10 desenhos em ouro sobre papel, que na visão de Ronaldo Brito são “urgentes, incisivos, em lúcido tumulto”. – Os desenhos saem em busca da forma da escultura e impelem o artista em sua direção. Mas agem também em sentido inverso, a detê-lo, ocupá-lo em atividade, impedi-lo de partir prematuramente e chegar antes de si mesmo ao campo da escultura – afirma o curador.

Na visão do artista, os trabalhos da galeria buscam expressar toda ação que se constitui nas Cavalariças: exposição/quatro trabalhos no mundo/exposição - em uma única obra, seja ela escultura ou desenho. - É um círculo, que vai e volta. Uma obra só, com identidade própria – ressalta Nelson.

O Filme e o livro: No dia da inauguração da mostra, às 20 horas, haverá uma sessão especial do CINE LAGE – onde serão exibidos o filme “O oco”, de Nelson Felix e Luiz Felipe Sá, sobre a produção do artista, além de making of das exposições realizadas por ele no Museu Vale e nas Cavalariças, com direção de Luiz Felipe Sá. A sessão acontecerá às 20h, no pátio da piscina.

No término da exposição será lançado um catálogo (304 pg.) sobre o trabalho de Nelson Felix, com textos de Ronaldo Brito e Nuno Faria.

O artista: Sua última exposição foi Camiri (2006), no Museu Vale. Trilogias (2005, Paço Imperial, Rio de Janeiro e Museu de Arte de São Paulo), foi considerada pela crítica como uma das dez melhores do ano, documentada no livro Trilogias - conversas entre Nelson Felix e Glória Ferreira, editado pela Pinakotheke. A Série Árabe - Cavalariças, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, em 2001; e Grafite, escultura apresentada em exposição no Museu de Arte de São Paulo, 1998, são marcos na carreira do Nelson, assim como Grande Budha (1985/2000) - árvore e garras de latão no Acre, Mesa (1997/1999) - extensa chapa de ferro e 22 árvores, em Uruguaiana, e os dois trabalhos do Vazio Coração, que imprimiram fortes tendências simbólicas à arte contemporânea.

Nelson Felix, carioca, formou-se em arquitetura em 1977 e iniciou estudos com Lygia Pape e Ivan Serpa no início da década de 70. Sua primeira exposição ocorreu na galeria Jean Boghici em 1980, no Rio de Janeiro. O artista foi residente da Curtin University, em Perth, e na Karratha College, em Karratha, na Austrália. A Cosac & Naify publicou em 1998 o livro Nelson Felix, com texto de Rodrigo Naves. Em 2002, a Editora Casa da Palavra lançou o livro Nelson Felix, com textos de Nelson Brissac, Glória Ferreira e Sônia Salzstein. Pela Pinakotheke, em 2004, foi lançado Trilogias, conversas entre Nelson Felix e Glória Ferreira.

Nelson Felix.: Exposição Cavalariças, de 27 de novembro a 21 de fevereiro de 2010,de segunda a quinta-feira, das 12h às 20h e sextas, sábados e domingos das 10h às 17h, no Parque Lage – Espaço das Cavalariças,Rua Jardim Botânico, 414 - Rio de Janeiro.

H.A.P. Galeria.: Esculturas e desenhos, de segunda a sexta-feira de 11h às 18h, sábados das 14h às 19h,Rua Abreu Fialho, 11 Jardim Botânico, Rio de Janeiro. | Tels.: (21) 3874-2830 | 3874- 2796.

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