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25/11/2009 - 10:31

Redes inteligentes: contribuem para a sustentabilidade do planeta

Com a chegada das redes inteligentes ao Brasil, um assunto muito comentado pelos profissionais do setor e pela mídia é a questão da implementação dessas redes no País. Quanto será o investimento? Quem pagará a conta? Quais serão as primeiras regiões a migrarem para esta tecnologia? Até que ponto a rede inteligente é a solução ideal para o futuro do sistema elétrico brasileiro? Sem dúvida essas discussões são importantes e, mesmo considerando que algumas tecnologias já estão sendo implementadas, em especial em projetos pilotos, a aplicação em escala em território brasileiro deve ser devidamente planejada, iniciando pela análise da viabilidade das redes inteligentes à nossa realidade.

Podemos dizer que a rede inteligente é uma visão da rede do futuro para o sistema de distribuição de eletricidade. Concessionárias, consumidores e meio ambiente serão beneficiados pela convergência da entrega de energia e tecnologia da informação. Entre os potenciais benefícios, destaco para o Brasil: redução de perdas, uso de tarifas diferenciadas, melhor administração do consumo pelos clientes, maior qualidade nos serviços, e em especial maior sustentabilidade, vantagens essas desejadas por todos.

Nos Estados Unidos e na Europa o uso das tecnologias de Smart Grid – tema em inglês para rede inteligente – está mais avançado quando comparado com o Brasil. No entanto, a realidade nesses países é diferente. Além de o nosso território ser continental, há fatores de grande interferência nos hábitos da população quando se refere ao uso da energia, como a diferença climática e social. Para ilustrar o cenário nacional, podemos citar que os moradores do Rio Grande do Sul utilizam menos o ar-condicionado que os moradores do Rio de Janeiro, devido ao clima característico de cada região. Outro fator preponderante são as características de cada cliente, pois uma região com clientes industriais têm necessidades distintas de uma região com clientes residenciais ou comerciais.

No Brasil já existem inúmeras iniciativas em diversas distribuidoras de energia, o que contribuirá significativamente para a implementação das redes inteligentes no país. Estão saindo na frente as concessionárias que têm planejado essas ações, mapeando e analisando todas as características e situações do mercado de sua área de concessão, antes de iniciar a implantação de uma rede inteligente. Dessa forma, e com a execução de projetos pilotos, essas empresas obtêm respostas mais realistas sobre os resultados proporcionados pelas redes inteligentes e, posteriormente, quando da aplicação em escala, poderão adaptar e aprimorar o uso dessas novas tecnologias à sua realidade.

Outro fator fundamental, que não pode ser desprezado, é que uma rede inteligente agrega valor para diversas áreas de uma concessionária. Um erro comum de análise de viabilidade é quando os benefícios são estimados somente para a área que decidiu aplicar a tecnologia. Podemos citar um exemplo de uma instalação de medidores inteligentes em uma determinada região, na qual a concessionária pode obter as leituras de consumo de energia remotamente. Quando se analisa os benefícios somente com a redução dos serviços de leitura, esse projeto, via de regra, torna-se inviável. Porém, esses mesmos medidores eletrônicos podem ser utilizados também para indicar quando os clientes estão sem energia. Nesse caso, a empresa poderá corrigir o problema de uma forma mais ágil, o que é bom para ela que mantém suas vendas e para o cliente que terá um serviço melhor. Outros benefícios também podem ser obtidos quando se analisa um projeto dessa natureza, em especial a possibilidade do cliente consumir a energia de uma forma mais eficiente, pois o mesmo medidor poderá indicar quais aparelhos consomem mais energia e onde ele deve economizar, possibilitando, inclusive, uma redução da conta a pagar mensalmente. Assim, analisando todos os potenciais benefícios, esse projeto poderá se tornar viável economicamente para a concessionária, tendo os seus clientes como forte aliado.

Portanto, os projetos pilotos são as nossas melhores opções para adaptar o que há de melhor nas tecnologias das redes inteligentes para a realidade brasileira, além de ser um fator fundamental para aculturar os diversos agentes na caminhada para a Rede do Futuro, em especial, os clientes, que devem ser sensibilizados para os benefícios que poderão usufruir com essas novas tecnologias.

Sabemos que existem desafios tecnológicos a serem vencidos, porém a indústria tem respondido à altura e a globalização favorece muito esse processo. Outro fator fundamental é a regulação do setor, a qual será preponderante para definir a velocidade da implementação das redes inteligentes no Brasil. Existem boas indicações que os agentes reguladores estão envolvidos no sentido de estruturar o melhor caminho a seguir. Recentemente a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica - regulamentou o uso da rede de distribuição para fins transmissão de dados, voz e imagem e o acesso à internet em alta velocidade pela rede elétrica através da tecnologia PLC (Power Line Carrier) e está realizando estudos visando a instalação de medidores eletrônicos em todo o país. Caso essa instalação seja concretizada em larga escala no Brasil, já teremos dado um passo gigantesco em direção à Rede do Futuro, pois a base de uma rede inteligente está associada diretamente a esses medidores.

Como já mencionado, essas tecnologias possibilitam o consumo de energia de uma forma mais eficiente, sendo esse um fator preponderante para um país que necessita crescer entre 5 e 6 % ao ano, como é o caso do Brasil. Sem um consumo racional, a produção de energia pode não ser suficiente para atender a toda a demanda desse crescimento. Nesse sentido, as redes inteligentes possibilitam o envolvimento dos clientes de uma forma voluntária e cooperativa, para que alcancemos esse objetivo.

Outro fator importante que essas redes podem proporcionar é a integração de toda a produção de energia renovável, que em sua maioria é intermitente, tais como fontes solares e eólicas. Essa integração atribui às redes inteligentes uma das fortes aliadas para a preservação do meio ambiente, pois ampliar a participação das fontes renováveis na matriz energética posterga ou até mesmo evita investimentos em plantas mais tradicionais.

Os benefícios são visíveis a curto, médio e longo prazo, e a tendência indica que, com o envolvimento do governo, dos órgãos regulatórios, das concessionárias, dos fabricantes, das universidades e centros tecnológicos e especialmente dos clientes, os investimentos serão crescentes a cada ano. Penso que vamos caminhar para um estágio mais acelerado da implantação das redes inteligentes nos próximos anos, pois teremos, com as experiências atuais, uma base de dados mais consistente. Um dia, não muito distante, as redes inteligentes serão uma realidade e contribuirão para a produção e uso mais inteligente da energia, assim como para um planeta mais sustentável.

. Por: Luiz Rogério Varasquim e Consultor Sênior da KEMA, uma das principais empresas do mundo em serviços de consultoria, teste e certificação na área de energia. – www.kema.com

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