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10/05/2007 - 06:08

A era da casa própria está próxima

Muita gente não entende porque algumas famílias, que moram em péssimas condições, têm TV em cores de 29 polegadas, telefone celular e até carro zero quilômetro. Como pode alguém comprar objetos sofisticados, se não tem nem um lugar decente para morar? - questionam os mais críticos.

Considerando que a maioria das pessoas tem bom senso e toma decisões racionais, a resposta para a questão é que o preço de uma casa ou apartamento, mesmo num bairro periférico das grandes cidades brasileiras, é inacessível a boa parte da população. Uma TV em cores, por mais cara que seja, pode ser comprada a prazo, com prestações que cabem no bolso do consumidor comum. Até um carro novo consegue ser adquirido. Agora, uma casa ou apartamento, nem pensar!

Para viabilizar a popularização do mercado imobiliário no Brasil, é necessário fazer com que as prestações da casa própria entrem dentro do orçamento dos compradores. Isso só será possível com financiamento de longo prazo com juros baixos, como acontece na maioria dos países desenvolvidos. Para que os bancos possam fornecer esse tipo de empréstimo é necessário encontrar quem esteja disposto a aplicar recursos nas mesmas condições. Com um setor público que paga juros básicos de 12,5% ao ano, sem nenhum risco, dificilmente alguém aplicaria seu dinheiro a um juro menor do que esse. Somente se os juros básicos da economia recuarem para patamares civilizados é que surgirão fontes viáveis para o financiamento imobiliário.

Com o controle da inflação e o equilíbrio fiscal, os juros podem cair e, então, o Brasil poderá entrar em uma nova era de consumo. A era da casa própria. A queda da taxa de juros, o desenvolvimento de novos mecanismos de poupança e empréstimo -como os fundos imobiliários-, a abertura de capital das construtoras e a regulamentação de medidas microeconômicas que fortaleçam o sistema jurídico de garantia dos empréstimos darão ao brasileiro de classe média, maior acesso ao crédito de longo prazo a um custo compatível com sua renda. A desoneração tributária dos materiais de construção também ajudará a reduzir o preço da casa própria.

Para aqueles que pensam em comprar um imóvel, ainda é bom esperar um pouco. Os juros devem cair e a oferta de imóveis deve subir. O preço e as condições de financiamento tendem a melhorar. Além do mais, é sempre bom contar com um montante razoável de dinheiro para dar de entrada na compra de um imóvel, a fim de reduzir ao mínimo possível o valor financiado. Morar por algum tempo em um imóvel mais simples, alugado, pode valer a pena, desde que isso permita guardar algum dinheiro.

A melhoria das condições de acesso ao mercado imobiliário também deverá ser uma prioridade para os governantes. O crescimento desse mercado contribuiria para aliviar as tensões sociais nos grandes centros urbanos. A construção civil atrai grande volume de mão-de-obra menos qualificada, justamente o estrato da população com alto nível de desemprego. A regulamentação da propriedade residencial e a melhoria das condições de moradia, segundo estudo publicado recentemente pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas do Ministério do Planejamento), têm forte impacto na redução da violência urbana.

No Brasil, a era da casa própria ainda não chegou, mas acredito que deve estar próxima.

.Por: Alcides Leite, coordenador do Centro de Conhecimento Equifax e especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental.

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