Porque adotar práticas de governança corporativa?

Com o lançamento do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa em maio de 1999, quando até mesmo a expressão “Governança Corporativa” era quase desconhecida no Brasil, houve uma acentuada evolução na discussão do Código e nos objetivos da sua adoção nos ambientes institucionais e empresariais.

Nós que temos nosso foco no Direito como instrumento de desenvolvimento empresarial, visando potencializar crescimento e resultados, passamos a ter uma rotina de questionamentos a respeito da necessidade e dos objetivos em adotar práticas de Governança Corporativa. Após dez anos de estudos, discussões e implementações podemos sintetizar algumas percepções.

A contribuição para a perenidade da organização, acabou se tornando o objetivo mais destacado do Código. É inegável que práticas deste tipo organizam rotinas diárias de decisão, facilitando a convivência dos sócios e encaminham de forma objetiva processos de sucessão. Mas outros objetivos menos destacados pelos meios de comunicação, merecem de nossa parte muita atenção.

O principal deles é facilitar às organizações que adotam práticas avançadas de Governança Corporativa o acesso ao capital com custos mais baixos. E acesso ao capital, pode significar a oferta pública ou privada de ações, financiamentos de longo prazo ou até mesmo a própria inversão de recursos oriundos do fluxo de caixa. Ou seja, o mercado cobra um preço menor, a título de risco, das organizações que adotam estas práticas. Isso se transforma em COMPETITIVIDADE. Organizações com objetivos de longo prazo não podem deixar de adotar tais práticas sob pena de comprometer sua perenidade e se não entendermos outros benefícios, devemos entender esse. Acesso a capital com custo mais baixo do que seus concorrentes é fator crítico de sucesso e quanto maior for a linha de tempo para análise desta premissa, maior será a vantagem dos que tiverem acesso a estes capitais.

Decorrente deste objetivo, temos outro que é o incremento do valor da organização. Cabe fazer uma distinção entre valor e preço, uma organização que adota práticas de Governança Corporativa VALE MAIS. É de onde entendemos deveria partir todo Planejamento Estratégico. Quanto em valor estamos adicionando as nossas organizações a cada ano?

Essa questão raramente é proposta quando da aplicação de ferramentas de Planejamento Estratégico e deveria ser a questão central a ser discutida.

Esse conjunto de práticas traz ainda, em sua adoção, uma perceptível melhora de desempenho, que pode ser mensurada e avaliada.

Respondendo a nossa pergunta de provocação : - Porque adotar práticas de Governança Corporativa ? Podemos então sintetizar dizendo que é porque nossas organizações se valorizam, conseguem capitais a custo mais baixo, melhoram seu desempenho, são mais fáceis de administrar. São mais competitivas.

E essas práticas não servem somente para grandes corporações, como muitos ainda pensam. Nada do que está proposto depende de tamanho, depende de estratégia. E esse momento do ano é mais do que propício para todos os líderes se fazerem essa pergunta. Porque não adotamos práticas de governança corporativa em nossa organização?

. Por: José Máximo, cordenador da área de Mergers & Acquisitions da Pactum Consultoria Empresarial