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11/05/2007 - 08:37

O melhor caminho para o emprego

A revista Veja que circulou na semana de 22 a 28 de abril conta com uma reportagem com o significativo título Melhor tarde do que cedo, dando conta de que alunos, até mesmo das mais conceituadas universidades, estão adiando a formatura, confiando que seus estágios os levem ao tão sonhado emprego. De um lado, a reportagem traça o quadro preocupante da empregabilidade jovem, já enfocado por várias vezes nesta coluna, mas ainda distante de uma solução satisfatória, tanto por sua complexidade quanto pela inexistência de iniciativas realmente eficazes para sua correção.

É verdade que o país tem uma elevada dívida social a resgatar, o que busca fazer com a adoção de mecanismos voltados para estudantes das classes menos favorecidas, que passam a contar com mecanismos facilitadores de acesso ao ensino superior ou, pelo menos, de conclusão do ensino médio, que atualmente constitui o grau mínimo de escolaridade exigido para o preenchimento da esmagadora maioria de vagas em oferta no mercado de trabalho. Mas também é verdade – embora um tanto esquecida – que, enquanto resgata essa pesada dívida, o país não pode descurar de seus melhores talentos e muito menos da adequação da grade curricular das faculdades à nova realidade do mundo do trabalho.

A soma perversa da inadequação do sistema de ensino às modernas exigências da economia com as pífias taxas de crescimento do PIB gera um quadro desalentador para os jovens universitários, como indica a reportagem de Veja, ao registrar que 18% dos jovens universitários ainda não conseguiram emprego, enquanto o índice nacional de desemprego anda pela casa dos 9%. E, para piorar, os salários iniciais para essa faixa caíram 10% na última década – e aqui não se fala de remunerações apetitosas, pois os salário médio em 1995 era de 521 reais e hoje baixou para 465 reais, ou seja, pouco acima do mínimo.

Esses números explicam por que a mais lida revista semanal brasileira dá conta que muitos universitários – e, entre eles, encontram-se muitos currículos bem turbinados, com escolas de renome, até três idiomas estrangeiros, domínio de informática e outras habilidades – decidem adiar a festa de formatura. “Sem dissolver os laços com as empresas que os recrutaram, esses estudantes têm mais chance de, um dia, finalmente ser efetivados”, constatou o repórter Marcos Todeschini. Essa expectativa encontra respaldo na pesquisa realizada pelo instituto InterScience, cuja conclusão revela que, entre as empresas parceiras do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), 64% dos jovens que têm a sorte de conseguir um estágio conquistam, posteriormente, o sonhado carimbo de efetivo na carteira de trabalho.

Mas essa não é uma conquista fácil. Ingressar na categoria de ex-estagiário de sucesso exige uma série de esforços por parte do jovem. Antes de aprender a compatibilizar estudo e treinamento prático em condições reais de trabalho (o que significa respeito a horário, disciplina, aprendizado adicional e desenvolvimento de habilidade pessoais, como trabalho em equipe, iniciativa, etc.), o jovem precisa vencer a barreira do processo seletivo para estágio, bem rigoroso e concorrrido. Só para se ter uma idéia, o CIEE dispõe de um banco de dados com mais de um milhão de jovens à espera de um chamado, enquanto mantém em estágio cerca de 280 mil estudantes, em todo o Brasil.

Esse número, entretanto, vem se mantendo em curva ascendente ininterrupta, na casa dos 12% durante os últimos anos. Pesquisas e consultas revelam que cada vez mais empresas descobrem o valor do estágio como a necessária ponte entre a teoria e a prática, indispensável no processo de formação do profissional do futuro. É durante o período de estágio que a organização pode medir a capacidade do jovem de conquistar seu espaço e construir uma carreira com a solidez desejada num mercado de trabalho extremamente exigente. É nesse treinamento que o futuro talento revelará seu potencial para desenvolver as aptidões e atitudes que ajudarão a empresa a formar seu capital humano, fator reconhecido em todo o mundo como o grande diferencial no competitivo mercado globalizado.

Essas razões, traçadas rapidamente, podem explicar o papel positivo e animador que o estágio desempenha hoje no coração e na mente dos universitários, esses jovens que, hoje mais do que nunca, vêem nele o melhor caminho para o emprego.

. Por: Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da Fiesp.

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