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25/03/2010 - 10:08

Conservação ambiental e desenvolvimento econômico: a última chance para o futuro

Os debates sobre conservação ambiental apresentam um fato inquestionável: investir na proteção e recuperação de áreas naturais é a única saída para garantir a sobrevivência das atividades econômicas. É o momento de diversos setores da sociedade reconhecerem que conservação ambiental é business, pois dependemos de serviços ambientais prestados por áreas em bom estado de conservação.

Os serviços ambientais asseguram oferta de água, equilíbrio climático, controle de pragas, proteção dos solos, polinização das plantas, diminuição dos riscos de enchentes, redução dos gases poluentes, condições para a produção de alimentos e medicamentos, opções de biocombustíveis, energia, pesquisas científicas e mais uma infinidade de vantagens.

Em 1997, a revista Nature publicou um estudo que contabilizava, monetariamente, o valor dos serviços ambientais prestados à humanidade. Naquele período, o valor da fatura bateria em US$ 60 trilhões. No Brasil, de acordo com o estudo Economia das Mudanças do Clima no Brasil, divulgado em novembro de 2009, se não ocorressem mudanças climáticas, o Produto Interno Bruto (PIB) atingiria entre R$ 15,3 e R$ 16 trilhões em 2050. Com mudanças climáticas, temos perdas entre R$ 719 bilhões e R$ 3,6 trilhões. Isso significa a perda do PIB nacional de um ano inteiro!

Mesmo diante desses dados, imensas áreas continuam a ser destruídas. Na Amazônia, milhões de hectares são desmatados a cada ano. No Cerrado, na Caatinga, na Floresta Atlântica e no Pantanal, a situação é igualmente desanimadora. No Paraná, nem mesmo a comprovação de que restam menos de 1% de Floresta com Araucária impede a destruição do ecossistema que chegou a cobrir cerca de 40% do Estado.

Para frear a destruição, há diversas possibilidades, como a adoção de áreas florestadas, opção escolhida por diversas empresas. A iniciativa permite que o investidor pague aos proprietários um valor mensal para que a área seja mantida intacta. Transformado em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), o local não pode ser explorado comercialmente, porém, pode receber visitantes, abrigar pesquisas científicas e servir de palco para aulas de Educação Ambiental, Biologia, Ciências e matérias relacionadas.

No Paraná, cerca de 2000 hectares são protegidos por meio do programa Desmatamento Evitado, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS. Uma das 20 propriedades adotadas pelo programa é a Mata do Uru, área de Floresta com Araucária, na região da Lapa, que possui 130 hectares e é beneficiada pelo projeto há sete anos.

No entanto, tais áreas pouco representam em um contexto mais amplo. Para reverter o processo, é preciso que haja muitas áreas como o Uru em todo o Brasil.

Quando os recursos naturais são explorados à exaustão ou quando ocorrem crimes ambientais, poucos ficam com os lucros dessas atividades, mas os prejuízos são pagos pela coletividade. A cobrança vem em chuva excessiva, desmoronamento de encostas, geadas severas, incêndios florestais, secas prolongadas, desertificação, contaminação biológica, quebra na produção agrícola, morte de rebanhos, poluição do ar, contaminação da água e mais uma série de infortúnios que desequilibram a economia, afetam nossos bolsos e até a nossa saúde.

Um exemplo foi apresentado pelo professor e pesquisador Fernando Fernandez, na palestra Aprendendo a lição de Chaco Canyon, durante a Conferência Nacional 2004 – Empresas e Responsabilidade Social, realizada pelo Instituto Ethos, em São Paulo. Ele cita o caso ocorrido no atual estado norte-americano do Novo México, em que a civilização anasazi, de 1.200 a.C., explorou florestas locais para a construção de grandiosas edificações de madeira, causando a falência da agricultura e uma desertificação da região.

Assim como aconteceu com os anasazi, a história revela que muitos outros povos sucumbiram pela exploração do patrimônio natural. Esses casos são esmiuçados pelo biólogo e escritor Jared Diamond em seu livro Colapso – Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso (Viking/Penguin – 2005). O autor mostra que a derrocada de civilizações está intimamente ligada à inabilidade de gerir recursos naturais e à sobrecarga ambiental gerada por descontrole no crescimento populacional, caça e pesca excessivas e falência na produção de alimentos, entre outros aspectos.

Diante de tudo isso, é fundamental reduzir as emissões de carbono, limitar a geração de resíduos, buscar matrizes energéticas limpas, diminuir o consumo dos recursos naturais e encontrar maneiras de fazer com que as atividades econômicas provoquem cada vez menos impacto ambiental

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