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Greenpeace diz que o Brasil quer apoio para combater desmatamento, mas não oferece contrapartida nas negociações internacionais

Nairóbi - No mesmo dia em que o secretário-geral da ONU, Kofi Annan apontou as mudanças climáticas como problema de primeira ordem mundial, o governo brasileiro apresentou oficialmente, na COP 12 em Nairóbi, uma proposta para recompensar países em desenvolvimento por ações voluntárias no combate ao desmatamento.

A proposta foi introduzida pela ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, e detalhada pelo secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, durante sessão do diálogo para ações de cooperação de longo prazo nas negociações do regime internacional de clima. O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases de efeito estufa e o desmatamento responde por cerca de 75% do total de poluentes liberados na atmosfera pelo país.

"A proposta brasileira é importante para trazer a discussão sobre florestas e desmatamento para o centro das negociações da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Esta discussão é fundamental para as florestas, seus povos, sua biodiversidade e para o clima do planeta”, explica Carlos Rittl, coordenador da campanha de clima do Greenpeace, que participa da COP em Nairóbi. “Porém, como as ações na proposta brasileira são voluntárias e não sujeitas a penalidades, existe o risco do desmatamento voltar a crescer, se, por exemplo, o mercado externo para soja, para carne, voltar a ser economicamente favorável à expansão do agronegócio", completa.

A Papua Nova Guiné já havia colocado em discussão uma proposta que prevê a comercialização de créditos de carbono proporcionais às reduções de emissões de desmatamento. Segundo Rittl, o risco, no caso desta proposta, é que haja uma troca entre as reduções nas emissões de desmatamento e as metas de redução de emissões dos países desenvolvidos provenientes de combustíveis fósseis. Para o Greenpeace, a questão da destruição das florestas é tão crítica quanto a das mudanças climáticas. Desmatamento e aquecimento global interagem em um complexo e perigoso processo que torna as florestas cada vez mais vulneráveis à destruição. “Temos talvez só duas décadas para salvar a Amazônia e o clima do planeta", afirmou Rittl.

Cientistas estimam que as emissões mundiais totais de gases estufa terão que ser reduzidas em 50% até a metade deste século para evitar conseqüencias sociais, ambientais e econômicas catastróficas. Nesta COP, a sociedade civil vem cobrando da delegação brasileira disposição para discutir compromissos concretos de redução das emissões no período pós-2012, quando encerra-se o primeiro período de compromissos do Protocolo de Kyoto. Até agora, o Brasil vem se opondo a um processo mais amplo de revisão do Protocolo de Kyoto, previsto na agenda das negociações. "Ninguém imagina que o Brasil deva assumir metas de redução de emissões iguais às dos países desenvolvidos, já que sua responsabilidade histórica nas emissões mundiais é muito inferior. Mas responsabilidade menor não significa falta de responsabilidade", concluiu Rittl.

* A análise completa do Greenpeace sobre a proposta pode ser lida no linkhttp://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/GPamalisepropostabrasileira.pdf

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