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01/06/2007 - 09:41

Biorreator: uma solução para eliminar lixo em um prazo de apenas 60 dias


Em vez de toneladas de lixo, adubo para a agricultura. Com a ajuda de um biorreator, instalado numa usina de tratamento de resíduos, esse processo pode ser concluído em apenas 60 dias. Na ausência de uma usina, o equipamento funciona do mesmo jeito em um lixão. A diferença é de tempo. Nesse caso, as montanhas de detritos também desaparecem, transformadas em compostagem, mas o prazo cresce para dois a três anos. O projeto é da Inspector Engenharia, que depois de desenvolver um sistema de automação para usinas de triagem de lixo, dá prosseguimento ao sistema, propondo agilizar a transformação de material orgânico. O equipamento, desenvolvido com apoio do programa Rio Inovação, já funciona de forma bastante satisfatória na Usina de Triagem e Compostagem de Resíduos de Paty do Alferes, no interior fluminense.

Tudo isso tem grandes vantagens. A mais imediata é a de dar fim a toneladas de lixo, em períodos de tempo bastante curtos. E a outra é a de tornar o processo, que, de outra forma, seria altamente poluente de solos e lençóis freáticos, em um sistema limpo e ecologicamente correto. Animado com os resultados, o diretor da Inspector Engenharia, Renato Vasconcelos, tem estado em entendimentos com prefeituras do interior para ampliar os testes de campo. "Tenho esperanças de que o fato de nossa unidade estar funcionando exemplarmente em Paty do Alferes estimule outros municípios a seguirem o mesmo caminho", entusiasma-se.

A construção de um biorreator, composto por uma célula fechada para disposição de lixo, com fundo de polietileno de alta densidade e cobertura de plástico para segurar os gases, pode ser feita em quaisquer dimensões. Seja de que tamanho for, a degradação de detritos é sempre acelerada.

Para isso, basta injetar-se oxigênio para favorecer a proliferação dos microorganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica (bio-oxidação). Tirando-se material reciclável e o que não for biodegradável, essa matéria orgânica equivale a 65% do peso dos resíduos que chegam a uma usina de tratamento.

O oxigênio injetado desempenha um papel importante. Sem ele, o processo leva muito mais tempo. Em um aterro sanitário, o lixo pode gerar gases CO2 e metano, de decomposição por cerca de 50 anos! Fora o mau cheiro e microorganismos patogênicos. Além do oxigênio, o processo também abrange a reintrodução controlada do chorume gerado durante o processo de degradação de matéria orgânica. Isso, porém, só acontece depois que o chorume produzido é captado por dutos ou canaletas e levado para um tanque, onde permanece até haver necessidade de sua reintrodução para agilizar o processo. Tudo é feito automaticamente pelo sistema projetado pela Inspector.

Outra vantagem do biorreator criado pela empresa é sua facilidade em operar com qualquer volume de resíduos. Para tanto, basta dimensionar a capacidade do equipamento, e os custos serão proporcionais a essas dimensões. "Com o biorreator, na compostagem de uma usina esperamos um encurtamento de tempo de uma a duas semanas no total de 60 dias. Ainda não deu para determinar o quanto será. Esse encurtamento de tempo de bio-oxidação pode resultar de economia no tamanho da construção do galpão do biorreator necessitando de menor número de células. Mas a melhor vantagem advirá do controle de qualidade sobre o processo de compostagem", explica Vasconcelos.

Há oito meses instalado em Paty de Alferes, o biorreator — que ainda está em desenvolvimento — funciona na usina que processa todo o lixo da cidade, de cerca de 30 mil habitantes. Ali, chegam diariamente em torno de 15 toneladas de detritos. "Mas temos capacidade para o dobro desse volume. Poderíamos facilmente processar o lixo de Paty e da vizinha Miguel Pereira, equivalente a 30 toneladas/dia", explica.

Os objetivos de Vasconcelos, no entanto, são mais amplos. "Agora queremos desenvolver equipamento em escala maior. Nossa meta é criar um biorreator que opere uma usina ou aterro sanitário com capacidade para atender uma cidade de 100 mil habitantes. Assim poderemos avaliar as possíveis dificuldades e chegar a soluções. Depois, podemos pegar os lixões e promover sua eliminação", anima-se.

O processo infelizmente não é rápido. Embora tenha havido tempos atrás uma iniciativa de se construir várias usinas de tratamento de lixo no estado, não houve continuidade no projeto. "Falta dar continuidade ao programa do estado que inicialmente criou perto de 50 usinas de lixo, mas apenas uma meia dúzia foi concluída, e o projeto não prosseguiu. Cerca de 40 dessas estações estão semiprontas e podem ser retomadas a qualquer momento. O que falta é uma política definida, continuidade no programa e gente que entenda", diz Vasconcelos.

Na opinião do diretor da Inspector, dar prosseguimento a um programa como esse certamente pode ser o início para uma solução de um problema sério como o destino do lixo no estado. "Criar empregos na área social, estimular o reaproveitamento dos recicláveis e produzir composto orgânico de boa qualidade para atividades de reflorestamento e mesmo agrícolas, além de evitar o enchimento rápido dos aterros sanitários que uma vez cheios, sempre precisam se instalar em outro lugar e ninguém os deseja por perto", conclui./Faperj

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