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28/07/2010 - 08:37

Iniciativa socioambiental vira negócio lucrativo

Projeto simples que reaproveita óleo vegetal em Rondônia evita descarte nocivo ao ambiente, corta custos de empresas e ajuda a gerar renda a trabalhadores.

Nos últimos anos, a preocupação com a preservação do meio ambiente, felizmente, garantiu lugar de destaque na agenda do brasileiro, assim como a chamada responsabilidade social que as empresas devem praticar. Mas as contrapartidas sociais e ambientais geralmente são onerosas às empresas - diminuem seus ganhos ou elevam seus custos. Uma iniciativa aparentemente simples de conscientização de trabalhadores e sociedade em Porto Velho, Rondônia, mostra que todos podem, sim, ganhar dinheiro preservando e ajudando a comunidade.

A ideia é simples: transformar óleo vegetal, usado em cozinha, em sabão para limpeza pesada. A diferença desse reaproveitamento em Porto Velho para o resto do Brasil é um projeto também simples, de conscientização. Em 2009, a educadora ambiental e pedagoga Izabel Cristina da Silva, da Secretaria de Meio Ambiente, observou que a prática do reaproveitamento era cada vez mais comum na região, mas não havia demanda suficiente de matéria-prima. Ao mesmo tempo, estabelecimentos como bares e restaurantes costumavam descartar grandes quantidades de óleo diretamente na rede de esgoto. "Faltava unir esses dois mundos", lembra Izabel.

Foi assim que a iniciativa do sabão ecológico ganhou força dentro do Projeto Meio Ambiente na Arte e Cultura, coordenado pela pedagoga. Izabel leva oficinas de fabricação do sabão ecológico para comunidades rurais e ribeirinhas em Rondônia e ajuda a firmar parcerias entre essas comunidades e empresários locais, para conseguir de forma vantajosa os demais ingredientes do produto - entre eles, essência de citronela, planta amazônica que garante o aroma ao produto final e responsável pelo apelido "sabão ecológico da Amazônia".

Pedreiro garante R$ 200 a mais por mês -O pedreiro Valdeci Gonçalves é um dos moradores do município que gera recursos com o trabalho. Ele participa das oficinas aos finais de semana ao lado da esposa, que trabalha como doméstica em um condomínio da região. Os dois garantem lucro médio de R$ 200 por mês com a venda do sabão ecológico. Mas o pedreiro mira o futuro - "o negócio ainda está no começo", garante. Valdeci vende o produto para os colegas da construção civil onde trabalha. Sua esposa aposta no aumento das vendas. Com a divulgação, eles conseguiram conquistar uma cartela de clientes. "Estou feliz. Ajudo na preservação ao meio ambiente e posso comprar mais alimentos e contribuir para a qualidade de vida da minha família".

Projeto reduz em torno de 70% custos para empresas - Abandonar as compras mensais de produtos industrializados foi um passo seguro para a empresária Vanessa Lobo ao comprovar a qualidade, o custo-benefício e a versatilidade do sabão ecológico. Dona de um espaço de depilação em Rondônia, ela chegava a gastar R$ 220 por mês em produtos de limpeza. Hoje, esse investimento caiu para R$ 60. "Substituímos todos os produtos de limpeza, inclusive o detergente e o sabão em pó, pelo sabão ecológico". O caráter multiuso foi comprovado na higiene de pisos e azulejos, panos de prato e de chão. Com uma economia de mais de 70% proporcionada pelo consumo mensal de 30 litros do sabão, a empresária conseguiu outro feito: caprichar no café da manhã dos funcionários.

Na opinião do empresário Angelo Conti, consumidor do sabão ecológico há dois meses, o projeto privilegia o setor primário e dá apoio a toda a comunidade. "Encurta-se o caminho entre produtor e consumidor", define. Proprietário de um hotel em Rondônia, Angelo também utiliza o produto no negócio e dispensa o uso de químicos na limpeza de pisos. "O sabão ecológico possui três características indispensáveis: é espumante, rende bastante e limpa bem o ambiente."

"Dessa forma, estimulamos a geração de renda em comunidades que precisam e ainda ajudamos a preservar o meio ambiente", orgulha-se Izabel. Seu projeto mostra que é possível, sim, estimular a atividade econômica gerando lucros para empresas e trabalhadores, ao mesmo tempo que se evita descartes nocivos à natureza. "Preservar não precisa ser sinônimo de gastos", defende. E mostra que tem razão.

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