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27/04/2011 - 10:47

Madeira morta em cultura conservacionista de cacau serve como matéria-prima para produção responsável de móveis


A Camacã Design, encabeçada pelo empresário e artesão Euvaldo Maia Filho, conseguiu, após cinco anos de negociação junto a órgãos ambientais reguladores, licenciamento de madeiras mortas ou caídas da Mata Atlântica para produção de móveis e artigos de decoração. Com a permissão para fazer de suas quatro propriedades fonte de matéria-prima para sua fábrica na Fazenda Nossa Senhora de Fátima, no município de Camacan (Sul da Bahia), a empresa anuncia sua entrada nos mercados nacional e internacional. A produção é voltada para móveis e utensílios em madeira nativa, originária do ecossistema da Cabruca, denominação regional do Sul da Bahia para o plantio preservacionista do cacau em mata nativa. Neste sistema, somente a vegetação herbácea é retirada, uma vez que as grandes árvores da Mata Atlântica e sua biodiversidade são preservadas. São essas árvores, responsáveis pelo sombreamento do cacaueiro, que, quando mortas, servirão de matéria-prima para a Camacã.

São cerca de 800 hectares, com uma média de 70 árvores nativas por hectare, o que resulta em um número próximo a 56.000 árvores. É desse universo que a empresa retira a matéria-prima, cuidando para que esse processo não prejudique outras árvores. De acordo com Maia Filho, a ideia é levar a natureza o mais intacta possível para espaços privilegiados e versáteis: “Tudo sem causar danos ao ambiente”. A intervenção humana é a menor possível, ressaltando a beleza natural das formas. Em outras peças, feitas em série, há a intervenção do designer, mas as características originais da madeira fazem com que cada peça continue sendo singular. A escolha das toras é feita pelo diretor e designer da Camacã, Euvaldo Maia Filho, que, ao analisar uma por uma, decide qual o tipo de peça a ser produzida. Grande diferencial é a cadeia de custódia, que permite ao consumidor final conhecer todo o caminho percorrido desde a descoberta da madeira até a loja.

As espécies utilizadas são Pequi-Preto, Vinhático, Jequitibá, Araçá e Pau D’arco. “Sempre caem ou morrem árvores. Elas tem um ciclo de vida, desenvolvimento e morte, assim como nós. O bom é que uma árvore caída pode render várias peças e evita que árvores saudáveis sejam cortadas”, diz.As peças são feitas de forma artesanal e a produção mensal é de 30 itens. As peças classificadas como “orgânicas” são únicas, mesmo porque as criações são feitas com o mínimo de intervenção na madeira original. A produção seriada, geralmente, é feita a partir de projetos de arquitetos e designers ou em alguns casos específicos, por encomendas.

O cacau e a serrarias- O compromisso ambiental da Camacã torna-se ainda mais importante quando nos deparamos com a situação atual da Mata Atlântica, bioma mais rico em biodiversidade do planeta, que possui uma extensão original de 1.300.000 km² e hoje se reduz a 7% de seu total, tamanha exploração. Até 1989, os produtores não admitiam que suas árvores fossem derrubadas, já que isso poderia atrapalhar a produção do cacau, que rendia muitos lucros num mercado próspero nacional e internacionalmente. Com a crise do setor, causada por problemas como a queda de preço e a contaminação pela vassoura-de-bruxa, o quadro mudou. Um tipo de comércio que se alastrou rapidamente: a serraria, que ainda dizima milhares de árvores nativas. A Camacã surge justamente na contramão deste pensamento, buscando aliar novas fontes de renda para a região com a preservação deste importante bioma. [www.camacadesign.com].

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