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10/08/2007 - 07:46

A busca pelo consumo consciente

Com a ajuda dos consumidores, é possível alcançar a sustentabilidade. A receita de fazer isso será debatida durante o Fórum de Lideranças Empresariais, no Encontro Brasileiro de Responsabilidade Socioambiental.

“Comércio justo, consumo consciente e sustentabilidade” é o tema da primeira mesa-redonda do Fórum de Lideranças Empresariais, que será realizado no dia 16 de agosto, durante o Encontro Brasileiro de Responsabilidade Social, em Florianópolis. Participam do debate o gerente de projetos especiais do Instituto Akatu, Aron Belinky, o gerente-executivo da diretoria de relações com os funcionários e de responsabilidade socioambiental do Banco do Brasil, Antonio Sergio Riede, o superintendente de educação e desenvolvimento sustentável do Banco Real, Carlos Nomoto e da presidente do Instituto da Terra, Zuleica Medeiros. Os executivos irão discutir sobre os novos modelos de comércio e consumo diante da crescente onda da sustentabilidade.

“É através do consumo consciente que podemos contribuir para o comércio justo e para a sustentabilidade”, explica o gerente de projetos especiais do Instituto Akatu, Aron Belinky. A organização não governamental desenvolve, há seis anos, a reflexão sobre o consumo consciente. “A idéia do consumo consciente é que as pessoas apropriem da sua ação como consumidores para exercer a cidadania”, explica Belinky. A proposta é que os consumidores, no seu cotidiano, percebam que as decisões individuais que cada um toma têm um efeito sob o coletivo. Segundo o gerente do Instituto, as pessoas devem perceber que podem mudar a forma de consumir a fim de evitar problemas como, por exemplo, poluição e aquecimento global. “A mesma força do consumo que está gerando todos esses problemas pode ajudar a gerar soluções”, ressalta.

Os impactos que o consumidor pode gerar - positivos ou negativos - acontecem em dois momentos: antes da compra e depois que o consumo já ocorreu. Ao comprar produtos de empresas que tenham responsabilidade social, o consumidor ajuda a ampliar e manter a lógica do comércio justo. Por outro lado, um consumidor que desconsidera o compromisso social do fornecedor, eventualmente estará sustentando um processo de expansão insustentável ou agressivo à sustentabilidade. “Ao tomar sua decisão de compra, o consumidor precisar ver de onde veio o produto e a quem o fato dele estar comprando e usando aquilo vai beneficiar: se é algo que ajuda a sociedade e o meio-ambiente ou se é algo que prejudica”, explica Belinky.

Falta engajamento para consumidor brasileiro - De acordo com uma pesquisa de 2006 do Instituto Akatu, 33% dos brasileiros já tem uma percepção como consumidores que vai além daquela economia imediata na hora de consumir. “O Brasil está num nível intermediário, nossos consumidores tem certo engajamento, mas não tão grande quanto em outros países”, destaca o gerente.

Outro dado da pesquisa aborda a disposição do consumidor em premiar ou punir empresas através da sua decisão de compras. No Brasil, 30% dos consumidores disseram que já fizeram ou pensaram em fazer isso alguma vez, ou seja, já tomaram a decisão de compra levando em consideração a vontade de prestigiar uma empresa socialmente responsável ou deixaram de comprar porque a empresa não tem atitudes corretas. Em países como Austrália, França e Alemanha, esse número chega próximo de 50%.

Desafio - Durante o fórum, o gerente do Akatu quer mostrar que não há uma incompatibilidade entre crescimento econômico, sustentabilidade e comércio justo. Segundo Belinky, o que ocorre atualmente é um desequilíbrio. Hoje um percentual enorme da população mundial tem um consumo muito abaixo daquilo que as pessoas poderiam esperar. Por outro lado, a humanidade como um todo consome 25% mais do que a Terra é capaz de sustentar. “Precisamos trabalhar de maneira que o crescimento econômico una essas pessoas que estão fora do mercado ou que tenham um consumo mínimo aquém daquele essencial para a sobrevivência e, ao mesmo tempo, tem que ser mais produtivo de modo que você consiga gerar menos impacto, com menos desperdício, com menos excesso na outra ponta”, afirma.

Exemplos - Uma maneira de praticar um comércio justo é dar chances a organizações não governamentais que produzem produtos de qualidade e competitivos. “Um problema que enfrentamos é que o terceiro setor não é visto como um setor auto-sustentável e nós temos muito a oferecer como solução”, destaca a presidente do Instituto da Terra, Zuleica Medeiros, que também participará da mesa-redonda do Fórum de Lideranças Empresariais.

Com sede na capital catarinense, há dez anos, a ONG emprega detentos do Presídio Masculino de Florianópolis na produção de materiais de papel reciclado. Cerca de 650 presos já passaram pelo projeto “Cidadania em Cadeia” e menos de 10% deles reincidiram no crime. “Investimos na reintegração social e profissional dos apenados, apostando em uma nova perspectiva contra a reincidência, com homens transformando papéis e o papel criando um novo homem, capaz de produzir maneiras equilibradas de viver”, explica Zuleica.

As empresas também têm um papel fundamental na busca pela sustentabilidade. Atualmente, para uma empresa ser reconhecida não basta só o antigo papel tradicional de pagar impostos e gerar empregos. Um exemplo que será abordado na mesa-redonda é o Banco Real. A partir de exemplos práticos, o superintendente de educação e desenvolvimento sustentável, Carlos Nomoto, mostrará como questões ambientais, sociais e de ética e transparência estão presente no dia-a-dia de negócios e gestão da instituição “Desde que começamos o movimento de inserção da sustentabilidade, em 2001, entendemos que seria fundamental transformar nossas práticas de gestão e investir em atividades relacionadas ao nosso negócio”, explica Nomoto.

O Banco Real desenvolve novos produtos como o Fundo Ethical, composto por ações de empresas com boa performance financeira e conduta adequada em relação a questões socioambientais. Em paralelo, a instituição evoluiu em outras práticas de gestão. Uma área de diversidade foi estabelecida para dedicar-se à inclusão de historicamente excluídos. Depois de adotar práticas de ecoeficiência, em 2006, o prédio sede do Banco Real recebeu a certificação ISO 14001. “Temos fortalecido também a relação com nossos fornecedores, realizando, por exemplo, diálogos com escritórios de advocacia terceirizados para identificar como a sustentabilidade e o judiciário podem caminhar juntos”, afirma o superintendente.

Outro avanço recente foi a evolução do modelo de governança para a sustentabilidade que, desde 2006, possui como um de seus principais instrumentos o Conselho de Sustentabilidade. Formado por diretores do Banco e representantes seniores das áreas, o Conselho tem a missão de gerir a integração da sustentabilidade nos negócios, alinhar iniciativas, tomar decisões e monitorar desempenho por meio de indicadores de sustentabilidade.

Inscrições - A mesa-redonda “Comércio justo, consumo consciente e sustentabilidade” é apenas um dos eventos do Encontro Brasileiro de Responsabilidade Social, que será realizado de 15 a 18 de agosto em Florianópolis. A programação completa se encontra no site www.geracaoresponsavel.org.br, onde também podem ser feitas as inscrições até o dia 14 de agosto. As vagas são limitadas. Estudantes têm 50% de desconto para inscrições em palestras e mesas redondas. Pacotes corporativos também ganham desconto, de 15%.

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