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Apesar dos esforços Brasil é o 4° do mundo em emissão de gases causadores do efeito estufa

São Paulo - A discussão atual sobre mudanças climáticas que teve lugar em Nairóbi na COP 12 e que já, há algum tempo, vem sendo foco dos especialistas e ativistas da área, não é mais sobre o quanto as ações antropogênicas influem no aquecimento global, quantos graus a temperatura deve subir na média ou ainda sobre a pertinência na substituição de fontes energéticas fósseis por renováveis. Os dois pontos mais vibrantes da discussão agora são o compromisso voluntário ou mandatório de países como o Brasil, China e Índia de assumirem metas de redução em suas emissões de gases de efeito estufa e a questão do desmatamento evitado.

De acordo com Miriam Duailibi, coordenadora geral do Instituto Ecoar para a Cidadania e uma das mais importantes ativistas ambientais do país, o Brasil reluta em assumir metas de redução de emissões (assim como a China e a India) uma vez que alega que o acúmulo de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera vem de 150 anos. "O que vemos hoje é o resultado direto do processo de industrialização e desenvolvimento dos países do primeiro mundo, os grandes poluidores do passado (e do presente). Concordamos que são eles que devem pagar essa conta, mas também não se pode permitir que outros países, em fase de desenvolvimento, cometam os mesmos erros e se transformem nos poluidores do futuro", explica.

"O Brasil tem dito que seu compromisso é voluntário e que tem feito um grande esforço para mitigar estas emissões. Nossa energia elétrica é majoritariamente advinda de fonte hidroelétrica e como conseqüência, nossas emissões resultantes da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão) são pequenas. Quando avaliado apenas por este índice, o Brasil passa a ser o país de numero 18 em emissões. Mas temos um problema sério a nos atormentar e fazer com que os olhos do mundo se voltem para nós: o desmatamento da Floresta Amazônica. Se forem levadas em conta as emissões de gases de efeito estufa por desmatamento, o Brasil sobe para quarto ou quinto lugar no ranking das emissões globais", diz Miriam.

No entanto, o desmatamento está caindo significativamente por dois anos consecutivos, o que leva o Governo a afirmar que estamos fazendo nossa parte, voluntariamente. É importante lembrar que o Brasil é pioneiro nos biocombustíveis (ethanol), tem a maior frota de carros flex do mundo e desenvolve importante programa de biodiesel da mamona e da soja. "Argumentos como esses, nos levam a achar injusto o Brasil ter recebido o troféu "O Fóssil do Dia", no sábado, dia 11 de novembro, durante a realização da 12ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O Fóssil do Dia é uma premiação criada pela rede Climate Action Network, que reúne mais de 350 organizações não-governamentais, para protestar contra os governos que mais atrapalham as negociações no combate ao aquecimento global", afirma.

Apenas os esforços de substituição da fonte energética fóssil por renovável não será capaz de evitar o aumento substancial das emissões a níveis alarmantes. "O esforço que deverá ser feito por toda a humanidade para que seja possível manter níveis mais seguros de emissão nos próximos 50 anos é gigantesco!". Sabe-se da importância da necessidade de mudança imediata nos padrões do uso do solo, nas práticas agrícolas e na pecuária. "Neste aspecto o Brasil também está bastante avançado, pois já tem 46% de sua área agrícola usando técnicas de plantio direto", diz a ativista.

Assim a proposta da criação de um fundo voluntário, onde as nações mais ricas aportariam recursos, e que os países com florestas, (quando atingissem uma determinada meta de redução de desmatamento, a partir de uma linha de base pré-determinada) poderiam acessar e usar os recursos para promover o desenvolvimento sustentável, campanhas educacionais ou para combate ao desmatamento clandestino, etc, levada a Nairóbi pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, faz muito sentido. "A proposta brasileira me parece ética, justa e perfeitamente passível de execução", finaliza.

* Miriam Duailibi é presidente do Ecoar, uma das principais ativistas ambientais brasileiras da atualidade. Autora de diversos livros, artigos e textos sobre o tema é reconhecida internacionalmente por seus inovadores projetos socioambientais. Fundou em 92 a Ecoar, organização sem fins lucrativos da qual faz parte o Instituto Ecoar para Cidadania, o Centro Ecoar de Educação para Sociedades Sustentáveis e o a Associação Ecoar Florestal, responsável pela produção anual de 2 milhões de mudas para a reposição de florestas no Brasil.

Perfil do Instituto Ecoar para a Cidadania - O Instituto Ecoar é uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), sem fins lucrativos, que atua com educação ambiental, cidadania e projetos florestais. Sua missão é contribuir para a construção de sociedades sustentáveis e em equilíbrio com a natureza. Fundada por um grupo de ambientalistas e pesquisadores após a Eco-92 e o Fórum Global, é responsável pela implantação de mais de 50 projetos de meio ambiente e educação em todo país. Credenciada pelo IBAMA e DPRN para desenvolver o Programa de Reposição Florestal Obrigatória no Estado de São Paulo, possui dois viveiros que juntos produzem mais de 02 milhões de mudas por ano. Instituto Ecoar para a Cidadania: www.ecoar.org.

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