Salesópolis vai se transformar na primeira Cidade da Mata Atlântica

Áreas públicas, jardins e até quintais das casas, tudo em Salesópolis, a cidade que abriga a nascente do Rio Tietê, será replantado como se deve. Cambucis, grumixamas, araçás e muitas dezenas de espécies da mata atlântica estão na fila para plantio, floração e para gerar renda para as populações que entrarem no programa criado pela Fundação Energia e Saneamento, dia 22 de setembro (sábado).

É o dia do Rio Tietê,. Vinte mil mudas de espécies da mata atlântica já estão em Salesópolis para o início do plantio e para reocupar seu território nativo. O plantio seguirá coordenadas do projeto elaborado para essa região pelo arquiteto Ruy Ohtake, e que faz parte do novo plano diretor da Prefeitura da Estância Turística de Salesópolis.

O evento, Onde nasce o Rio Tietê, nascem ações socioambientais, é o início do trabalho de uma rede de parceiros para ações de preservação ambiental e geração de renda a partir das plantas nativas da Mata Atlântica. Parceiros que entram nessa primeira Cidade da Mata Atlântica : UniBio, a Universidade Livre para a Conservação da Biodiversidade, CESP - Companhia Energética de São Paulo, uma das mais importantes recriadoras de florestas nativas em várias partes do Estado de São Paulo, o Sebrae de Mogi, que dará as coordenadas para a formação de cooperativas de pequenos produtores, além da Prefeitura de Salesópolis e o Governo de São Paulo, que apóiam a estruturação desse inédito empreendimento.

O parceiro CESP trouxe as primeiras 20 mil mudas, diretamente do seu “berçário de florestas” nativas em Paraibuna. A estatal vai prestar também assessoria técnica para a implantação de um viveiro “pedagógico” criado pela Fundação no seu Museu da Energia Usina-Parque de Salesópolis.

“As plantas são nativas, as pessoas são nativas, mas elas não se conhecem. O que queremos é criar uma interação entre a população carente de oportunidade de trabalho e renda e a recuperação do meio ambiente. É super importante acontecer isso em Salesópolis, um dos únicos lugares do País onde ainda há Mata Atlântica”, afirmou a coordenadora de projetos da Fundação Patrimônio Histórico de Energia e Saneamento, Claudinéli Ramos.

Para o plantio e desenvolvimento adequado das mudas, moradores e jovens da cidade vão ser capacitados pela Fundação e por técnicos da Cesp. Benedito Rafael da Silva, hoje prefeito da cidade, fala da “importante colaboração que é a parceria entre a Prefeitura de Salesópolis e a Unitau. Do centro de pesquisa de agricultura orgânica queremos melhores sementes”. Ali também se busca uma solução ecológica para o combate às pragas.

Outra parceira, a Unibio, formada por técnicos da Universidade de São Paulo, Universidade Estadual Paulista, Universidade de Taubaté - Unitau, Instituto de Botânica e Instituto Florestal, empenha-se, entre outras pesquisas, na busca das espécies vegetais que prestam serviços ambientais. “O angico, o pau-jacaré, cedros rosa e as canelas são plantas de boa condutividade hidráulica. Ou seja, permitem que a água da chuva penetre no solo. São provedores de um serviço ambiental importante”, diz o biólogo consultor da Fundação e coordenador técnico do Centro de Monitoramento Ambiental da Serra do Itapety – CEMASI, José Roberto Manna de Deus.

A UniBio vêm desenvolvendo cursos abertos à comunidade para a pesquisa e difusão de conhecimentos científicos e sociais em biodiversidade da região do Alto Tietê. A Fundação Energia e Saneamento vai lançar neste sábado o “Inventário de Flora e Fauna do Museu Usina-Parque de Salesópolis – 2007”, material que reúne uma pesquisa feita na área do Museu e entorno para aprofundar os estudos sobre a biodiversidade da região.

Matrizes da Mata Atlântica da região, que florescem e dão os grumixamas, araçás e cambucis, frutos nativos, são algumas das grandes contribuidoras para o desenvolvimento de renda, já sem degradação ambiental, dos moradores que aderirem ao programa. Essas frutas podem ir para a mesa dos consumidores nacionais “e por que não internacionais?”, diz Claudinéli Ramos, em forma de compotas, licores e cachaça.

O fruto da terra será o importante diferencial dessa primeira Cidade da Mata Atlântica. Os pequenos proprietários podem criar ou fortalecer suas cooperativas para a comercialização do seu plantio até doméstico, ativando a economia local. O Sebrae de Mogi das Cruzes vai fornecer assessoria técnica para a formação desses pequenos negócios.

No evento deste sábado, com a presença dos parceiros, haverá uma mostra das espécies nativas, incluindo pegadas em gesso de animais silvestres e locais, como a de uma onça pintada. A ONG Mãe Natureza, especializada na defesa dos recursos hídricos, levará seu ônibus-escola para a visitação dos estudantes.

"Onde nasce o Rio Tietê, nascem ações socioambientais", dia 22 de setembro, às 10h30, no Museu da Energia Usina-Parque de Salesópolis, Estrada dos Freires, km 06 - Salesópolis – SP