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25/04/2012 - 09:28

Boas condições das aldeias do Oeste atraem famílias indígenas


Na comunidade Itamarã, número de famílias passou de 25 para 35, em dois anos. No Añetete, de 45 para 73.

A Semana de Cultura Ava Guarani, celebrada na semana passada nas aldeias assistidas pela Itaipu e prefeituras municipais no Oeste do Paraná, serviu para comemorar as conquistas de quase uma década desde a implantação do programa Cultivando Água Boa. Nesse período, as condições de moradia e alimentação avançaram muito, graças à construção de casas e às melhorias nas práticas agropecuárias.

Com apoio da Itaipu e demais parceiros na doação de sementes e nas orientações técnicas para a agropecuária, as aldeias já colhem mais de 140 toneladas de milho/ano. Somente no Añetete, em Diamante d'Oeste, a produção anual de mandioca chega a 200 toneladas. Essa fartura, no entanto, têm atraído famílias indígenas de fora da região, colocando em risco a sustentabilidade dessas comunidades.

Em 2010 e 2011, nas aldeias do Itamarã e do Añetete, ambas em Diamante d'Oeste, o número da famílias passou de 25 para 35 e de 45 para 73, respectivamente. Teodoro Tupã Alves é professor da escola na aldeia Itamarã e explica que a migração sempre fez parte da cultura guarani, mas hoje é menos intensa e é até rejeitada.

“Antigamente, era comum os pajés circularem pelas aldeias e depois contarem onde é que colheita estava melhor e as famílias se mudavam”, explicou. “Mas, hoje, os próprios indígenas não querem mais isso, porque sabem que a fartura diminui. Além de mais bocas para alimentar, tem que construir mais casas, o que diminui a área de lavoura”.

O cacique da aldeia de Itamarã, Isario Karai Mirin Popykua, nascido na comunidade do Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, atesta que as condições melhoraram muito desde 2004, quando ele chegou à aldeia, onde vive até hoje. Entre deixar o Ocoy, nos anos 80 e o retorno para o Oeste Paranaense, ele viveu no Centro Oeste, em uma terra demarcada dividida com a etnia caingangue.

“Lá, a gente não tinha acesso à agricultura e à educação como aqui. Nem o apoio que temos para manter as nossas tradições”, afirmou o líder comunitário. “A chegada de novas famílias também trouxe problemas que já não se viam mais nas comunidades, como o alcoolismo e a subnutrição em crianças”, acrescentou o professor Teodoro.

A Itaipu e a prefeitura de Diamante d'Oeste vem trabalhando para adaptar o programa à realidade das famílias, buscando readequar o espaço físico e redobrar a atenção e o monitoramento das crianças em risco nutricional. Mas a vinda de novos integrantes também repercute na troca de lideranças indígenas e, consequentemente, em nova articulação e revisão das estratégias nas relações entre indígenas e não-indígenas.

Na opinião da gerente da Divisão de Ação Ambiental da Itaipu, Marlene Curtis, a Semana de Cultura Ava Guarani, celebrada na semana passada é de grande importância na integração das famílias e na valorização das tradições indígenas e, por isso, desempenha um papel fundamental na integração da comunidade. “Além da alimentação e do espaço físico, a cultura também repercute na sustentabilidade dessas aldeias”.

Ao longo da semana, as aldeias Itamarã e Añetete tiveram a oportunidade de mostrar suas artes, como a música, o artesanato, a dança e a encenação de lendas, além de apresentar a medicina tradicional dos fitoterápicos a diversas escolas da região, que organizaram excursões durante o período. A cerimônia de encerramento contou com diversas apresentações culturais, e a entrega de bicicletas, kits de jardinagem e computadores doados pela Itaipu para a escola da comunidade.

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