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19/06/2012 - 10:22

O Desenvolvimento Sustentável para o combate à pobreza

Propostas de promoção de educação em nível global, incentivo a inovações comunitárias e garantia de cobertura de saúde universal serão levadas a chefes de estados.

Os exemplos de pequenas comunidades baseadas na agricultura de subsistência que venceram a condição de pobreza por meio da adoção de um modelo verde e de inovações tecnológicas foram uma inspiração para os dez palestrantes do debate "O Desenvolvimento Sustentável para o combate à pobreza", neste sábado à noite. O tema marcou o encerramento do primeiro dia dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, uma série de encontros com representantes da sociedade civil, comunidade acadêmica e científica e setor privado.

Em sua apresentação, o economista indiano Pavan Sukhdev lembrou que 60% das terras do planeta é ocupada por pequenas fazendas e que um terço da população mundial depende da agricultura como meio de vida. Sukhdev afirmou que as inovações tecnológicas podem aumentar o retorno financeiro dos pequenos agricultores em até 80%. "Existem formas acessíveis de melhorar a produção e tornar as fazendas ecologicamente amigáveis", disse. Diretora de um centro de estudos para políticas sociais, a chinesa Tuan Yang lembrou que o modo de produção sustentável e a adoção de um modelo verde de segurança alimentar pelas cooperativas rurais melhoraram muito as condições de vida em pequenas comunidades de seu país.

O produtor argentino Victor Trucco citou avanços tecnológicos para melhorar o solo e o resultado da produção. "O uso da semeadura não-hostil mudou o paradigma da produção e possibilitou que os agricultores possuam um bom nível de vida através de seus próprios meios", explicou. A equação, lembrou Trucco, possibilitou que se formasse pequenas comunidades urbano-rurais no interior da Argentina, com população em torno de 10 a 15 mil pessoas, com boa gama de serviços, sem aumentar a migração para as metrópoles.

A presidente da Federação Peruana de Trabalhadoras Rurais, Lourdes Atencio, também defendeu a busca de qualidade de vida no campo. "A migração do campo para a cidade não pode ser uma meta, assim como os nossos estudantes e pesquisadores não deveriam sair da faculdade com o intuito exclusivo de ganhar dinheiro, mas de também ajudar os outros", disse, bastante aplaudida. A ideia de dedicar uma parcela maior de pesquisas para buscar a igualdade e não apenas a competitividade também foi ressaltada pela professora uruguaia Judith Sutz e pela ex-ministra brasileira do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Márcia Lopes.

Com um discurso mais duro, o professor português Boaventura de Sousa Santos lembrou que o mercado não deve ser a única forma do homem de lidar com a natureza. Mais do que a erradicação da pobreza, Boaventura defendeu que a sociedade deveria lutar contra a concentração de renda e desigualdade e pregou uma reforma do sistema político. Já o indiano Manish Bapna, presidente do World Resources International (WRI), citou a Primavera Árabe para reforçar a importância de dar voz e dignidade para os menos favorecidos. Uma relação de boa governança, em sua visão, é crucial para aumentar a participação dos pobres e dar um passo na direção do desenvolvimento sustentável.

Mais do que propor uma solução global, Severn Cullis-Suzuki salientou que é importante respeitar a diversidade encontrada em comunidades espalhadas mundo afora. A ativista canadense lembrou que algumas comunidades não-integradas ao sistema econômico mundial ensinam que é possível viver bem sem grandes ganhos financeiros, uma experiência vivida em primeira mão pelo líder indígena Marcos Terena. "Não conhecíamos o conceito de pobreza", disse. "Não tínhamos dinheiro, mas não passávamos fome, nem nos faltava água ou comida. Temos que produzir dignidade e honra".

No fim do encontro, foram apresentadas as três recomendações mais votadas pelo público e debatedores entre uma seleção inicial de dez sugestões, selecionadas previamente em uma eleição online com a participação de 63 mil pessoas. As escolhidas foram a promoção de educação em nível global, o incentivo a inovações comunitárias e a garantia de cobertura de saúde universal para erradicar a pobreza e atingir o desenvolvimento sustentável. As três ideias serão levadas para apreciação dos Chefes de Estado e de Governo durante o Segmento de Alto Nível da Rio+20, que acontece entre os dias 20 e 22.

Sobre os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável -Os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável iniciaram-se no sábado, 16 de junho, e se estendem até o dia 19 na plenária do Pavilhão 5 do Riocentro. Serão dez rodadas de discussão, com dez participantes em cada uma, que abordarão temas prioritários da agenda internacional de sustentabilidade. A cada rodada, três propostas serão escolhidas, uma pelos palestrantes, uma pelos participantes da sessão e uma pelos internautas. As trinta sugestões mais votadas serão levadas diretamente aos Chefes de Estado e de Governo presentes na Conferência.

São dez os temas dos Diálogos: (i) Desemprego, trabalho decente e migrações; (ii) Desenvolvimento Sustentável como resposta às crises econômicas e financeiras; (iii) Desenvolvimento Sustentável para o combate à pobreza; (iv) Economia do Desenvolvimento Sustentável, incluindo padrões sustentáveis de produção e consumo; (v) Florestas; (vi) Segurança alimentar e nutricional; (vii) Energia sustentável para todos; (viii) Água; (ix) Cidades sustentáveis e inovação; e (x) Oceanos. Todos os debates serão transmitidos ao vivo no website das Nações Unidas: http://www.uncsd2012.org.

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