“Precisamos andar mais do que falar”

Especialistas debatem mudanças de paradigmas e ações para possibilitar a sustentabilidade.

A plenária “Better lives, smaller footprint” do Fórum “Ideias Justas” realizada na manhã do dia 16 de junho (sábado), na PUC-Rio, discutiu se há como conciliar o bem-estar humano com os limites do planeta. O Fórum é uma parceria entre o Instituto Internacional do Meio ambiente e Desenvolvimento (IIED) e a PUC-Rio.

A sessão foi baseada na constatação da falta de estabilidade e confiança do atual sistema econômico mundial, além da pressão exercida por ele sobre o meio ambiente.

Camila Toulmin, diretora do IIED, demonstrou o quão difícil será enfrentar os danos já causados nos sistemas planetários e na sociedade. Segundo ela, isso só será possível se houver desenvolvimento local, investimento na recuperação de ecossistemas e mudanças de medidas do sistema econômico: “A economia global está em um padrão incalculável e a sociedade está pagando por isso”.

A especialista declarou que a Rio+20 é o início de uma conversação global que deve continuar, além de proporcionar uma ação concreta: “Seremos todos perdedores se não fizermos nada”.

Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, acrescentou que nos encontramos em um momento de reflexão. Segundo ele, o mundo está diante de um horizonte promissor, mas precisa definir estratégias: “Se não formos ao âmago de como a economia se comporta, estaremos aqui na Rio+40”.

Julia Marton-LeFèvre, diretora da União Internacional para a Conservação da Natureza, constatou a necessidade de diálogo entre especialistas e políticos: “Conhecimento sozinho não funciona sem liderança. Precisamos de lideranças visionárias na política que liguem o conhecimento às ações”.

O Ministro do Meio Ambiente e Energia da Costa Rica, René Castro, marcou a sua participação demonstrando que é possível haver essa ligação. O Ministro demonstrou através de gráficos como o governo Costarriquenho conseguiu desenvolver a economia e recuperar o ecossistema do país.

A apresentação de Kate Raworth, pesquisadora sênior da Oxfam GB, Reino Unido, foi baseada na demonstração de análises e gráficos que comprovam o fato de a economia estar aquém dos limites do planeta. A economista demonstrou que, com a teoria “Donuts”, essa parceria economia-meio ambiente é possível. O objetivo da teoria é mostrar que reconhecendo os limites do planeta e respeitando os direitos básicos de qualquer pessoa – acesso à educação, comida, água de qualidade, saúde, entre outros – a igualdade social é possível.

Johan Rockström, diretor executivo do Centro de Resiliência de Estocolmo, Suécia, sintetizou a discussão afirmando que a humanidade precisa de uma nova economia que se reconecte com a biosfera, partindo para a ação. Na mesma linha, Virgilio Viana, Fundador e superintendente geral da Fundação Amazonas Sustentável, finalizou a sessão comentando que também é preciso simplificar a comunicação entre especialistas e políticos para que a mensagem possa sair do campo teórico e ir para o prático.