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07/09/2012 - 09:53

Dia da Amazônia: produção sustentável ainda é desafio

Distribuída entre mais de seis milhões de quilômetros quadrados em nove países sul-americanos, incluindo o Brasil, com pelo menos 40 mil espécies de plantas e 11,5 mil de animais, a Amazônia tem o dia 05 de setembro reservado no calendário mundial.

Na data, governos, empresas e sociedade têm a oportunidade de prestar contas e mais uma vez encontrar soluções ao desafio de criar oportunidades de negócios e modelos de desenvolvimento econômico, a partir dos quais o potencial natural represente um diferencial no mercado, sem perder de vista também a necessidade de aumentar os indicadores sociais e de qualidade de vida.

Em alguns dos nove estados que compõem a Amazônia Legal, como o Pará, o manejo sustentável das florestas e dos recursos naturais representam uma das alternativas para produzir e ao mesmo tempo conservar a biodiversidade, assim como os demais elementos que fazem a região ímpar.

Localização geográfica, tipos de solo e variações de temperaturas são alguns dos fatores peculiares que favorecem a ocorrência de tipos diferenciados de vegetação e espécies animais em determinadas áreas, o que pode ser usado em prol das atividades agrícolas e extrativistas, por exemplo.

Manejo florestal - No primeiro semestre de 2012, o grupo Rondobel, que atua no Oeste do Pará com o manejo de 16 mil hectares de floresta, recebeu a principal certificação do setor florestal: o selo FSC - sigla em inglês de Forest Stewardship Council; Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, em português.

Para obtê-lo, foi necessário muito além de preservar a floresta. O grupo teve que adotar estratégias, como estratégias de educação ambiental entre os colaboradores e comunidades do entorno, para mostrar que a atividade de manejo madeireiro também pode contribuir com avanços sociais para a sociedade.

“Hoje em dia, uma autorização do órgão ambiental não necessariamente atesta a legalidade da produção e a origem do produto para os compradores de outros países. Com o FSC, podemos mostrar de onde o produto está vindo”, ressalta Fernanda Belusso, sócia-proprietária do Grupo Rondobel.

Segundo o doutor em Manejo Florestal da Embrapa, Lucas Mazzei, ainda é difícil reconhecer a procedência de grande parte da madeira disponível no mercado. “Ainda hoje, o grande problema ainda é o desmatamento ilegal para abertura de área e a oferta de madeira ilegal”, afirma Mazzei.

O manejo florestal sustentável representa uma alternativa para aumentar esse controle, por se tratar de uma forma de administrar a produção, desde a identificação das espécies e exemplares que serão aproveitados, evitando a perda das demais, até o acompanhamento dos custos de produção e cumprimento de normas de segurança para o trabalhador.

Para Mazzei, o consumidor no Brasil deve atentar para origem da madeira e exigir as boas práticas de manejo na cadeia de produção. “Nós temos um caminho para as florestas que é bom, mas na prática as pessoas ainda optam pelo manejo mais simples”, afirma.

Pecuária -Na região, o setor agropecuário também tem buscado formas de se reinventar e evitar o desmatamento de novas áreas. Um exemplo é a experiência conhecida como Pecuária Verde, um projeto desenvolvido no Nordeste paraense em seis propriedades.

O projeto busca, por meio da intensificação de pastagens, entre outras atividades, aumentar a produção e evitar novos desmatamentos. Entretanto, além dos benefícios que atividade pode ter com o melhor aproveitamento dos pastos, a questão ambiental ganha em vários aspectos.

Um deles é o chamado enriquecimento de Reserva Legal (RL), uma das propostas do projeto - que é o plantio de espécies frutíferas e madeireiras na área separada pela legislação para manter a biodiversidade. De acordo com o biólogo Ricardo Ribeiro, do Laborátório de Ecologia e Restauração florestal (LERF) da Universidade de São Paulo (USP), as florestas secundárias, por já terem sido exploradas anteriormente, acabam perdendo o seu valor natural.

Para que o produtor rural não encare a área como um entrave financeiro, o plantio de espécies com viabilidade econômica se torna uma das formas de preservar a reserva, diversificar a produção nas propriedades e ainda trazer retorno econômico.

"A vantagem é que como essas florestas já estão muito degradadas, ela vai ficar melhor, porque o produtor vai retirar somente o que foi plantado", explica o pesquisador.

Como a área se torna uma espécie de poupança para o proprietário, o comprometimento dele em mantê-la pode aumentar, explica o doutor em Botânica Wilson Júnior, que é consultor do projeto Pecuária Verde. “Normalmente a reserva fica em segundo plano, mas quando você propõe o enriquecimento florestal, isso gera uma caderneta de poupança de médio a longo prazo. Neste caso, se a floresta pegar fogo, ou alguém caçar ou cortar a madeira, o produtor irá proteger essa área que tem agora um valor econômico para ele”, explica o especialista.

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