IPCC: SAE estuda alternativas para a adaptação à mudança do clima

Brasília (DF) - O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado no dia 30 de março (domingo) em Yokohama, no Japão, traz um alerta sobre as emissões de gases de efeito estufa. Segundo o relatório, as crescentes emissões de carbono poderão resultar na desestabilização do equilíbrio natural, além de ampliar o risco de conflitos, fome, cheias e migrações provocadas por catástrofes naturais.

Ainda de acordo com o relatório “Summary for Policymakers”, as mudanças climáticas causadas pelo homem poderão causar impactos ao ambiente e aos seres humanos em todos os continentes e também por meio dos oceanos. Os impactos já podem ser observados com o excesso ou a escassez de água, o que tem ocasionado reflexos na agricultura, na saúde humana e nos ecossistemas.

O documento, que trata dos impactos, adaptação e vulnerabilidade às mudanças climáticas, indica que os riscos relacionados ao clima poderão ser ampliados, já que o mundo está muito pouco preparado para lidar com essa situação. No entanto, como aponta o relatório que poderá servir como base para decisões políticas contra o aquecimento global, ainda há oportunidades para lidar com os riscos. Na maior parte dos casos, medidas de adaptação, aliadas a ações de redução das emissões do planeta podem fazer com que as consequências sejam menos graves.

Para o subsecretário de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR), Sérgio Margulis, os impactos da mudança do clima vão afetar toda a vida na Terra, e preparar-se para lidar com essa situação é uma questão estratégica. Nesse sentido, a SAE vem promovendo ações com o intuito de discutir cenários e buscar alternativas para adaptação à mudança do clima no Brasil até 2040. Um dos trabalhos, diz respeito a um estudo multissetorial para avaliar os prováveis impactos de diferentes cenários climáticos para o Brasil. A ideia é identificar e discutir estratégias alternativas de adaptação a partir das consequências das mudanças do clima para a saúde humana, a agricultura, a energia e as infraestruturas urbana, costeira e de transportes.

A iniciativa, dividida em etapas, pretende reunir um conjunto de cenários climáticos previstos para o Brasil. O trabalho consiste na identificação e medição dos impactos de cada um dos cenários climáticos sobre os recursos hídricos, uma vez que os setores econômicos e os recursos naturais são quase totalmente impactados não apenas por variações de temperatura, mas igualmente por variações nas disponibilidades de recursos hídricos.

“Em relação a esse trabalho, estamos em uma fase de avaliação dos impactos, incluindo as questões abordadas pelo relatório do IPCC. Em seguida vamos partir para as estratégias de adaptação e medidas concretas. Como por exemplo, pensar nas formas de melhorar o fator de segurança da pavimentação das estradas se elas forem enfrentar períodos de chuva mais intensa, e em como resolver o problema de drenagem urbana para suportar o volume de água das chuvas. Também temos que estar preparados para lidar com os prolongados períodos de seca, maior necessidade de geração de energia elétrica e o comprometimento do abastecimento de água urbana”, ressaltou Sérgio Margulis.

Nos próximos dias 15 e 16 de abril, os vários setores do governo envolvidos na iniciativa Brasil 2040 estarão reunidos para uma nova rodada de reuniões na sede do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP).